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16/02/2002 - 02h30

Justiça decreta a prisão de Jader Barbalho

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JOSIAS DE SOUZA
da Folha de S.Paulo, em Brasília

A Justiça Federal de Tocantins decretou ontem a prisão temporária de um grupo de pessoas envolvidas no escândalo da extinta Sudam. A decisão era mantida sob rigoroso sigilo. Mas a Folha apurou que o nome do ex-senador Jader Barbalho (PMDB-PA) consta da lista repassada à Polícia Federal, a quem coube a tarefa de efetuar as prisões.

Outro cuja prisão foi decretada é José Arthur Guedes Tourinho, que presidiu a Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia) por indicação de Jader. Espera-se que sejam detidos nas próximas horas.

A Polícia Federal montou às pressas uma megaoperação para cumprir a ordem da Justiça. Sob a coordenação de Brasília, os agentes tentavam localizar, desde ontem à noite, pessoas em quatro Estados: Pará, Tocantins, Maranhão e Mato Grosso.

É a segunda vez que a Justiça expede mandados de prisão relacionados ao caso Sudam. A primeira leva de detenções ocorreu em abril de 2001. O Ministério Público solicitou que fossem levadas à cela 48 pessoas. Mas a Justiça só autorizou a prisão de 27, entre funcionários da autarquia, já extinta, e contadores de empresas fraudadoras. Nenhum deles continua preso.

Fim da imunidade
A decretação da prisão de Jader foi facilitada por sua condição de ex-senador. Se continuasse no exercício do mandato, o ex-presidente do PMDB não poderia ser alcançado por um juiz de primeira instância. O pedido precisaria passar pelo crivo do STF (Supremo Tribunal Federal) e por uma licença do Senado.

A operação mobiliza um grupo de integrantes do Ministério Público. Os três principais procuradores envolvidos nas apurações são Mário Lúcio, de Tocantins, Pedro Taques, de Mato Grosso, e Ubiratan Cazetta, de Belém. Agem sob a coordenação de José Roberto Santoro, subprocurador da República lotado em Brasília.

Trabalha-se com a hipótese de que os personagens eventualmente detidos entrem com recursos em Brasília. Sobretudo Jader. A instância é o Tribunal Regional Federal. De antemão, elaboram-se estratégias para tentar impedir que prosperem.

As investigações avançaram mais fortemente em Tocantins. Obtiveram-se naquele Estado os primeiros depoimentos de empresários mencionando Jader. O nome do ex-senador surgiu também em fitas cassetes obtidas por meio de grampo telefônico autorizado pela Justiça.

Em Mato Grosso, levantaram-se documentos vinculando Jader ao empresário José Osmar Borges, detido na primeira leva de prisões. Descobriu-se que o ex-senador manteve com o megafraudador uma sociedade em uma fazenda no Pará.

Quebrado o sigilo telefônico de Osmar Borges, soube-se também que ele trocou mais de 300 telefonemas com Jader. Discou para a casa do peemedebista e até para gabinetes que ele ocupou quando era senador.

O plano da Polícia Federal previa a execução dos mandados de prisão até o início da tarde deste sábado. A decisão judicial chega num momento em que Jader tenta retomar a rotina política. Está em plena campanha para voltar ao Senado. Pesquisas de intenção de voto realizadas no Pará o colocam em primeiro lugar tanto para o mandato de senador quanto para o governo estadual.


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