Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
04/02/2002 - 09h33

PT e socialistas franceses acertam apoio

Publicidade

PLÍNIO FRAGA
da Folha de S.Paulo, em Porto Alegre

O PT e o Partido Socialista francês acertaram a troca de apoios mútuos entre o pré-candidato petista Luiz Inácio Lula da Silva e o primeiro-ministro Lionel Jospin, que disputa a Presidência da França.

O PS convidou e Lula aceitou participar dos eventos finais da campanha de Jospin no primeiro turno, na segunda quinzena de abril. Lula deve ir a Paris para participar provavelmente do comício de encerramento de Jospin.

O acerto foi feito em almoço anteontem em Porto Alegre. O petista manteve uma série de contatos internacionais durante o Fórum Social Mundial, que incluíram italianos, canadenses e até chineses -sejam membros de governos ou de movimentos sociais.

A aproximação entre Lula e Jospin foi feita por François Hollande, primeiro-secretário do Partido Socialista, que participou do FSM. Hollande, 45, é um nome cotado para tornar-se primeiro-ministro, em uma eventual vitória de Lionel Jospin.

O assessor internacional do PT Luis Favre foi um dos principais articuladores do almoço entre Lula e o PS francês, mas negou qualquer vinculação formal com o partido do país do qual tem cidadania. "Essa é uma das muitas mentiras que a imprensa publica sobre mim", disse Favre.

François Hollande afirmou que considera Lula como o único no Brasil que pode garantir um "pacto social" por suas boas relações com os sindicatos. "Só ele pode garantir que a reforma agrária será feita corretamente, sem violência. É o único que pode convencer os empresários a produzir mais e pagar a dívida brasileira", disse.

O acerto com Hollande e Jospin afasta o PT de Jean-Pierre Chevènement, também candidato à Presidência da França e uma das estrelas do FSM. Chevènement tem o apoio da organização não-governamental Attac, presidida por Bernard Cassen, um dos primeiros e principais apoiadores internacionais do fórum.

Os petistas avaliam que o programa de governo do PS é menos protecionista do que o do MDC (Movimento dos Cidadãos) de Chevènement.

Em debate na quarta-feira passada, o presidente do PT, José Dirceu, já havia exposto a Chevènement suas divergências em relação ao tema. O francês havia afirmado ser contra a simples liberalização das trocas agrícolas.

"É aceitar o empobrecimento da nação em benefício de uma elite exportadora globalizada. Na França, só resistiriam as grandes propriedades. Há, no mundo, 1,3 bilhão de camponeses, mas só 500 milhões são mecanizados. Seria a estimulação de centenas de milhares ao êxodo rural."

Nos comentários à fala de Chevènement, o petista José Dirceu criticou essa argumentação. "É um ponto fraco do discurso porque não há como não questionar o protecionismo agrícola francês", observou olhando para o companheiro de mesa.

No ano passado, Lula havia dito que os franceses estavam certos, na ótica deles, ao defender o protecionismo agrícola. Lula hoje declara ter sido mal-interpretado em sua frase.

EUA
Ontem, em entrevista à imprensa brasileira e estrangeira, Lula comentou sobre como pretende enfrentar eventuais pressões dos Estados Unidos, se eleito. "Estaremos muito mais preocupados em ouvir o povo brasileiro e em nome dele realizar as políticas públicas que têm de ser feitas do que com possíveis adversários externos que vão fazer pressão", afirmou.

Lula defendeu acordos internacionais, sem distinção. "Nós queremos os americanos, os alemães, os japoneses, os chineses como parceiros. Não queremos ninguém como chefe, dando ordem sobre o que deveremos fazer", afirmou o presidenciável.

O petista disse ainda que o Brasil é a "menina dos olhos" do projeto da Alca (Área de Livre Comércio das América) dos EUA. Lula deixaria Porto Alegre, onde participou do FSM, ontem à noite.

Leia mais:fóruns de Porto Alegre e NY
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade