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27/01/2002 - 13h49

Pauta social invade Fórum Econômico Mundial

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SÉRGIO DÁVILA
da Folha de S.Paulo, em Nova York

Econômico ou social? O Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês), que acontece pela primeira vez em Nova York nesta semana, começa dividido. De quinta-feira até 4 de fevereiro, cerca de 3 mil líderes mundiais, executivos multinacionais, mais acadêmicos, expoentes religiosos e agentes culturais, se reúnem em torno do Waldorf-Astoria.

Na verdade, os temas que discutirão no luxuoso hotel localizado na avenida Park, no centro de Manhattan, são tão amplos quanto "qual o papel do chefe de empresa no desenvolvimento do país" e "o que os hábitos gastronômicos podem revelar da cultura de um país". Mas, diferentemente de nos outros anos, há presença mais forte do social.

Sinal dos tempos? "Criamos um novo programa para este encontro especialmente destinado a estimular a discussão e a prover soluções que nos ajudem a lidar com a fragilidade dos dias de hoje", disse Klaus Schwab, presidente do WEF. Não por acaso, o tema da versão 2002 é "Liderança em Tempos Frágeis - Uma Visão para um Futuro Comum".

Assim, ganham espaço entre os debates discussões pouco comuns em anos anteriores, como "redução da pobreza mundial e a busca pela igualdade" e "a luta dos países pobres contra a Aids".

A mudança pode ser sentida também na reorganização por que passou o organograma do WEF nos últimos meses. Entre as novidades estão a criação dos conselho de ONGs e de Sindicatos e as iniciativas de Saúde Global e Filantropia Global, todos de caráter mais social.

Neste ano o Brasil envia delegação oficial, da qual participam entre outros o presidente do Banco Central, Armínio Fraga. Além disso, o país é tema de um painel no programa de sexta-feira, no qual se discutirá a possibilidade de a crise argentina atual vir a contagiar a economia do país vizinho.

Não computados entre os 3 mil participantes esperados estão os ativistas, de pelo menos uma dezena de organizações não-governamentais, que pretendem ocupar todos os espaços disponíveis e liberados pela polícia em torno do evento. Não se sabe quantas pessoas devem comparecer aos protestos, mas a prefeitura de Nova York fala em "milhares".

É o primeiro evento passível de protesto organizado sediado pela cidade depois dos ataques terroristas do dia 11 de setembro. Desde então, Nova York vem lidando bem com grandes concentrações humanas, como o Réveillon na Times Square (500 mil pessoas, três incidentes) e a Maratona de Nova York, em novembro (30 mil pessoas, nenhuma prisão).

A tradicional reunião de líderes mundiais tem sua sede histórica em Davos, na Suíça. A mudança deste ano ocorreu, dizem os organizadores, como uma homenagem à cidade que mais sofreu com os ataques do dia 11, que deixaram um saldo de quase 3 mil mortos em Nova York.

"Essa não é toda a verdade", disse Brian Becker, do International A.N.S.W.E.R., uma das principais ONGs ativistas. "Eles mudaram para cá porque acharam que o clima patriótico da cidade iria inibir os protestos." Charles McLean, porta-voz do WEF, responde dizendo que a acusação é uma "bobagem". Seja como for, a briga promete esquentar.

 

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