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Indefinição de novo diretor-geral acirra a disputa no comando da Polícia Federal
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ANDRÉA MICHAEL
da Folha de S.Paulo, em Brasília
A interinidade do diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda, foi o terreno fértil no qual brotaram as disputas internas pela sucessão e pelo controle operacional das investidas policiais que nos últimos meses assombraram o Executivo, o Legislativo, o Judiciário e até a família de Lula.
Em meados do ano passado, quando anunciou sua disposição de deixar o cargo em janeiro, o então ministro Márcio Thomaz Bastos abriu espaço para que se travasse a disputa pelos postos de comando.
Alinharam-se pelo menos cinco sucessores possíveis, dos quais os três primeiros eram o então diretor-executivo da PF, Zulmar Pimentel, o diretor de Inteligência Policial, Renato Porciúncula, e o secretário nacional de Segurança Pública, Luiz Fernando Corrêa.
Investigação conduzida pela Inteligência, a Operação Navalha levou ao afastamento de Zulmar da função de direção e até do cargo de delegado, por determinação do Superior Tribunal de Justiça, sob a acusação de que teria vazado informações sigilosas ao colega João Batista Santana, em março de 2006, quando ele era superintendente da PF no Ceará e estava sob investigação.
Zulmar nega. Ele diz, e Lacerda confirma, que foi ao encontro de Santana por ordem do diretor-geral para exonerar o colega do cargo.
À sombra do sucesso público, acirrou-se a crise interna. No dia em que foi afastado, diante de superintendentes e diretores da PF convocados para uma reunião extraordinária, Zulmar questionou os procedimentos da Inteligência. Disse que, como as coisas seguiam, as investigações poderiam ser usadas em benefício pessoais.
É que, nos últimos anos, as operações, antes controladas pela Diretoria Executiva, passaram a ser desenvolvidas também pela Diretoria de Inteligência e de Combate ao Crime Organizado.
A crítica de Zulmar era um recado para Porciúncula. Restou ao diretor de Inteligência defender sua equipe e dizer que a PF investiga fatos, independentemente das pessoas que deles participem.
Lacerda, que conhece Zulmar há 30 anos, saiu em defesa do ex-diretor-executivo. A interlocutores, confessou que esse afastamento melindrou sua relação com Porciúncula.
Zulmar, com o apoio do diretor-geral, pretende voltar. Já Porciúncula segue na expectativa da sucessão.
Aliados de Porciúncula e do secretário nacional de Segurança Pública acham que Lacerda tem de sair de uma vez. Outros segmentos defendem a permanência do diretor-geral, mas com um anúncio efetivo do ministro Tarso Genro.
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