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15/03/2002
-
07h00
RAQUEL ULHÔA
LUIZA DAMÉ
da Folha de S.Paulo, em Brasília
O PFL avançou ontem na ofensiva para tentar minar a pré-candidatura do senador José Serra (PSDB-SP) à Presidência: levantou suspeição sobre a contratação de serviços de contra-espionagem pelo Ministério da Saúde, ameaçou apoiar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do grampo e pediu a cassação do secretário-geral do PSDB, o deputado federal Márcio Fortes (RJ).
Um dos pefelistas mais incisivos, o líder do partido na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), apóia a criação de uma CPI Mista para investigar denúncias de escutas telefônicas clandestinas nos últimos anos. A iniciativa partiu do PT.
Na Câmara, o PFL também formalizou na Mesa Diretora uma representação contra Fortes, um dos principais articuladores da candidatura de Serra. O PFL quer a investigação das suspeitas de envolvimento dele em espionagem da governadora Roseana Sarney (MA), pré-candidata do partido.
Ontem, o governador do Rio, Anthony Garotinho (PSB), disse que, se fosse chamado para depor numa eventual CPI, diria "exatamente" o que tem dito à imprensa: "Fui procurado por uma pessoa que se disse enviada pelo Márcio Fortes". Garotinho se negou a revelar o nome dessa pessoa, que teria lhe oferecido um dossiê contra a governadora pefelista: "Não é o caso de divulgar o nome dessa pessoa. Agora é hora de investigar as acusações contra a Roseana".
Mas o assunto que mais provocou reações dos pefelistas o dia todo foi a publicação de reportagem na Folha ontem sobre a contratação da empresa Fence Consultoria Empresarial Ltda. pelo Ministério da Saúde para detectar a existência de grampo telefônico.
Para o presidente do PFL, Jorge Bornhausen (SC), o fato é "da maior gravidade" e cobrou explicações do governo. "O dinheiro é público e foi gasto com objetivos duvidosos e desnecessários."
Na reunião da Executiva Nacional do partido, a cúpula pefelista cogitou a convocação do ministro Barjas Negri para explicar o contrato no Senado, o que poderá ser feito na próxima semana.
O líder do PFL no Senado, José Agripino (RN), levantou suspeitas de que o contrato com a Fence -firmado na gestão do então ministro Serra- poderia envolver outros serviços, além da varredura nos telefones do ministério.
"Ao PFL causa profunda estranheza o contrato, principalmente pelos valores revelados. Será que uma varredura custa tudo isto?", perguntou o líder.
Segundo ele, o PFL "está investigando" o contrato e o eventual envolvimento de setores do governo em atividades de espionagem com finalidade eleitoral. Em tom cauteloso, não hipotecou apoio à CPI nem à convocação de Negri por enquanto.
"O país não pode ficar à mercê da arapongagem, da bisbilhotice", disse o líder do PT na Câmara, João Paulo Cunha (SP). Para o senador petista José Eduardo Dutra (SE), a iniciativa "poderá assustar o PSDB e inibir ações futuras relacionadas à espionagem".
Inocêncio disse que deverá se aliar à oposição na tentativa de suspender a decisão do TSE de vincular as coligações partidárias dos Estados às alianças para a eleição presidencial. Ele prometeu assinar o projeto de decreto legislativo que anularia a decisão.
O PFL entrou com uma ação indireta de inconstitucionalidade no STF contra a medida do TSE.
PFL ameaça Serra com CPI do grampo e cassação de Fortes
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LUIZA DAMÉ
da Folha de S.Paulo, em Brasília
O PFL avançou ontem na ofensiva para tentar minar a pré-candidatura do senador José Serra (PSDB-SP) à Presidência: levantou suspeição sobre a contratação de serviços de contra-espionagem pelo Ministério da Saúde, ameaçou apoiar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do grampo e pediu a cassação do secretário-geral do PSDB, o deputado federal Márcio Fortes (RJ).
Um dos pefelistas mais incisivos, o líder do partido na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), apóia a criação de uma CPI Mista para investigar denúncias de escutas telefônicas clandestinas nos últimos anos. A iniciativa partiu do PT.
Na Câmara, o PFL também formalizou na Mesa Diretora uma representação contra Fortes, um dos principais articuladores da candidatura de Serra. O PFL quer a investigação das suspeitas de envolvimento dele em espionagem da governadora Roseana Sarney (MA), pré-candidata do partido.
Ontem, o governador do Rio, Anthony Garotinho (PSB), disse que, se fosse chamado para depor numa eventual CPI, diria "exatamente" o que tem dito à imprensa: "Fui procurado por uma pessoa que se disse enviada pelo Márcio Fortes". Garotinho se negou a revelar o nome dessa pessoa, que teria lhe oferecido um dossiê contra a governadora pefelista: "Não é o caso de divulgar o nome dessa pessoa. Agora é hora de investigar as acusações contra a Roseana".
Mas o assunto que mais provocou reações dos pefelistas o dia todo foi a publicação de reportagem na Folha ontem sobre a contratação da empresa Fence Consultoria Empresarial Ltda. pelo Ministério da Saúde para detectar a existência de grampo telefônico.
Para o presidente do PFL, Jorge Bornhausen (SC), o fato é "da maior gravidade" e cobrou explicações do governo. "O dinheiro é público e foi gasto com objetivos duvidosos e desnecessários."
Na reunião da Executiva Nacional do partido, a cúpula pefelista cogitou a convocação do ministro Barjas Negri para explicar o contrato no Senado, o que poderá ser feito na próxima semana.
O líder do PFL no Senado, José Agripino (RN), levantou suspeitas de que o contrato com a Fence -firmado na gestão do então ministro Serra- poderia envolver outros serviços, além da varredura nos telefones do ministério.
"Ao PFL causa profunda estranheza o contrato, principalmente pelos valores revelados. Será que uma varredura custa tudo isto?", perguntou o líder.
Segundo ele, o PFL "está investigando" o contrato e o eventual envolvimento de setores do governo em atividades de espionagem com finalidade eleitoral. Em tom cauteloso, não hipotecou apoio à CPI nem à convocação de Negri por enquanto.
"O país não pode ficar à mercê da arapongagem, da bisbilhotice", disse o líder do PT na Câmara, João Paulo Cunha (SP). Para o senador petista José Eduardo Dutra (SE), a iniciativa "poderá assustar o PSDB e inibir ações futuras relacionadas à espionagem".
Inocêncio disse que deverá se aliar à oposição na tentativa de suspender a decisão do TSE de vincular as coligações partidárias dos Estados às alianças para a eleição presidencial. Ele prometeu assinar o projeto de decreto legislativo que anularia a decisão.
O PFL entrou com uma ação indireta de inconstitucionalidade no STF contra a medida do TSE.
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