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27/03/2002 - 20h01

PM do Maranhão cerca e faz busca em sede da Polícia Federal

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RANIER BRAGON
da Agência Folha, em São Luís

Numa ação que envolveu 50 homens, a Polícia Militar do Maranhão cercou nesta quarta a casa onde funcionava o serviço de inteligência da Polícia Federal em São Luís. A PM procurava, com mandado judicial, indícios de ''atividade criminosa''.

A PM é subordinada à governadora Roseana Sarney (PFL), que vem acusando os órgãos de inteligência do governo federal de espionagem e de armar uma conspiração que levou à apreensão de R$ 1,34 milhão que seriam destinados à sua campanha presidencial na sede da empresa Lunus, de sua propriedade.

Roseana negou por meio de sua assessoria saber sobre a operação. Ainda não há informação de quem teria feito o pedido de busca à Justiça.

A ação ocorreu às 17h30, quando 50 PMs do GOE (Grupo de Operações Especiais), alguns encapuzados, chegaram à casa acompanhados de dois oficiais de Justiça. A casa, de dois andares, fica no bairro de classe média Cohajape. Os oficiais traziam um mandado de busca e apreensão e disseram que iriam verificar se lá se cometia "alguma atividade criminosa".

Havia dois agentes da PF no local. Eles acionaram a superintendência do órgão, que imediatamente deslocou para o local cinco carros com sirene ligada e oito delegados com armas na mão. O superintendente Augusto Serra Pinto também apareceu.

Houve bate-boca entre alguns delegados e os oficiais de Justiça. Os policiais acabaram não entrando na casa _apenas os oficiais de Justiça, que, segundo Pinto, saíram sem levar nada do local.

"Alugamos esse local há oito meses, porque não temos espaço físico suficiente na sede da PF", disse Pinto.

Questionado se haveria equipamentos de escuta na casa, o superintendente afirmou: "Há serviço de inteligência, o que abrange uma grande gama de atividades, inclusive de monitoramento. A PF não faz escuta clandestina nem arapongagem".

Questionado especificamente sobre o caso da Lunus, Pinto negou ter espionado a empresa. ''Não tem nada contra o governo do Estado, contra a pessoa da governadora, contra a Lunus, porque não fizemos escuta nesse caso.''

Desde que a PF apreendeu documentos e dinheiro na sede da Lunus, a família Sarney trabalha com a hipótese de estar sendo monitorada pelo governo, em ação visando favorecer o pré-candidato José Serra (PSDB) _que nega a acusação.

O superintendente da PF disse que ficou "surpreso" com o "aparato" usado pela PM na ação e que achou "estranho" o fato de os oficiais de Justiça e a PM chegaram à casa ao mesmo tempo que alguns jornalistas.

Afirmou também que os dois agentes que trabalhavam na residência disseram ter visto carros da TV Mirante, que pertence à família Sarney, rondando o local pela manhã.

Ele afirmou ainda que o serviço de inteligência chegou a ajudar a própria Secretaria Estadual de Segurança Pública, como no desbaratamento de um quadrilha de assaltantes de bancos.

A casa também operaria, segundo Pinto, no combate ao crime organizado e ao tráfico de drogas.

Embora Roseana tenha negado saber da operação, foram assessores seus que ligaram para boa parte dos jornalistas avisando sobre o caso.

Justiça

Quem assinou o mandado de busca e apreensão foi a juíza estadual de 1ª instância Francisca Galiza, que estava ontem no plantão da Justiça estadual.

Por telefone celular, ela afirmou que o objetivo do mandado era verificar o que ocorria no local, porque vizinhos teriam denunciado que havia muita movimentação de pessoas armadas. Só que a ligação caiu quando ela foi questionada sobre quem fez o pedido.

A ação eleva a temperatura da crise política decorrente da apreensão do dinheiro na Lunus _que levou ao rompimento do PFL com o governo federal.

Quase um mês depois da ação, a origem do dinheiro ainda não foi revelada. Jorge Murad, marido de Roseana e co-proprietário da Lunus, deixou o governo maranhense ao dizer que o valor iria para a campanha da mulher. A governadora assumiu a versão.

De todo modo, o estrago político foi feito. A imagem das 26.800 notas de R$ 50, divulgada nos jornais e pela televisão, foi considerada pelo PFL o principal motivo pela queda da governadora nas pesquisas eleitorais _deixou a co-liderança da corrida eleitoral para embolar-se na disputa do segundo lugar.

Leia mais:
  •  PF diz que lamenta o episódio e o prejuízo da ação da PM no Maranhão


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