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24/04/2002 - 07h25

Presidenciável avança sobre PFL

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RAYMUNDO COSTA
da Folha de S.Paulo, em Brasília

O PFL, especialmente os mais ferrenhos adversários da candidatura de José Serra à Presidência, se deu conta ontem de que é muito maior a infiltração do Planalto e do tucano dentro da sigla do que supunham os partidários de Ciro Gomes (PPS) ou de qualquer outra opção que não seja o senador.

Segundo conta do grupo anti-Serra, ao menos 15 seções do PFL, das 27, negociam ou admitem compor com o PSDB. Radicalmente contra estaria apenas a Bahia do ex-senador Antonio Carlos Magalhães. Ainda assim, o pré-candidato pefelista ao governo baiano, Paulo Souto, tem dito que fará uma campanha sem críticas.

Na Câmara, o "bunker" anti-Serra funciona no gabinete do líder Inocêncio Oliveira (PE), mas é comandado à distância por ACM. Foi lá que ontem surgiu uma "rebelião" contra o presidente da sigla, Jorge Bornhausen (SC), que decidiu precipitar uma série de consultas a fim de definir a posição do PFL na sucessão.

O grupo desconfia da atuação de Bornhausen. ACM acredita que ele atue para isolá-lo e acha que o PFL deve deixar para o final de maio a definição.

Inocêncio e José Carlos Aleluia (BA) procuraram Bornhausen. Queriam pedir uma reunião imediata do diretório nacional, o que na prática significaria desautorizá-lo. Houve acordo para reunião do diretório ou da Executiva no final do próximo mês.

Verticalização
O apoio a Ciro Gomes ou a Anthony Garotinho (PSB) sempre foi uma tese controvertida no PFL. A verticalização das eleições liquidou qualquer possibilidade nesse sentido e deu força aos que defendem a retomada das conversas com o governo, mesmo com o partido mantendo o discurso anti-Serra. Nesse grupo, por exemplo, está o ministro do Tribunal de Contas da União Guilherme Palmeira, espécie de guru da cúpula do PFL, do qual fazem parte Bornhausen, o vice-presidente da República, Marco Maciel, e os senadores José Jorge (PE) e José Agripino (RN).

Bornhausen tem conversado com FHC e com o presidente do PSDB, José Aníbal (SP). Pelo menos dois empresários ligados a ele estiveram com Serra nos 15 últimos dias. O maior interesse de Bornhausen é eleger o filho, Paulo Bornhausen, senador. Depende, na empreitada, do governador Esperidião Amin (PPB), fechado com Serra.

O grupo pró-ACM se queixa de que Bornhausen se aliou ao prefeito do Rio, Cesar Maia, e passou a ignorar o resto do partido. Maia foi um dos maiores entusiastas da pré-candidatura Roseana, mas, enquanto falava mal de Serra, enviava recados conciliadores. Um deles falava de sua admiração por Serra nunca ter reagido intempestivamente a suas críticas.

Em reunião ontem no gabinete de Inocêncio, o filho do prefeito, deputado Rodrigo Maia, foi cobrado por haver admitido montar um palanque no Rio com o PSDB. Esquivou-se como pode. Mas o fato de ter estado antes com FHC só alimentou as suspeitas do grupo de que, no Rio, o palanque do PFL será de Serra.

O avanço governista no PFL não significa o apoio formal da sigla ao tucano. Para o PSDB e para Serra, basta que o partido fique sem candidato na eleição. Essa é a posição de mais de 90% dos pefelistas hoje, segundo Inocêncio. Soltos nos Estados, os pefelistas em sua maior parte não teriam constrangimento para subir no palanque do PSDB.

Como admite fazer no Maranhão José Reynaldo Tavares. A perspectiva deixou mais desanimados os opositores de Serra no PFL. Ela revelaria que o clã Sarney concluiu que, na contramão do Planalto, poderia perder um domínio de décadas no Estado. O clã pensou em apoiar Lula, mas Sarney avaliou que, em caso de vitória do petista, ele se aliará à esquerda paulista. Leia-se Serra.
 

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