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03/04/2002 - 18h00

Saiba como é o ritual para a escolha do papa da Igreja Católica

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FÁBIO PORTELA
da Folha Online

Com as recentes dificuldades encontradas pelo papa João Paulo 2º para comandar as celebrações da Semana Santa no Vaticano, cresceram as especulações de que ele poderia renunciar ao cargo.

Hoje, o jornal inglês de "The Guardian" publica uma lista com os nomes dos arcebispos que estariam cotados para substituir João Paulo 2º no comando da Igreja Católica. Entre eles figura o cardeal arcebispo de São Paulo, dom Cláudio Hummes.

Veja a seguir qual é o ritual seguido pelos cardeais católicos para escolher o novo papa. O processo só pode começar quando o cargo é declarado "em vacância" por motivo de morte ou renúncia.

Escolha do papa
A escolha do papa da Igreja Católica é feita pelo Conselho de Cardeais, seguindo as normas que constam no Código de Direito Canônico.

A Igreja só pode se reunir para discutir a sucessão no pontificado depois que o papa morre ou renuncia ao cargo, hipótese que está prevista na legislação católica.

Quando isso ocorre, todos os cardeais com menos de 80 anos devem se dirigir em 15 dias para o Vaticano, onde se fará a reunião para eleger o novo líder da Igreja.

Esta reunião é chamada de conclave. O nome vem do latim "cum clave", que significa "com chave", já que o encontro tem caráter secreto e é realizado a portas fechadas.

Atualmente, cerca de 140 cardeais das mais diversas nacionalidades têm direito a participar do conclave. Eles devem jurar sigilo sobre a reunião, sob pena de serem excomungados.

Tradicionalmente, a votação acontece na Capela Sistina, no Vaticano. Os cardeais são simbolicamente trancados em uma sala e iniciam as discussões, que não têm prazo para terminar.

Duas vezes por dia, os cardeais votam uns nos outros, até que algum deles obtenha dois terços mais um dos votos totais, sendo assim aclamado como o novo papa dos católicos.

Eles devem colocar a cédula em um cálice colocado em altar e dizer a seguinte frase: "Chamo por testemunha a Cristo, que saberá que meu voto está sendo dado àquele que, diante de Deus, julgo que deve ser eleito".

Uma antiga tradição, que remonta à Idade Média, faz com que os cardeais queimem os seus votos para que não seja possível saber como cada um deles votou na eleição.

Quando não há consenso, ou seja, ninguém obtém a indicação, os votos são misturados à palha úmida e queimados em uma lareira. A fumaça preta que sai pela chaminé indica ao povo reunido na Praça São Pedro que o novo papa ainda não está definido.

Quando um dos cardeais obtém a maioria, apenas os votos são queimados, o que provoca a formação de uma fumaça mais clara, quase branca. É o sinal de que a Igreja já encontrou seu novo líder.

O mais velho dos diáconos leigos que acompanham a sessão (cada cardeal tem direito a levar um auxiliar) é encarregado de divulgar a notícia, informando o nome do cardeal eleito e o nome que ele adotará para seu pontificado.

Discussão sem fim
É famosa a história do conclave que se formou em 1271 para escolher o sucessor do papa Clemente 4º. A reunião ocorreu na cidade italiana de Viterbo.

Os 18 cardeais que se reuniram não conseguiam chegar a um consenso para escolher o novo papa e a reunião foi se prolongando por dias e semanas. Os religiosos se recusavam a ceder e a reunião durou o impressionante período de dois anos e nove meses.

Os moradores da cidade, irritados com a demora, e o governador, que era obrigado a fornecer alimentação para os cardeais, acabaram se revoltando contra os cardeais.

Todas as pontas do palácio onde os religiosos estavam reunidos foram fechadas por fora, o local foi destelhado e a alimentação foi reduzida a pão e água. No mesmo dia, os cardeais chegaram a uma solução e escolheram Gregório 10º como novo papa.

Foi ele, aliás, que definiu regras claras e rígidas para organizar os conclaves seguintes, com o objetivo de evitar que a situação se repetisse.

Leia mais:

  • Arcebispo de São Paulo é candidato à sucessão do papa, diz jornal


  • Saiba quem é dom Cláudio Hummes, cardeal arcebispo de São Paulo


  • Veja também o especial João Paulo 2º
     

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