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13/04/2002
-
15h31
MARCELO TADEU LIA
Editor de Brasil e Cotidiano da Folha Online
A ex-governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL), não resistiu às acusações de desvio de verbas públicas, à queda nas pesquisas eleitorais e à pressão interna de seu partido e anunciou nesta tarde, em São Luís, a sua desistência de concorrer à Presidência da República.
Roseana deixou o governo maranhense na sexta-feira retrasada (dia 5) para disputar a eleição de outubro e, desde então, estava descansando em sua casa, na praia do Calhau. Ela afirmou, em discurso que durou pouco mais de 4 minutos, que estava sofrendo "um verdadeiro massacre" e que a decisão de sair da disputa era "pessoal". Roseana fez ainda elogios ao PFL, por ter sugerido o seu nome para disputar a Presidência.
A ex-governadora, que agora deve concorrer a uma vaga no Senado, deixa a disputa em meio a uma série de acusações, o que determinou a queda nas pesquisas eleitorais e inviabilizou o projeto pefelista de candidatura à Presidência. A que iniciou o processo que culminou com a renúncia diz respeito à empresa Lunus, que pertence a ela e ao seu marido, Jorge Murad.
Roseana e Murad não conseguiram, até o momento, dar uma explicação convincente ao R$ 1,34 milhão, em dinheiro, encontrado em um cofre da empresa, no início de março, em uma ação da Polícia Federal que desencadeou uma crise entre o PFL e o governo federal.
A divulgação da lista dos supostos doadores do dinheiro da Lunus, que reunia parentes de Roseana e Murad, feita na última terça-feira, também foi considera pífia para diminuir a pressão sobre Roseana. Cinco dos nove supostos doadores à pré-campanha respondem a ações na Justiça Federal. Outros dois tiveram seus processos recentemente arquivados.
Tanto a ex-governadora como Murad também foram apontados como tendo atuação decisiva na aprovação do projeto Usimar - que consumiu R$ 44 milhões da Sudam (Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia) e nunca foi implantado - e já respondem, ao lado de outras 38 pessoas, a uma ação civil pública por improbidade administrativa.
Reunião decisiva
Ontem, a cúpula do PFL se reuniu em um flat no Itaim, zona sul de São Paulo, para traçar a estratégia do partido. Estiveram presentes à reunião o presidente nacional do PFL, Jorge Bornhausen, o senador José Jorge (ex-ministro de Minas e Energia), o deputado federal Roberto Brant (ex-ministro da Previdência), o prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia, e o cientista político Antônio Lavareda.
Eles discutiram a retirada da candidatura presidencial do partido, mas não tomaram uma posição sobre o assunto - na verdade, passaram a tarefa para a própria Roseana.
Ainda ontem Roseana recebeu os relatórios do PFL referentes às pesquisas qualitativa e quantitativa, encomendadas pelo próprio partido, que avaliaram o efeito da propaganda partidária pefelista que foi ao ar na última terça-feira.
A avaliação dos comerciais, nos quais a ex-governadora tentava se defender das acusações, foi considerada péssima e determinou o epílogo da pré-candidatura.
Roseana contava com os comerciais na TV e rádio para reestruturar sua campanha, principalmente porque foram justamente as inserções anteriores que levaram o partido a sonhar em atingir a Presidência pelas próprias forças.
De acordo com o prefeito Maia, que era coordenador da campanha à Presidência, Roseana teve uma queda significativa na avaliação positiva do eleitorado, e as inserções tiveram uma avaliação positiva de apenas 35%. Em fevereiro, antes de o dinheiro da Lunus ser mostrado na TV e em fotos de jornais, a avaliação positiva chegou a 60%.
Os beneficiados
Os pré-candidatos José Serra (PSDB) e Ciro Gomes (PPS) devem ser os maiores beneficiados pela saída de Roseana da disputa.
Pesquisa Datafolha realizada no último dia 9 aponta que, dos eleitores que planejavam votar em Roseana, 50% rejeitam a candidatura de Lula (PT), 25% não votariam em Garotinho (PSB), 17% recusam Serra (PSDB) e 15% não escolheriam Ciro Gomes (PPS). As taxas de rejeição sinalizam o caminho provável dos votos.
Quando se retira o nome de Roseana do levantamento, Ciro ganha três pontos percentuais e passa de 10%, no cenário com Roseana, para 13%. Serra também sobe três pontos, passando de 19% para 22%. Já o ex-governador Garotinho obtém apenas um ponto (varia de 15% para 16%). O mesmo ocorre com Lula, que passa de 31% para 32%.
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Após acusações e pressão do PFL, Roseana desiste de candidatura
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A ex-governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL), não resistiu às acusações de desvio de verbas públicas, à queda nas pesquisas eleitorais e à pressão interna de seu partido e anunciou nesta tarde, em São Luís, a sua desistência de concorrer à Presidência da República.
Roseana deixou o governo maranhense na sexta-feira retrasada (dia 5) para disputar a eleição de outubro e, desde então, estava descansando em sua casa, na praia do Calhau. Ela afirmou, em discurso que durou pouco mais de 4 minutos, que estava sofrendo "um verdadeiro massacre" e que a decisão de sair da disputa era "pessoal". Roseana fez ainda elogios ao PFL, por ter sugerido o seu nome para disputar a Presidência.
A ex-governadora, que agora deve concorrer a uma vaga no Senado, deixa a disputa em meio a uma série de acusações, o que determinou a queda nas pesquisas eleitorais e inviabilizou o projeto pefelista de candidatura à Presidência. A que iniciou o processo que culminou com a renúncia diz respeito à empresa Lunus, que pertence a ela e ao seu marido, Jorge Murad.
Roseana e Murad não conseguiram, até o momento, dar uma explicação convincente ao R$ 1,34 milhão, em dinheiro, encontrado em um cofre da empresa, no início de março, em uma ação da Polícia Federal que desencadeou uma crise entre o PFL e o governo federal.
A divulgação da lista dos supostos doadores do dinheiro da Lunus, que reunia parentes de Roseana e Murad, feita na última terça-feira, também foi considera pífia para diminuir a pressão sobre Roseana. Cinco dos nove supostos doadores à pré-campanha respondem a ações na Justiça Federal. Outros dois tiveram seus processos recentemente arquivados.
Tanto a ex-governadora como Murad também foram apontados como tendo atuação decisiva na aprovação do projeto Usimar - que consumiu R$ 44 milhões da Sudam (Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia) e nunca foi implantado - e já respondem, ao lado de outras 38 pessoas, a uma ação civil pública por improbidade administrativa.
Reunião decisiva
Ontem, a cúpula do PFL se reuniu em um flat no Itaim, zona sul de São Paulo, para traçar a estratégia do partido. Estiveram presentes à reunião o presidente nacional do PFL, Jorge Bornhausen, o senador José Jorge (ex-ministro de Minas e Energia), o deputado federal Roberto Brant (ex-ministro da Previdência), o prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia, e o cientista político Antônio Lavareda.
Eles discutiram a retirada da candidatura presidencial do partido, mas não tomaram uma posição sobre o assunto - na verdade, passaram a tarefa para a própria Roseana.
Ainda ontem Roseana recebeu os relatórios do PFL referentes às pesquisas qualitativa e quantitativa, encomendadas pelo próprio partido, que avaliaram o efeito da propaganda partidária pefelista que foi ao ar na última terça-feira.
A avaliação dos comerciais, nos quais a ex-governadora tentava se defender das acusações, foi considerada péssima e determinou o epílogo da pré-candidatura.
Roseana contava com os comerciais na TV e rádio para reestruturar sua campanha, principalmente porque foram justamente as inserções anteriores que levaram o partido a sonhar em atingir a Presidência pelas próprias forças.
De acordo com o prefeito Maia, que era coordenador da campanha à Presidência, Roseana teve uma queda significativa na avaliação positiva do eleitorado, e as inserções tiveram uma avaliação positiva de apenas 35%. Em fevereiro, antes de o dinheiro da Lunus ser mostrado na TV e em fotos de jornais, a avaliação positiva chegou a 60%.
Os beneficiados
Os pré-candidatos José Serra (PSDB) e Ciro Gomes (PPS) devem ser os maiores beneficiados pela saída de Roseana da disputa.
Pesquisa Datafolha realizada no último dia 9 aponta que, dos eleitores que planejavam votar em Roseana, 50% rejeitam a candidatura de Lula (PT), 25% não votariam em Garotinho (PSB), 17% recusam Serra (PSDB) e 15% não escolheriam Ciro Gomes (PPS). As taxas de rejeição sinalizam o caminho provável dos votos.
Quando se retira o nome de Roseana do levantamento, Ciro ganha três pontos percentuais e passa de 10%, no cenário com Roseana, para 13%. Serra também sobe três pontos, passando de 19% para 22%. Já o ex-governador Garotinho obtém apenas um ponto (varia de 15% para 16%). O mesmo ocorre com Lula, que passa de 31% para 32%.
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