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13/04/2002
-
07h00
LILIAN CHRISTOFOLETTI
da Folha de S.Paulo
A cúpula do PFL se reuniu ontem em São Paulo para discutir os próximos passos e o rumo que irá tomar após a formalização da desistência da ex-governadora Roseana Sarney de concorrer à Presidência. Conforme a Folha noticiou ontem, Roseana comunicou ao partido que está fora da disputa. "Não dá mais, não tenho mais como me reerguer", disse a interlocutores anteontem.
Oficialmente, o partido sustentou ontem que a decisão caberá a Roseana e que ainda a considera pré-candidata. O prefeito Cesar Maia (Rio de Janeiro), porém, deixou o encontro dizendo que o ex-governador Anthony Garotinho (PSB) será a próxima vítima do Planalto. Fazia alusão à suposta orquestração que o PFL atribui ao pré-candidato tucano, José Serra, e ao presidente Fernando Henrique Cardoso para inviabilizar a pré-candidata pefelista.
"Garotinho é a bola da vez. As baterias do governo federal irão se voltar contra Garotinho. Eles [os tucanos" querem eliminar os adversários e nomear o candidato da Presidência [Serra]. Teremos uma avassaladora avalanche de notícias, com vazamento de documentos", disse Maia.
Sobre Roseana, o prefeito disse que está "muito triste" e afirmou que ela, antes de tomar a decisão, "irá colocar em uma balança a família de um lado e, do outro, a própria candidatura, a lisura do pleito e o partido". O prefeito, que vinha sustentando enfaticamente a defesa da candidatura, mudou de tom e deu a senha para a desistência, que não deve ser efetivada antes da decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), marcada para o dia 18, sobre a verticalização das alianças.
A reunião semanal do núcleo de campanha de Roseana, que costuma ser realizada em Brasília, foi feita em São Paulo porque a mulher de Jorge Bornhausen, presidente do PFL, submeteu-se a uma cirurgia. Após o encontro, Bornhausen saiu pela garagem, evitando a imprensa. O cientista político Antônio Lavareda e o ex-ministro Roberto Brant (Previdência) saíram em silêncio.
Um dos principais temas que dominaram o encontro foi a busca de fórmulas possíveis para a substituição de Roseana. O maior problema é que as soluções são todas demoradas e concluiu-se ser necessário retirar a pefelista da disputa o mais rápido possível -antes que ela perca mais pontos nas pesquisas de opinião.
Entre as alternativas estudadas está a de não lançar candidato próprio à Presidência. Se for mantida a decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) de verticalizar as coligações, o PFL terá maior liberdade para fechar alianças estaduais. Mas essa opção ainda enfrenta resistências no partido.
O que predomina é o desejo de incomodar a pré-candidatura de Serra. Pefelistas defendem um apoio informal ao presidenciável Ciro Gomes (PPS), que, segundo eles, tem potencial para tirar votos do tucano.
"A maior unanimidade hoje do partido é a inviabilidade de Serra. O que eles [os tucanos" tentaram fazer com o PFL é o abraço do afogado, com desgaste para os dois lados. O PSDB terá de buscar um candidato alternativo no final de maio ou em junho", disse.
Após a reunião, dois emissários, Lavareda e o assessor do PFL Antônio Martins, viajaram a São Luís para falar com Roseana sobre o encontro. Eles ouviriam da ex-governadora qual era a sua disposição a respeito da campanha e, ontem mesmo, Martins deveria retornar a São Paulo para comunicar a Bornhausen o resultado da conversa. Roseana tem evitado falar ao telefone, assim como grande parte dos pefelistas, que temem o grampo telefônico.
Versões
Roseana foi estimulada a desistir da campanha por orientação de sua família e por pressão de vários pefelistas, que fizeram chegar a ela recados no sentido de que consideravam sua situação insustentável depois da repercussão da apreensão do R$ 1,34 milhão na empresa Lunus, que pertence a ela e a seu marido, Jorge Murad.
Para explicar a origem do dinheiro, foram apresentadas seis versões diferentes. A explicação de que aliados de Serra armaram a apreensão após grampearem telefones de pefelistas não deu resultado, não estancou a queda de Roseana nem abalou a candidatura do tucano.
A situação vivida pela pefelista foi comparada pelo prefeito do Rio à do ex-presidente norte-americano Bill Clinton. Em 1992, quando ainda era candidato, foi divulgada uma gravação revelando uma relação íntima entre Clinton e Gennifer Flowers.
Ele negou os fatos para a imprensa e retirou a candidatura. "Mas Hillary [mulher de Clinton" foi para a televisão e, de forma muito enfática, recolocou as questões. Clinton manteve a candidatura e se elegeu presidente dos EUA", disse Maia.
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da Folha de S.Paulo
A cúpula do PFL se reuniu ontem em São Paulo para discutir os próximos passos e o rumo que irá tomar após a formalização da desistência da ex-governadora Roseana Sarney de concorrer à Presidência. Conforme a Folha noticiou ontem, Roseana comunicou ao partido que está fora da disputa. "Não dá mais, não tenho mais como me reerguer", disse a interlocutores anteontem.
Oficialmente, o partido sustentou ontem que a decisão caberá a Roseana e que ainda a considera pré-candidata. O prefeito Cesar Maia (Rio de Janeiro), porém, deixou o encontro dizendo que o ex-governador Anthony Garotinho (PSB) será a próxima vítima do Planalto. Fazia alusão à suposta orquestração que o PFL atribui ao pré-candidato tucano, José Serra, e ao presidente Fernando Henrique Cardoso para inviabilizar a pré-candidata pefelista.
"Garotinho é a bola da vez. As baterias do governo federal irão se voltar contra Garotinho. Eles [os tucanos" querem eliminar os adversários e nomear o candidato da Presidência [Serra]. Teremos uma avassaladora avalanche de notícias, com vazamento de documentos", disse Maia.
Sobre Roseana, o prefeito disse que está "muito triste" e afirmou que ela, antes de tomar a decisão, "irá colocar em uma balança a família de um lado e, do outro, a própria candidatura, a lisura do pleito e o partido". O prefeito, que vinha sustentando enfaticamente a defesa da candidatura, mudou de tom e deu a senha para a desistência, que não deve ser efetivada antes da decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), marcada para o dia 18, sobre a verticalização das alianças.
A reunião semanal do núcleo de campanha de Roseana, que costuma ser realizada em Brasília, foi feita em São Paulo porque a mulher de Jorge Bornhausen, presidente do PFL, submeteu-se a uma cirurgia. Após o encontro, Bornhausen saiu pela garagem, evitando a imprensa. O cientista político Antônio Lavareda e o ex-ministro Roberto Brant (Previdência) saíram em silêncio.
Um dos principais temas que dominaram o encontro foi a busca de fórmulas possíveis para a substituição de Roseana. O maior problema é que as soluções são todas demoradas e concluiu-se ser necessário retirar a pefelista da disputa o mais rápido possível -antes que ela perca mais pontos nas pesquisas de opinião.
Entre as alternativas estudadas está a de não lançar candidato próprio à Presidência. Se for mantida a decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) de verticalizar as coligações, o PFL terá maior liberdade para fechar alianças estaduais. Mas essa opção ainda enfrenta resistências no partido.
O que predomina é o desejo de incomodar a pré-candidatura de Serra. Pefelistas defendem um apoio informal ao presidenciável Ciro Gomes (PPS), que, segundo eles, tem potencial para tirar votos do tucano.
"A maior unanimidade hoje do partido é a inviabilidade de Serra. O que eles [os tucanos" tentaram fazer com o PFL é o abraço do afogado, com desgaste para os dois lados. O PSDB terá de buscar um candidato alternativo no final de maio ou em junho", disse.
Após a reunião, dois emissários, Lavareda e o assessor do PFL Antônio Martins, viajaram a São Luís para falar com Roseana sobre o encontro. Eles ouviriam da ex-governadora qual era a sua disposição a respeito da campanha e, ontem mesmo, Martins deveria retornar a São Paulo para comunicar a Bornhausen o resultado da conversa. Roseana tem evitado falar ao telefone, assim como grande parte dos pefelistas, que temem o grampo telefônico.
Versões
Roseana foi estimulada a desistir da campanha por orientação de sua família e por pressão de vários pefelistas, que fizeram chegar a ela recados no sentido de que consideravam sua situação insustentável depois da repercussão da apreensão do R$ 1,34 milhão na empresa Lunus, que pertence a ela e a seu marido, Jorge Murad.
Para explicar a origem do dinheiro, foram apresentadas seis versões diferentes. A explicação de que aliados de Serra armaram a apreensão após grampearem telefones de pefelistas não deu resultado, não estancou a queda de Roseana nem abalou a candidatura do tucano.
A situação vivida pela pefelista foi comparada pelo prefeito do Rio à do ex-presidente norte-americano Bill Clinton. Em 1992, quando ainda era candidato, foi divulgada uma gravação revelando uma relação íntima entre Clinton e Gennifer Flowers.
Ele negou os fatos para a imprensa e retirou a candidatura. "Mas Hillary [mulher de Clinton" foi para a televisão e, de forma muito enfática, recolocou as questões. Clinton manteve a candidatura e se elegeu presidente dos EUA", disse Maia.
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