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19/03/2002
-
13h49
THOMAS PAPPON
da BBC, em Londres
A Igreja Universal do Reino de Deus está sendo investigada pela Charity Commission, um órgão ligado ao Ministério da Justiça do Reino Unido e que regulamenta as entidades beneficentes na Inglaterra e no País de Gales. Uma porta-voz da Charity Commission disse à "BBC Brasil" que a razão da investigação é a "distribuição de fundos para fora do país".
Segundo os dados fornecidos pela Universal à Charity Commission, a maior parte do dinheiro arrecadado pela igreja no Reino Unido é enviado para igrejas-irmãs de outros países.
Em 2001, por exemplo, a igreja recebeu 3,2 milhões de libras (cerca de R$ 10,5 milhões) em doações feitas pelos fiéis britânicos. Deste total, 2,5 milhões de libras (R$ 8,3 milhões) foram enviadas ao exterior.
A igreja afirma que o dinheiro enviado ao exterior é usado em projetos de cunho social. "Todas as nossas contas estão abertas ao conhecimento público na Charity Commission. Não temos nada a esconder", disse a porta-voz da igreja, Louise Johnson.
Investigação
A igreja, que chegou à Grã-Bretanha em 1995 e utiliza no país o nome em inglês de Universal Church of the Kingdom of God (UCKG), tem enviado dinheiro ao exterior regularmente desde 1997.
Segundo a Charity Commission, a Universal enviou mais de 1,3 milhão de libras (mais de R$ 4,3 milhões) para igrejas-irmãs em 1999.
No ano passado, mais de 2,5 milhões de libras (cerca de R$ 8,3 milhões) foram enviadas ao exterior. Deste montante, 700 mil libras (R$ 2,3 milhões) foram para o Brasil; 1,8 milhão de libras (R$ 5,9 milhões) para Portugal e 16.589,00 libras (R$ 54 mil) para outros países.
A Charity Commission resolveu dar início a uma investigação completa em abril de 2001, depois de realizar uma consulta sobre o caso da garota Victoria Climbie - que teve grande repercussão no Reino Unido.
Victoria, de 8 anos, morreu em fevereiro de 2000 em consequência de maus tratos infligidos pela sua guardiã, uma tia-avó, e o namorado dela.
Na semana anterior à sua morte, a menina tinha sido levada quatro vezes à igreja pela tia-avó.
Os jornais britânicos noticiaram que um pastor da igreja Universal do Reino de Deus, Álvaro Lima, teria dito que Victoria parecia estar "possuída pelo demônio".
A Charity Commission não constatou nenhuma irregularidade no procedimento da Igreja Universal ou de seus pastores no caso de Victoria Climbie.
"Nós aconselhamos a igreja a adotar nosso programa de proteção de pessoas vulneráveis que visitam os cultos", disse a porta-voz da Charity Commission, Rachel Quilton. "O programa foi prontamente adotado por eles."
A mesma avaliação, no entanto, levantou dúvidas em relação ao controle financeiro da Universal.
"Foram encontradas razões que nos levaram a dar início a uma investigação completa sobre a distribuição de fundos para fora do país e questões ligadas à política interna da organização", disse à BBC Brasil a representante da Charity Commission.
Contas
"A investigação envolve o escrutínio completo de todas as contas e documentos da entidade. Até agora, temos contado com a colaboração total da UCKG", disse Quilton.
A porta-voz da igreja, Louise Johnson, disse ter certeza que "ficará claro que as razões para preocupação não têm fundamento".
Johnson disse que o dinheiro enviado para as igrejas-irmãs é "usado em projetos sociais beneficentes" e os valores são decididos "com base nas necessidades" de cada uma.
"Em Portugal e na Índia mantemos casas para crianças. No Brasil, temos um projeto de irrigação em uma das áreas mais pobres do Nordeste, e trabalhamos com crianças e jovens portadores de Síndrome de Down", disse ela.
Relatório
É comum que a Charity Commision investigue as atividades de entidades beneficentes, e os relatórios são publicados no website do órgão.
Quilton disse que o próprio relatório geralmente "faz recomendações à entidade e sugere o que deve ser mudado".
"Depois há um controle. Se as recomendações não forem acatadas, podemos tomar várias medidas. Dependendo do caso, podemos entrar com uma ação judicial, congelar as contas e bens da entidade, obrigá-los a encerrar suas atividades. Pode ser que uma investigação resulte até no fechamento de uma entidade", disse ela.
Segundo a Charity Commission, o relatório final com os resultados da investigação deve estar pronto em abril.
Leia mais no site da BBC
Reino Unido investiga Igreja Universal por envio de dinheiro ao exterior
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da BBC, em Londres
A Igreja Universal do Reino de Deus está sendo investigada pela Charity Commission, um órgão ligado ao Ministério da Justiça do Reino Unido e que regulamenta as entidades beneficentes na Inglaterra e no País de Gales. Uma porta-voz da Charity Commission disse à "BBC Brasil" que a razão da investigação é a "distribuição de fundos para fora do país".
Segundo os dados fornecidos pela Universal à Charity Commission, a maior parte do dinheiro arrecadado pela igreja no Reino Unido é enviado para igrejas-irmãs de outros países.
Em 2001, por exemplo, a igreja recebeu 3,2 milhões de libras (cerca de R$ 10,5 milhões) em doações feitas pelos fiéis britânicos. Deste total, 2,5 milhões de libras (R$ 8,3 milhões) foram enviadas ao exterior.
A igreja afirma que o dinheiro enviado ao exterior é usado em projetos de cunho social. "Todas as nossas contas estão abertas ao conhecimento público na Charity Commission. Não temos nada a esconder", disse a porta-voz da igreja, Louise Johnson.
Investigação
A igreja, que chegou à Grã-Bretanha em 1995 e utiliza no país o nome em inglês de Universal Church of the Kingdom of God (UCKG), tem enviado dinheiro ao exterior regularmente desde 1997.
Segundo a Charity Commission, a Universal enviou mais de 1,3 milhão de libras (mais de R$ 4,3 milhões) para igrejas-irmãs em 1999.
No ano passado, mais de 2,5 milhões de libras (cerca de R$ 8,3 milhões) foram enviadas ao exterior. Deste montante, 700 mil libras (R$ 2,3 milhões) foram para o Brasil; 1,8 milhão de libras (R$ 5,9 milhões) para Portugal e 16.589,00 libras (R$ 54 mil) para outros países.
A Charity Commission resolveu dar início a uma investigação completa em abril de 2001, depois de realizar uma consulta sobre o caso da garota Victoria Climbie - que teve grande repercussão no Reino Unido.
Victoria, de 8 anos, morreu em fevereiro de 2000 em consequência de maus tratos infligidos pela sua guardiã, uma tia-avó, e o namorado dela.
Na semana anterior à sua morte, a menina tinha sido levada quatro vezes à igreja pela tia-avó.
Os jornais britânicos noticiaram que um pastor da igreja Universal do Reino de Deus, Álvaro Lima, teria dito que Victoria parecia estar "possuída pelo demônio".
A Charity Commission não constatou nenhuma irregularidade no procedimento da Igreja Universal ou de seus pastores no caso de Victoria Climbie.
"Nós aconselhamos a igreja a adotar nosso programa de proteção de pessoas vulneráveis que visitam os cultos", disse a porta-voz da Charity Commission, Rachel Quilton. "O programa foi prontamente adotado por eles."
A mesma avaliação, no entanto, levantou dúvidas em relação ao controle financeiro da Universal.
"Foram encontradas razões que nos levaram a dar início a uma investigação completa sobre a distribuição de fundos para fora do país e questões ligadas à política interna da organização", disse à BBC Brasil a representante da Charity Commission.
Contas
"A investigação envolve o escrutínio completo de todas as contas e documentos da entidade. Até agora, temos contado com a colaboração total da UCKG", disse Quilton.
A porta-voz da igreja, Louise Johnson, disse ter certeza que "ficará claro que as razões para preocupação não têm fundamento".
Johnson disse que o dinheiro enviado para as igrejas-irmãs é "usado em projetos sociais beneficentes" e os valores são decididos "com base nas necessidades" de cada uma.
"Em Portugal e na Índia mantemos casas para crianças. No Brasil, temos um projeto de irrigação em uma das áreas mais pobres do Nordeste, e trabalhamos com crianças e jovens portadores de Síndrome de Down", disse ela.
Relatório
É comum que a Charity Commision investigue as atividades de entidades beneficentes, e os relatórios são publicados no website do órgão.
Quilton disse que o próprio relatório geralmente "faz recomendações à entidade e sugere o que deve ser mudado".
"Depois há um controle. Se as recomendações não forem acatadas, podemos tomar várias medidas. Dependendo do caso, podemos entrar com uma ação judicial, congelar as contas e bens da entidade, obrigá-los a encerrar suas atividades. Pode ser que uma investigação resulte até no fechamento de uma entidade", disse ela.
Segundo a Charity Commission, o relatório final com os resultados da investigação deve estar pronto em abril.
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