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05/02/2002 - 07h48

ONU busca construir ponte entre fóruns

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SYLVIA COLOMBO
da Folha de S.Paulo, em Porto Alegre

O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, buscou ontem, com uma carta e um pronunciamento, estabelecer uma ponte entre o Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, e o Fórum Econômico Mundial, em Nova York.

No Brasil, o secretário-executivo da Cepal (comissão econômica da ONU para a América Latina), José Antônio Ocampo, leu carta em que as Nações Unidas se solidarizam com os objetivos do Fórum Social Mundial, mas pedem que os grupos da sociedade civil na capital gaúcha demonstrem que "estão prontos a trabalhar em parceria para a mudança".

Enquanto Ocampo leu o pedido de aproximação feito por Annan, o próprio secretário-geral fez, no encerramento do encontro econômico em Nova York, discurso em que orientou empresários e líderes políticos presentes a "encabeçar o combate contra a pobreza no Terceiro Mundo".

Annan disse às cerca de 3.000 pessoas presentes que elas "são imensamente privilegiadas, tanto em seu nível de vida quanto na influência que dispõem".

Em seguida, o secretário-geral da ONU pediu aos líderes para que pensassem "em formas como suas empresas pudessem mobilizar a ciência global e a tecnologia para reduzir a fome, as doenças e os conflitos que atingem o mundo em desenvolvimento".

Em Porto Alegre, em sua carta, Annan declarou confiar que o compromisso do FSM "obtenha tanta repercussão quanto seja possível".

O documento reconhece os efeitos nocivos da globalização neoliberal: "Nosso planeta parece, para um número cada vez maior de pessoas, com um barquinho arrastado por um temporal enfurecido, através de águas desconhecidas, com cada vez mais pessoas aglomerando-se a bordo, tentando desesperadamente sobreviver".

O tom do texto é conciliador e pede ao Fórum Social uma ação participativa e não-violenta -pede aos seus grupos que colaborem, "ao invés de permanecerem afastados e indiferentes, através de políticas de confrontação". E acrescenta: "Vocês terão que trabalhar com governos e iniciativa privada".

A carta ainda ressalta que "se há um lema que as Nações Unidas devem seguir no século 21, este é colocar as pessoas no centro de tudo o que fazemos". O texto aponta para a importância da Conferência Internacional sobre Financiamento para o Desenvolvimento, em Monterrey, no próximo mês.

"Isto nos oferece a melhor oportunidade que já tivemos em muitos anos para liberar os recursos financeiros que são tão desesperadamente necessários."

Críticas à ONU
A ONU foi bastante criticada no domingo durante o ciclo de conferências "Por um Mundo sem Guerras", que teve a participação dos ganhadores do Prêmio Nobel da Paz Rigoberta Menchú (1992), Adolfo Pérez Esquivel (1980) e Médicos sem Fronteiras (1999).

Questionado sobre as críticas à falta de ação da ONU na resolução de conflitos internacionais, feitas no manifesto "Por um Mundo sem Guerras", Ocampo se limitou a responder que qualquer questionamento deve ser encaminhado não apenas às secretarias da ONU, mas também aos governos.

Ainda no domingo, o governador do Rio Grande do Sul, Olívio Dutra (PT), leu o manifesto "Por um Mundo sem Guerras", em que denunciou a criação de "um novo clima de Guerra Fria", com excessivo poder aos EUA.


Leia mais:fóruns de Porto Alegre e NY
 

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