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14/03/2002
-
07h28
DANIELA FERNANDES
free-lance para a Folha, em Paris
Comparando a operação da Polícia Federal no escritório da Lunus com o caso Watergate e com o Zimbábue, o senador José Sarney (PMDB) afirmou ontem em Paris que houve uso da máquina estatal com o objetivo de acabar com a candidatura presidencial de sua filha, a governadora Roseana Sarney (PFL-MA).
Para ele, houve "um jogo sujo de utilização de métodos de espionagem".
"As eleições precisam ser limpas, sem manipulações com o objetivo de afastar candidatos", afirmou o peemedebista.
O senador e ex-presidente chegou ontem pela manhã a Paris para o lançamento de seu livro "Saraminda", que ocorrerá amanhã na Maison de l'Amérique Latine.
Dizendo-se cansado pela viagem, Sarney permaneceu no hotel durante a tarde e participou à noite de um evento organizado pelo escritor Jean-Christophe Rufin, autor de "Rouge Brésil", que ganhou o prêmio Goncourt no final do ano passado.
Hoje à noite Sarney participará a um jantar oferecido pela Academia Francesa de Letras no Palais Nazarin. Longe (pelo menos fisicamente) da agitação no cenário eleitoral brasileiro e do anúncio da queda de Roseana nas pesquisas, o senador conversou com a Folha sobre as denúncias envolvendo sua filha.
Em Paris, Sarney não quis comentar a renúncia de seu genro, Jorge Murad, do cargo de gerente de Planejamento do Maranhão, nem a versão que este apresentou para o R$ 1,34 milhão encontrado na empresa Lunus, de sociedade de Murad e de Roseana Sarney.
Leia a seguir os principais trechos da entrevista concedida à Folha pelo senador, em Paris:
Folha - Em que medida o discurso do sr. no Senado abordará a suposta operação do PSDB para acabar com a candidatura de Roseana?
José Sarney - Não se trata de suposta operação. Ela é certa. A manipulação para acabar com a candidatura de Roseana não é uma hipótese.
Folha - O que o sr. critica?
Sarney - Esse método para afastar uma candidatura, que viola a democracia. Houve um jogo sujo de utilização de métodos de espionagem. O aparato estatal não pode ser utilizado dessa forma durante uma campanha presidencial. É o método da "arapongagem", algo que denigre de forma considerável o processo democrático no Brasil. Comparo o ocorrido ao caso Watergate [escândalo que levou à renúncia do presidente norte-americano Richard Nixon, em 1974", o método utilizado é o mesmo. É também exatamente o mesmo que aconteceu no Zimbábue recentemente.
Folha - Mas denunciar supostas irregularidades também não faz parte do processo democrático?
Sarney - O problema é a maneira como tudo foi feito, totalmente arbitrária. A governadora tinha imunidade parlamentar e a Polícia Federal não poderia ter feito o que fez, ou seja, violar seu correio, seu escritório. Isso é espionagem.
Folha - Que posição o sr. irá adotar em relação a isso?
Sarney - Esse assunto precisa ser levado até o fim. As eleições precisam ser limpas, sem manipulações com o objetivo de afastar candidatos.
Folha - Isso significa que o sr. fará esse tipo de discurso no Congresso?
Sarney - Ainda farei muitos discursos no Congresso. As eleições devem ser limpas e o respeito à democracia é necessário.
Folha - Como o sr. avalia a queda de Roseana nas pesquisas de intenção de voto?
Sarney - Não estou sabendo disso ainda e prefiro não falar sobre o assunto.
Leia mais:
"Manobra política" afetou Roseana, diz Bornhausen
Leia mais no especial Eleições 2002
Sarney compara operação da PF ao caso Watergate
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free-lance para a Folha, em Paris
Comparando a operação da Polícia Federal no escritório da Lunus com o caso Watergate e com o Zimbábue, o senador José Sarney (PMDB) afirmou ontem em Paris que houve uso da máquina estatal com o objetivo de acabar com a candidatura presidencial de sua filha, a governadora Roseana Sarney (PFL-MA).
Para ele, houve "um jogo sujo de utilização de métodos de espionagem".
"As eleições precisam ser limpas, sem manipulações com o objetivo de afastar candidatos", afirmou o peemedebista.
O senador e ex-presidente chegou ontem pela manhã a Paris para o lançamento de seu livro "Saraminda", que ocorrerá amanhã na Maison de l'Amérique Latine.
Dizendo-se cansado pela viagem, Sarney permaneceu no hotel durante a tarde e participou à noite de um evento organizado pelo escritor Jean-Christophe Rufin, autor de "Rouge Brésil", que ganhou o prêmio Goncourt no final do ano passado.
Hoje à noite Sarney participará a um jantar oferecido pela Academia Francesa de Letras no Palais Nazarin. Longe (pelo menos fisicamente) da agitação no cenário eleitoral brasileiro e do anúncio da queda de Roseana nas pesquisas, o senador conversou com a Folha sobre as denúncias envolvendo sua filha.
Em Paris, Sarney não quis comentar a renúncia de seu genro, Jorge Murad, do cargo de gerente de Planejamento do Maranhão, nem a versão que este apresentou para o R$ 1,34 milhão encontrado na empresa Lunus, de sociedade de Murad e de Roseana Sarney.
Leia a seguir os principais trechos da entrevista concedida à Folha pelo senador, em Paris:
Folha - Em que medida o discurso do sr. no Senado abordará a suposta operação do PSDB para acabar com a candidatura de Roseana?
José Sarney - Não se trata de suposta operação. Ela é certa. A manipulação para acabar com a candidatura de Roseana não é uma hipótese.
Folha - O que o sr. critica?
Sarney - Esse método para afastar uma candidatura, que viola a democracia. Houve um jogo sujo de utilização de métodos de espionagem. O aparato estatal não pode ser utilizado dessa forma durante uma campanha presidencial. É o método da "arapongagem", algo que denigre de forma considerável o processo democrático no Brasil. Comparo o ocorrido ao caso Watergate [escândalo que levou à renúncia do presidente norte-americano Richard Nixon, em 1974", o método utilizado é o mesmo. É também exatamente o mesmo que aconteceu no Zimbábue recentemente.
Folha - Mas denunciar supostas irregularidades também não faz parte do processo democrático?
Sarney - O problema é a maneira como tudo foi feito, totalmente arbitrária. A governadora tinha imunidade parlamentar e a Polícia Federal não poderia ter feito o que fez, ou seja, violar seu correio, seu escritório. Isso é espionagem.
Folha - Que posição o sr. irá adotar em relação a isso?
Sarney - Esse assunto precisa ser levado até o fim. As eleições precisam ser limpas, sem manipulações com o objetivo de afastar candidatos.
Folha - Isso significa que o sr. fará esse tipo de discurso no Congresso?
Sarney - Ainda farei muitos discursos no Congresso. As eleições devem ser limpas e o respeito à democracia é necessário.
Folha - Como o sr. avalia a queda de Roseana nas pesquisas de intenção de voto?
Sarney - Não estou sabendo disso ainda e prefiro não falar sobre o assunto.
Leia mais:
Leia mais no especial Eleições 2002
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