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14/04/2002
-
02h43
KENNEDY ALENCAR
RAYMUNDO COSTA
da Folha de S.Paulo, em Brasília
A maioria da cúpula do PFL deseja apoiar Ciro Gomes (PPS) na eleição presidencial, liberando os setores do partido que preferem aderir ao tucano José Serra para evitar a implosão do partido.
Segundo levantamento feito pelo comando pefelista, 60% do partido quer Ciro Gomes, 30% dos diretórios preferem o presidenciável tucano José Serra e os demais 10% querem apoiar a candidatura do ex-governador Anthony Garotinho (PSB).
Após a renúncia da ex-governadora Roseana Sarney à pré-candidatura ao Planalto, a definição dos parâmetros do eventual apoio a Ciro, se oficial ou apenas político, dependerá da decisão final do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre a verticalização das coligações partidárias, prevista para os próximos dias, além de uma complicada negociação com o PPS.
O objetivo número um do PFL é eleger uma forte bancada congressual, para manter sua força no próximo governo. Hoje, o partido tem 96 deputados federais e deseja segurar a qualquer custo a marca próxima a cem. Roseana, por exemplo, substituir a idéia tentar se eleger senadora pela disputa de uma vaga na Câmara, como puxadora de votos no Maranhão.
O número dois da cúpula do partido ainda é derrubar Serra, tentando tirá-lo do páreo presidencial. Nessa hipótese, muito improvável hoje, haveria chance de recomposição com o PSDB se o candidato fosse outro tucano, como o presidente da Câmara, Aécio Neves (MG), ou o ex-governador Tasso Jereissati (CE).
Diante da dificuldade de inviabilizar Serra, o PFL sabe que Ciro Gomes é a alternativa que mais incomoda o Planalto. Ciro foi tucano e ministro da Fazenda na implantação do Plano Real.
O objetivo número três: atrair o ex-governador Anthony Garotinho (PSB-RJ) para uma frente contra Serra e o presidente Fernando Henrique Cardoso. Essa frente teria oligarquias insatisfeitas com FHC e Serra, como o clã Sarney e o grupo de Antonio Carlos Magalhães (BA). Ciro, por ser do Nordeste, bateria na tecla de que Serra joga contra os interesses da região. Tucanos como Tasso, que formalmente marcharão com Serra, poderiam jogar a favor por baixo dos panos.
É dentro desse contexto que, no sonho pefelista, Garotinho poderia até desistir da disputa presidencial e concorrer ao governo do Rio, com o apoio do prefeito do Rio, Cesar Maia.
A alternativa Ciro ganhou força no PFL com uma articulação capitaneada pelo presidente do partido, senador licenciado Jorge Bornhausen (SC), para firmar um pacto de não-agressão entre o pré-candidato do PPS, Garotinho e Roseana. Bornhausen propôs o pacto com o argumento de que só a união dos três poderia evitar a polarização Serra-PT e levar um deles ao segundo turno.
Para viabilizar o projeto Ciro, Bornhausen conta com a derrubada da verticalização na próxima quinta-feira, quando o STF deverá decidir se mantém ou não a regra que manda que as coligações nos Estados obedeçam às alianças nacionais. Na contabilidade pefelista, o placar está 6 a 5 a favor do fim da verticalização.
A derrubada da verticalização facilita o plano do grupo pró-Ciro, hoje majoritário no PFL porque acabou unindo o clã Sarney, o cacique Antonio Carlos Magalhães (BA), o ferido Bornhausen e seções fortes, como a mineira.
O deputado federal e ex-ministro da Previdência Social Roberto Brant, expoente do partido em Minas, está seduzido pela idéia de ser o candidato a vice de Ciro.
No cenário sem verticalização, Bornhausen quer carta branca para negociar uma aliança com o PPS. Em troca, ele liberaria as alas pernambucana, do vice-presidente Marco Maciel, e paranaense, do governador Jaime Lerner (PR), a apoiar Serra e fechar alianças nos Estados de acordo com as conveniências regionais.
A seção de São Paulo, por exemplo, manteria a aliança com o governador tucano Geraldo Alckmin, candidato à reeleição.
Assim, Bornhausen evitaria uma disputa na convenção oficial de junho. Fecharia um acordo em nome da sobrevivência de cada pefelista, com o compromisso de o partido estar unido no começo do próximo governo. Seria uma forma de dividir sem esfacelar.
Na avaliação pefelista, o próprio Serra deseja hoje o fim da verticalização. A medida lhe servia mais quando Roseana estava forte, pois forçava a tese de criação de um guarda-chuva nacional de partidos contra o PT.
Agora, a verticalização pode encarecer o preço do apoio do PMDB, devido a divergências regionais entre tucanos e peemedebistas, que precisam ser contornadas. Mas essa não é uma opinião pacífica no PMDB e no PSDB. Pesa a favor da verticalização o argumento de que ela é uma arma para as direções nacionais fazerem valer suas vontades e engessar setores peemedebistas que pretendem apoiar Lula.
Se o STF mantiver a verticalização, o apoio oficial a Ciro fica mais complicado. Nesse caso, a cúpula pefelista prefere a hipótese de não ter candidato nem aliança nacional para deixar cada seção estadual livre.
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RAYMUNDO COSTA
da Folha de S.Paulo, em Brasília
A maioria da cúpula do PFL deseja apoiar Ciro Gomes (PPS) na eleição presidencial, liberando os setores do partido que preferem aderir ao tucano José Serra para evitar a implosão do partido.
Segundo levantamento feito pelo comando pefelista, 60% do partido quer Ciro Gomes, 30% dos diretórios preferem o presidenciável tucano José Serra e os demais 10% querem apoiar a candidatura do ex-governador Anthony Garotinho (PSB).
Após a renúncia da ex-governadora Roseana Sarney à pré-candidatura ao Planalto, a definição dos parâmetros do eventual apoio a Ciro, se oficial ou apenas político, dependerá da decisão final do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre a verticalização das coligações partidárias, prevista para os próximos dias, além de uma complicada negociação com o PPS.
O objetivo número um do PFL é eleger uma forte bancada congressual, para manter sua força no próximo governo. Hoje, o partido tem 96 deputados federais e deseja segurar a qualquer custo a marca próxima a cem. Roseana, por exemplo, substituir a idéia tentar se eleger senadora pela disputa de uma vaga na Câmara, como puxadora de votos no Maranhão.
O número dois da cúpula do partido ainda é derrubar Serra, tentando tirá-lo do páreo presidencial. Nessa hipótese, muito improvável hoje, haveria chance de recomposição com o PSDB se o candidato fosse outro tucano, como o presidente da Câmara, Aécio Neves (MG), ou o ex-governador Tasso Jereissati (CE).
Diante da dificuldade de inviabilizar Serra, o PFL sabe que Ciro Gomes é a alternativa que mais incomoda o Planalto. Ciro foi tucano e ministro da Fazenda na implantação do Plano Real.
O objetivo número três: atrair o ex-governador Anthony Garotinho (PSB-RJ) para uma frente contra Serra e o presidente Fernando Henrique Cardoso. Essa frente teria oligarquias insatisfeitas com FHC e Serra, como o clã Sarney e o grupo de Antonio Carlos Magalhães (BA). Ciro, por ser do Nordeste, bateria na tecla de que Serra joga contra os interesses da região. Tucanos como Tasso, que formalmente marcharão com Serra, poderiam jogar a favor por baixo dos panos.
É dentro desse contexto que, no sonho pefelista, Garotinho poderia até desistir da disputa presidencial e concorrer ao governo do Rio, com o apoio do prefeito do Rio, Cesar Maia.
A alternativa Ciro ganhou força no PFL com uma articulação capitaneada pelo presidente do partido, senador licenciado Jorge Bornhausen (SC), para firmar um pacto de não-agressão entre o pré-candidato do PPS, Garotinho e Roseana. Bornhausen propôs o pacto com o argumento de que só a união dos três poderia evitar a polarização Serra-PT e levar um deles ao segundo turno.
Para viabilizar o projeto Ciro, Bornhausen conta com a derrubada da verticalização na próxima quinta-feira, quando o STF deverá decidir se mantém ou não a regra que manda que as coligações nos Estados obedeçam às alianças nacionais. Na contabilidade pefelista, o placar está 6 a 5 a favor do fim da verticalização.
A derrubada da verticalização facilita o plano do grupo pró-Ciro, hoje majoritário no PFL porque acabou unindo o clã Sarney, o cacique Antonio Carlos Magalhães (BA), o ferido Bornhausen e seções fortes, como a mineira.
O deputado federal e ex-ministro da Previdência Social Roberto Brant, expoente do partido em Minas, está seduzido pela idéia de ser o candidato a vice de Ciro.
No cenário sem verticalização, Bornhausen quer carta branca para negociar uma aliança com o PPS. Em troca, ele liberaria as alas pernambucana, do vice-presidente Marco Maciel, e paranaense, do governador Jaime Lerner (PR), a apoiar Serra e fechar alianças nos Estados de acordo com as conveniências regionais.
A seção de São Paulo, por exemplo, manteria a aliança com o governador tucano Geraldo Alckmin, candidato à reeleição.
Assim, Bornhausen evitaria uma disputa na convenção oficial de junho. Fecharia um acordo em nome da sobrevivência de cada pefelista, com o compromisso de o partido estar unido no começo do próximo governo. Seria uma forma de dividir sem esfacelar.
Na avaliação pefelista, o próprio Serra deseja hoje o fim da verticalização. A medida lhe servia mais quando Roseana estava forte, pois forçava a tese de criação de um guarda-chuva nacional de partidos contra o PT.
Agora, a verticalização pode encarecer o preço do apoio do PMDB, devido a divergências regionais entre tucanos e peemedebistas, que precisam ser contornadas. Mas essa não é uma opinião pacífica no PMDB e no PSDB. Pesa a favor da verticalização o argumento de que ela é uma arma para as direções nacionais fazerem valer suas vontades e engessar setores peemedebistas que pretendem apoiar Lula.
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