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08/03/2002
-
07h58
FERNANDO RODRIGUES
da Folha de S.Paulo, em Brasília
LIEGE ALBUQUERQUE
enviada especial a Brasília
A governadora do Maranhão, Roseana Sarney, pediu 15 dias à cúpula do PFL para preparar sua defesa das acusações contra ela e seu marido, Jorge Murad.
A governadora teve o apoio do partido. Ela se comprometeu a esclarecer todo o caso nas próximas duas semanas e reverter a história a seu favor. No último dia 1º, a Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão na empresa Lunus, de Roseana e Murad.
Depois da reunião da Executiva do PFL, que formalizou o rompimento com o governo federal, Roseana deu a primeira entrevista coletiva se declarando como candidata do partido à Presidência.
A governadora afirmou que vai se desincompatibilizar do cargo no dia 5 de abril.
Com dedo em riste e expressão séria, a governadora afirmou que vai "exigir" que as investigações continuem. "Quero que tudo seja apurado. Estou à disposição de qualquer órgão da Justiça, inclusive meus bens e meu Imposto de Renda", afirmou.
A governadora disse que não deu ao partido um ultimato sobre sua candidatura. "Não foi imposição minha, deixei duas opções: se o partido achasse que minha candidatura ajudava, eu estaria disposta a enfrentar. Se quisessem apoiar outro candidato, eu também estaria disposta a retirar minha candidatura. Eu precisava que o partido marchasse unido."
Roseana se recusou a falar sobre o cerca de R$ 1,3 milhão encontrado na Lunus. "Quem vai explicar isso é a empresa ao órgão competente. Mas com certeza não é crime ter dinheiro em caixa, nem é proibido", disse.
No final da reunião da Executiva, Roseana fez um rápido discurso para os prefeitos e governadores pefelistas. Disse que não restava outro caminho ao partido senão o rompimento. "Fui vítima de uma violência inominável, de uma arbitrariedade inaceitável que, sob qualquer pretexto ou montada formalidade, só tinha um objetivo: destruir a candidatura do PFL. O que está em jogo não é uma questão partidária, mas a lisura do processo sucessório", disse a pré-candidata
No discurso, Roseana insistiu na tese de que sua candidatura traduz "a abertura de um espaço à presença da mulher nas decisões nacionais, na defesa dos direitos individuais, no respeito à privacidade das pessoas". Durante a entrevista, repetiu que acha que as ações na Lunus foram uma prova de "preconceito contra a mulher".
Roseana disse aos correligionários que nela "podem confiar". "Sou uma mulher séria, atuante, uma mulher de luta. Nada tenho a esconder. E não tenho medo de nada. Não me intimido, trocando o medo pela covardia da tranquilidade e do conforto", disse. "Já lutei contra a morte e não seria agora que iria conhecer o medo."
Depois da reunião da Executiva, Roseana ligou para o marido, Jorge Murad, no Maranhão. Almoçou em casa com o clã Sarney -o pai, o senador José Sarney (PMDB-AP), a mãe, Marly, e o irmão, o ex-ministro do Meio Ambiente José Sarney Filho.
Na saída do almoço, Sarney foi questionado se a filha teria lhe pedido para desistir do discurso em sua defesa na próxima semana, como ela havia afirmado. "Ela não me pediu nada disso e não será cancelado. Além do mais, meu discurso não é pela Roseana, é pelo Brasil", disse Sarney.
Depois da saída do pai e da mãe, Roseana recebeu o presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG). Ficou reunida boa parte da tarde com o prefeito do Rio, Cesar Maia, e seu filho, o deputado Rodrigo Maia, além do ministro demissionário Roberto Brant (Previdência). O assunto, segundo Brant, foi estratégia de campanha. "Agora a tarefa do partido é só a campanha. Depois da tempestade vem a calmaria, mesmo que só restem destroços", disse.
Roseana pede prazo ao PFL para esclarecer caso Lunus
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da Folha de S.Paulo, em Brasília
LIEGE ALBUQUERQUE
enviada especial a Brasília
A governadora do Maranhão, Roseana Sarney, pediu 15 dias à cúpula do PFL para preparar sua defesa das acusações contra ela e seu marido, Jorge Murad.
A governadora teve o apoio do partido. Ela se comprometeu a esclarecer todo o caso nas próximas duas semanas e reverter a história a seu favor. No último dia 1º, a Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão na empresa Lunus, de Roseana e Murad.
Depois da reunião da Executiva do PFL, que formalizou o rompimento com o governo federal, Roseana deu a primeira entrevista coletiva se declarando como candidata do partido à Presidência.
A governadora afirmou que vai se desincompatibilizar do cargo no dia 5 de abril.
Com dedo em riste e expressão séria, a governadora afirmou que vai "exigir" que as investigações continuem. "Quero que tudo seja apurado. Estou à disposição de qualquer órgão da Justiça, inclusive meus bens e meu Imposto de Renda", afirmou.
A governadora disse que não deu ao partido um ultimato sobre sua candidatura. "Não foi imposição minha, deixei duas opções: se o partido achasse que minha candidatura ajudava, eu estaria disposta a enfrentar. Se quisessem apoiar outro candidato, eu também estaria disposta a retirar minha candidatura. Eu precisava que o partido marchasse unido."
Roseana se recusou a falar sobre o cerca de R$ 1,3 milhão encontrado na Lunus. "Quem vai explicar isso é a empresa ao órgão competente. Mas com certeza não é crime ter dinheiro em caixa, nem é proibido", disse.
No final da reunião da Executiva, Roseana fez um rápido discurso para os prefeitos e governadores pefelistas. Disse que não restava outro caminho ao partido senão o rompimento. "Fui vítima de uma violência inominável, de uma arbitrariedade inaceitável que, sob qualquer pretexto ou montada formalidade, só tinha um objetivo: destruir a candidatura do PFL. O que está em jogo não é uma questão partidária, mas a lisura do processo sucessório", disse a pré-candidata
No discurso, Roseana insistiu na tese de que sua candidatura traduz "a abertura de um espaço à presença da mulher nas decisões nacionais, na defesa dos direitos individuais, no respeito à privacidade das pessoas". Durante a entrevista, repetiu que acha que as ações na Lunus foram uma prova de "preconceito contra a mulher".
Roseana disse aos correligionários que nela "podem confiar". "Sou uma mulher séria, atuante, uma mulher de luta. Nada tenho a esconder. E não tenho medo de nada. Não me intimido, trocando o medo pela covardia da tranquilidade e do conforto", disse. "Já lutei contra a morte e não seria agora que iria conhecer o medo."
Depois da reunião da Executiva, Roseana ligou para o marido, Jorge Murad, no Maranhão. Almoçou em casa com o clã Sarney -o pai, o senador José Sarney (PMDB-AP), a mãe, Marly, e o irmão, o ex-ministro do Meio Ambiente José Sarney Filho.
Na saída do almoço, Sarney foi questionado se a filha teria lhe pedido para desistir do discurso em sua defesa na próxima semana, como ela havia afirmado. "Ela não me pediu nada disso e não será cancelado. Além do mais, meu discurso não é pela Roseana, é pelo Brasil", disse Sarney.
Depois da saída do pai e da mãe, Roseana recebeu o presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG). Ficou reunida boa parte da tarde com o prefeito do Rio, Cesar Maia, e seu filho, o deputado Rodrigo Maia, além do ministro demissionário Roberto Brant (Previdência). O assunto, segundo Brant, foi estratégia de campanha. "Agora a tarefa do partido é só a campanha. Depois da tempestade vem a calmaria, mesmo que só restem destroços", disse.
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