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14/02/2002 - 15h40

Leia íntegra do discurso de recepção de FHC ao premiê alemão

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da Folha Online

Leia abaixo íntegra do discurso de recepção do presidente Fernando Henrique Cardoso ao premiê alemão, Gerard Schröder:

"Eu queria, em primeiro lugar, expressar, uma vez mais, a grande alegria que o Brasil sente ao receber o chanceler Schröder. Não é a primeira vez que ele vem ao Brasil. Mas é a primeira vez que ele pôde visitar São Paulo, porque já conhecia o Rio, e estar aqui, em Brasília.

Primeiro, portanto, minhas palavras são de alegria, pela amizade que temos mantido nesses anos, pela maneira extremamente simpática pela qual fui recebido na Alemanha. Fui à Alemanha quatro vezes, depois que assumi o governo aqui, no Brasil, mostrando, com isso, o quanto temos interesse nas nossas relações com esse país.

Essas relações, nos últimos anos, só fizeram melhorar. Hoje, temos -eu diria, ousaria dizer, diante do chanceler Schröder- um entendimento perfeito. Nossa conversa, há poucos instantes, aí em cima, ocorreu muito mais sobre terceiros países do que sobre os nossos países, porque conhecemos a situação. Cada um conhece bem a do seu respectivo país e a do outro também. Não temos qualquer ponto de não-entendimento. Pelo contrário, temos unidades de vista.

Queria salientar também a nossa alegria pelos avanços ocorridos nesses anos -eles estão expressos no comunicado conjunto -no que diz respeito ao nosso intercâmbio tecnológico. O intercâmbio foi muito forte, avançou bastante e, pelas palavras do chanceler Schröder e, agora, pelas minhas, continuará avançando.

Estamos preparando um projeto e vamos lançar um satélite brasileiro, com equipamento alemão, para fotografias, o que é uma coisa importante. Temos tido uma extensa colaboração entre as nossas universidades e no desenvolvimento tecnológico em geral.

Quero salientar também que, embora o investimento alemão não tenha avançado proporcionalmente tanto quanto de outros países, ele se manteve ativo nas áreas tradicionalmente ligadas à Alemanha. O chanceler Schröder pôde visitar, ontem, em São Paulo, a Volkswagen, assim como visitou uma fábrica da Voigt-Siemens, e viu o trabalho dos brasileiros e o efeito desse trabalho conjunto com a tecnologia e os capitais alemães.

Tenho certeza de que esses investimentos vão continuar e se espalhar. Quero lhes dizer, ainda, que temos pontos de vista muito próximos no que diz respeito à quebra de barreiras que impedem a ampliação do comércio entre o Mercosul e a União Européia. Temos encontrado, da parte da Alemanha, um forte apoio à política, que é a nossa, de redução dessas barreiras.

Tenho certeza de que, agora, em maio, quando haverá uma reunião dos presidentes da União Européia com os presidentes do Mercosul, teremos uma oportunidade para avançar mais e bem concretamente na redução de barreiras que impeçam um trânsito mais fácil entre as nossas mercadorias. Mas, sobretudo, é no plano da política internacional onde os nossos pontos de vista são extremamente coincidentes.

Coincidentes na busca da paz, coincidentes na luta contra o terrorismo, no empenho que temos de não transformar o terrorismo em uma espécie de onipresença. Temos que combatê-lo eficazmente, mas também não queremos transformar o terrorismo em uma cobertura que impeça que se vejam com mais clareza as diferenças que existem entre os países, mesmo entre países que não pensam como nós.

Por fim, quero dizer que tanto o Brasil quanto a Alemanha têm trabalhado juntos nos fóruns econômicos internacionais, no G-20. Somos gratos ao apoio que o Fundo Monetário Internacional tem expressado ao Brasil. Hoje, o fundo é dirigido por um alemão, Horst Koehler, que teve o nosso apoio.

Ainda ontem, o comunicado que o fundo monetário produziu sobre a economia brasileira, não apenas fez referência elogiosas ao esforço feito pelo Brasil, como apoiou as nossas políticas. Além disso, pela primeira vez, creio, o fundo monetário, expressamente, se manifesta contra a existência de barreiras comerciais que impedem um acesso maior da nossa produção.

Isso se deve, em parte, à visão nova introduzida pelo senhor Koehler no fundo monetário. Quero também dizer que Brasil e Alemanha têm visões semelhantes quanto à necessidade da mudança da estrutura das Nações Unidas, no Conselho de Segurança.

O Brasil, há tempo, apóia fortemente a entrada da Alemanha para o Conselho de Segurança numa cadeira permanente. E o comunicado conjunto mostra que esse apoio é recíproco. Sendo assim, só tenho que, mais uma vez, agradecer ao chanceler a sua presença aqui e pedir-lhe que transmita ao povo alemão toda a expressão do nosso carinho e da nossa amizade.

Muito obrigado."
 

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