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01/05/2002
-
10h11
SÉRGIO DÁVILA
da Folha de S.Paulo, em nova York
Wall Street está "muito temerosa" com o crescimento do petista Luiz Inácio Lula da Silva nas pesquisas eleitorais, sentimento corroborado pelo fato de o candidato do governo não ter um "gatilho" para crescer, como FHC "tinha o Plano Real em 1994".
Essa é a opinião de um analista de peso, Geoffrey Dennis, estrategista-chefe de Bolsa para a América Latina do Salomon Smith Barney (SSMB), um dos maiores bancos de investimento dos EUA, com sede em Nova York. Em seu relatório de ontem, o economista reduziu a projeção de 2002 para o Índice Bovespa de 18,4 mil pontos para 16 mil pontos.
São três os motivos, segundo disse à Folha por telefone: possível contágio da crise argentina, alta taxa de juros brasileiros e, principalmente, a possibilidade de vitória do candidato petista. "O mercado está muito, muito temeroso de Lula", diz. Leia abaixo os principais trechos da entrevista.
Folha - Em sua opinião, quanto Wall Street teme uma possível vitória de Lula?
Geoffrey Dennis - O mercado está muito, muito temeroso disso. Dito isto, obviamente tenho de ressaltar que há alguns investidores, algumas pessoas que começam a argumentar que talvez Lula não seja tão mal para o mercado, que ele vai estabelecer uma política mais amigável do que se pensa.
Respondo que é possível que isso seja verdadeiro, embora seja uma previsão muito complicada de se fazer. O fato é que há um desejo muito maior de que o candidato da coalizão governamental vença as eleições.
Folha - Por que a resistência ao nome do petista continua?
Dennis - O problema é o seguinte: mesmo que Lula implemente uma política econômica totalmente liberal no primeiro dia de seu governo, a reação do mercado vai se antecipar a isso. Assim, antes de ele assumir, os títulos da dívida externa brasileira já terão caído, o real já vai estar mais desvalorizado, as taxas de juros provavelmente já terão subido...
Isso fará com que a nova administração tenha de tomar decisões políticas muito complicadas e já no começo do governo, o que será especialmente difícil. E a reação terá sido tão rápida que talvez o mercado não dê tempo para que Lula seja construtivo.
Folha - E o sentimento em relação ao candidato governista?
Dennis - Ainda não está claro para mim se a situação atual é pior do que em 1994, já que muita gente diz que naquela eleição Lula também estava muito à frente do candidato do governo. O problema é que em 1994 Fernando Henrique tinha um grande gatilho para crescer, que era o Plano Real. E nós não estamos vendo um gatilho agora para que o candidato do governo cresça nas pesquisas, seja ele Serra ou outro nome.
Talvez esse gatilho seja a campanha na TV. Ou o exemplo da situação social em outros países -principalmente um caso recente de voto extremo que elegeu alguém que não vou dar o nome mas você sabe de quem estou falando (ele se refere a Hugo Chávez, presidente da Venezuela)- faça com que as pessoas acabem optando pela confiabilidade do candidato do governo.
Folha - Por que o sr. baixou sua previsão de crescimento do Índice Bovespa, de 18,4 mil pontos para 16 mil pontos?
Dennis - Havíamos superestimado o crescimento do Ibovespa para 2002. Acho que a meta que prevíamos anteriormente só será atingida se o candidato petista perder as eleições de outubro, se a Argentina sair da crise e se a taxa Selic de juros receber cortes significativos, nessa ordem.
Folha - A avaliação pode mudar?
Dennis - Sim, mas não antes de julho ou agosto, no caso da taxa de juros e da crise argentina. Temo que a definição das eleições só aconteça nos últimos momentos, o que pode atrasar um novo ciclo de alta da Bovespa.
José Serra precisa de "gatilho", diz analista
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da Folha de S.Paulo, em nova York
Wall Street está "muito temerosa" com o crescimento do petista Luiz Inácio Lula da Silva nas pesquisas eleitorais, sentimento corroborado pelo fato de o candidato do governo não ter um "gatilho" para crescer, como FHC "tinha o Plano Real em 1994".
Essa é a opinião de um analista de peso, Geoffrey Dennis, estrategista-chefe de Bolsa para a América Latina do Salomon Smith Barney (SSMB), um dos maiores bancos de investimento dos EUA, com sede em Nova York. Em seu relatório de ontem, o economista reduziu a projeção de 2002 para o Índice Bovespa de 18,4 mil pontos para 16 mil pontos.
São três os motivos, segundo disse à Folha por telefone: possível contágio da crise argentina, alta taxa de juros brasileiros e, principalmente, a possibilidade de vitória do candidato petista. "O mercado está muito, muito temeroso de Lula", diz. Leia abaixo os principais trechos da entrevista.
Folha - Em sua opinião, quanto Wall Street teme uma possível vitória de Lula?
Geoffrey Dennis - O mercado está muito, muito temeroso disso. Dito isto, obviamente tenho de ressaltar que há alguns investidores, algumas pessoas que começam a argumentar que talvez Lula não seja tão mal para o mercado, que ele vai estabelecer uma política mais amigável do que se pensa.
Respondo que é possível que isso seja verdadeiro, embora seja uma previsão muito complicada de se fazer. O fato é que há um desejo muito maior de que o candidato da coalizão governamental vença as eleições.
Folha - Por que a resistência ao nome do petista continua?
Dennis - O problema é o seguinte: mesmo que Lula implemente uma política econômica totalmente liberal no primeiro dia de seu governo, a reação do mercado vai se antecipar a isso. Assim, antes de ele assumir, os títulos da dívida externa brasileira já terão caído, o real já vai estar mais desvalorizado, as taxas de juros provavelmente já terão subido...
Isso fará com que a nova administração tenha de tomar decisões políticas muito complicadas e já no começo do governo, o que será especialmente difícil. E a reação terá sido tão rápida que talvez o mercado não dê tempo para que Lula seja construtivo.
Folha - E o sentimento em relação ao candidato governista?
Dennis - Ainda não está claro para mim se a situação atual é pior do que em 1994, já que muita gente diz que naquela eleição Lula também estava muito à frente do candidato do governo. O problema é que em 1994 Fernando Henrique tinha um grande gatilho para crescer, que era o Plano Real. E nós não estamos vendo um gatilho agora para que o candidato do governo cresça nas pesquisas, seja ele Serra ou outro nome.
Talvez esse gatilho seja a campanha na TV. Ou o exemplo da situação social em outros países -principalmente um caso recente de voto extremo que elegeu alguém que não vou dar o nome mas você sabe de quem estou falando (ele se refere a Hugo Chávez, presidente da Venezuela)- faça com que as pessoas acabem optando pela confiabilidade do candidato do governo.
Folha - Por que o sr. baixou sua previsão de crescimento do Índice Bovespa, de 18,4 mil pontos para 16 mil pontos?
Dennis - Havíamos superestimado o crescimento do Ibovespa para 2002. Acho que a meta que prevíamos anteriormente só será atingida se o candidato petista perder as eleições de outubro, se a Argentina sair da crise e se a taxa Selic de juros receber cortes significativos, nessa ordem.
Folha - A avaliação pode mudar?
Dennis - Sim, mas não antes de julho ou agosto, no caso da taxa de juros e da crise argentina. Temo que a definição das eleições só aconteça nos últimos momentos, o que pode atrasar um novo ciclo de alta da Bovespa.
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