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13/07/2000 - 03h40

Ex-chefe de Fiscalização no Rio diz que operação de socorro foi atípica

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da Folha de S.Paulo

Em depoimento prestado ontem à Justiça Federal do Rio de Janeiro, o ex-chefe de Fiscalização do Banco Central no Rio Abelardo Duarte Sobrinho disse "nunca ter visto em 21 anos" a diretoria da instituição reverter por voto uma recomendação passada pela inspeção local.

Sobrinho classificou a operação de zeragem do patrimônio do banco Marka, promovida pelo Banco Central, após a recomendação de liquidação extra-judicial feita por sua equipe de analistas, como "atípica".

Ele confirmou também, perante o juiz Abel Gomes, da 6ª Vara Federal do Rio de Janeiro, que partiu de Tereza Grossi e Vânio Aguiar a ordem para que os inspetores regionais do Banco Central calculassem qual seria a taxa de câmbio ideal para zerar o patrimônio do banco de Salvatore Alberto Cacciola.

O banqueiro, sob prisão preventiva desde 7 de junho, está sendo julgado por supostos crimes cometidos durante a operação de socorro do Banco Central ao banco Marka, de sua propriedade, em janeiro do ano passado. A
operação teria dado à União prejuízo de R$ 1,6 bilhão.

Tereza Grossi e Vânio Aguiar ocupavam, na época da desvalorização do real e da operação de socorro aos bancos Marka e FonteCindam, os cargos de chefe interino e chefe adjunto interino do Departamento de Fiscalização do Banco Central, em Brasília.

Segundo Sobrinho, também partiu de Grossi e Aguiar a justificativa para a remessa de recursos do banco Marka gerido pelo fundo Stock-Máxima ao exterior.

"A razão explícita (para a remessa) não conseguimos apurar. Mas a alegação de Brasília era de que os recursos iriam liquidar as posições na bolsa de Chicago e aliviar a imagem do Brasil lá fora".

O envio de recursos do banco Marka ao exterior consta da denúncia do Ministério Público Federal, sob alegação de que tal procedimento piorou a situação de insolvência do banco e serviu também para salvar o patrimônio de Salvatore Cacciola.

Audiência

Repetindo a estratégia adotada na semana passada, o advogado de Salvatore Cacciola, José Carlos Fragoso, tentou novamente ontem, por meio de uma petição, adiar a realização da audiência das testemunhas de acusação no processo que apura o socorro do Banco Central aos bancos Marka e FonteCindam.

Fragoso argumentou que ainda estava correndo o prazo para a defesa conhecer todo o conteúdo dos autos do processo e que o material, levado para análise, teve de ser devolvido à Justiça ontem por conta da audiência. Segundo o advogado de Cacciola, o prazo vence nesta sexta-feira.

O juiz indeferiu o pedido do advogado do banqueiro por estar "convencido de que o requerimento da defesa constitui uma estratégia defensiva que não pode colaborar para o adiamento do ato".

O juiz voltou a nomear a assistente jurídica do tribunal, Tânia Mascarenhas, para atuar como defensora de Cacciola durante a audiência.
Fragoso, ao deixar a sala de audiências, disse que "o juiz está subvertendo a lei", porque, durante o processo, a defesa prévia deve vir antes dos depoimentos de acusação.


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