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09/05/2002 - 14h36

Lula vende imagem "light" e Serra tenta ser viável a empresários

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PATRÍCIA ZIMMERMANN
RICARDO MIGNONE
SANDRA MANFRINI

da Folha Online, em Brasília

Os pré-candidatos à Presidência que participaram hoje de encontro na CNI (Confederação Nacional da Indústria) procuraram mostrar um discurso palatável aos empresários e adotaram uma aura de "salvador da pátria".

O pré-candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, foi o primeiro a falar à platéia, formada pelos principais empresários do país. Mostrou um discurso "light" e aparentou tranquilidade. O petista defendeu a reforma tributária, disse ser contra a Alca, mas a favor do livre comércio, e falou na possibilidade de apoiar algumas mudanças na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). "O PT mudou para melhor", afirmou.

Já o pré-candidato do PSDB, José Serra, centrou seu discurso na viabilidade de sua candidatura. Afirmou ser o mais capaz de continuar os avanços do governo Fernando Henrique Cardoso, porém, com ênfase nas áreas sociais e "correções" pontuais na política econômica.

O petista disse que vai ganhar as eleições, a "despeito de todo o terrorismo ideológico e político que aparece a todo momento". E prometeu, se vencer, "criar o hábito da negociação". "Negociar é preciso", afirmou.

Entre os principais pontos defendidos pelo petista estão o investimento em infra-estrutura, ampliação da projeção do país no mercado internacional, controle da inflação e, ainda, investir mais para aumentar a produção e exportar, "para que mais empregos sejam gerados".

Lula aproveitou o debate com os empresários para criticar as agências de classificação de risco por ficarem dando "palpite" sobre a economia brasileira.

O pré-candidato lembrou que foram essas mesmas agências que recomendaram ao ex-presidente argentino Fernando de La Rúa que trouxesse de volta o ex-ministro da Economia Domingo Cavallo para salvar a Argentina. "E deu no que deu", afirmou.

Nos últimos dias, uma série de bancos internacionais, como o Merrill Lynch, Morgan Stanley, ABN Amro e Santander, rebaixaram suas recomendações de investimentos no Brasil. Por outro lado, outras instituições, como o JP Morgan e o Dresdner Bank, mantiveram suas avaliações positivas dos investimentos no Brasil.

Em defesa do governo
José Serra, que foi o terceiro a mostrar suas idéias, procurou passar a imagem de que pretende manter as principais metas do governo Fernando Henrique Cardoso, mas destacou o que considera "mudanças necessárias" na política econômica. Não faltaram, porém, elogios ao governo FHC e defesa da entrada no país na Alca.

O tucano destacou que, além da austeridade fiscal, é preciso persistir com as metas de inflação e com uma política cambial responsável.

O pré-candidato tucano afirmou que para crescer o Brasil precisa não só de uma Lei de Responsabilidade Fiscal, mas também de uma "lei de responsabilidade cambial". Para Serra, o Banco Central vem conduzindo a política de câmbio flutuante com responsabilidade.

A busca da produção e do emprego foram apontados pelo pré-candidato tucano como um dos grandes objetivos atuais, classificada por ele como "a terceira grande meta para o país desde os anos 80".

Ele elogiou FHC ao dizer que a segunda metade dos anos 90 marcou o início de práticas sociais inovadoras, que teriam sido confirmadas com os números do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgados ontem.

Críticas ao governo
Com um "economês" de ex-ministro da Fazenda, o pré-candidato da Frente Trabalhista à Presidência da República, Ciro Gomes, criticou a situação atual da economia do país em apresentação aos empresários da indústria.

O pré-candidato criticou a globalização, que chamou de "ideologia de quinta categoria que ganhou corações e mentes no Brasil". Segundo ele, a globalização "não é um jogo no qual se possa se entregar passivamente".

Ele destacou que o país teve nesta década a menor taxa de crescimento nos últimos 50 anos, com exceção do ano de 1994, quando cresceu 6,3%, quando foi ministro da Fazenda - para ele, os índices atuais são "vergonhosos".

Ciro apresentou também estatísticas sobre o mercado de trabalho, informalidade, falências e concordatas, inadimplência e carência de infra-estrutura para apresentar o cenário atual que o novo presidente terá que enfrentar.

Por fim, o pré-candidato defendeu quatro premissas básicas para o desenvolvimento do Brasil: poupança interna, sólida convergência entre setor público e iniciativa privada, sólido investimento em capital humano e capacidade de planejamento estratégico e de longo prazo.

Reformas tributária e econômica
O pré-candidato à Presidência da República pelo PSB, Anthony Garotinho, foi outro pré-candidato que defendeu a reforma tributária. "A reforma tributária tem que ser o ponto número um na agenda do próximo presidente", afirmou Garotinho.

No início do seu discurso, ele citou sua experiência adquirida quando era governador do Rio. Ele disse que é preciso acabar com impostos acumulativos, como CPMF, que, na sua opinião, estão tirando espaço da indústria brasileira no mercado nacional e inviabilizando a competição do país no exterior.

"Só o crescimento econômico irá garantir a estabilidade e a paz social do país", afirmou.

Garotinho defendeu, ainda, a redução do depósito compulsório dos bancos exigido pelo Banco Central, como medida para aumentar a oferta de crédito ao setor produtivo do país. "O crédito é fundamental para retomar a política de crescimento", afirmou.

Para o ex-governador do Rio, a redução da taxa básica de juros "não acarretará um processo inflacionário". Segundo ele, a alegação de que a queda dos juros provocaria a volta da inflação não procede, porque há uma redução da massa salarial e a economia está estagnada, o que impediria o avança da demanda e consequente escalada inflacionária.


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