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14/05/2002 - 08h07

Lula diz que pediu eleições a Fidel e diálogo a Chávez

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MURILO FIUZA DE MELO
da Folha de S.Paulo, no Rio

O pré-candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou ontem que, em encontro recente com o presidente Fidel Castro, defendeu eleições em Cuba, assim como pediu ao venezuelano Hugo Chávez que seu governo mantenha um diálogo aberto com a sociedade.

A afirmação foi feita ao ser perguntado por um repórter do jornal "New York Times" se, num governo petista, o Brasil se alinhará a Cuba e à Venezuela na política externa. O candidato petista falou para 60 jornalistas estrangeiros na sede da Acie (Associação dos Correspondentes de Imprensa Estrangeira no Brasil).

Lula afirmou que existe um "clima de terrorismo na sociedade brasileira" motivado por seu crescimento nas pesquisas eleitorais. Ele disse que as especulações no mercado financeiro refletem a má situação econômica brasileira.

"Sinceramente, acho que isso cheira muito mais a mutreta e a especulação do que a uma coisa mais séria. Deve ter algum espertinho ganhando dinheiro com isso, e posso garantir que não é do PT. Para mim, isso é politicamente errado e economicamente irresponsável. Acho que é criminoso fazer terrorismo barato a seis meses das eleições", afirmou.

O presidenciável considerou "absurdo" relacionar queda de Bolsa e retirada de fundos com pesquisas. Ele disse que chegou a 47% das intenções de voto no segundo turno da eleição presidencial de 1989 e o país não quebrou.

Jornalistas brasileiros ficaram de fora da entrevista a pedido da assessoria de Lula, segundo a entidade. Há 15 dias, Anthony Garotinho, do PSB, esteve na Acie. Sua entrevista pôde ser acompanhada pela imprensa brasileira.

A Folha teve acesso a uma gravação da entrevista. A maior parte dos correspondentes quis saber se Lula e o PT mudaram em relação a 1989. Ele respondeu que sim e que o PT está "maduro" para governar o país. Lula disse que a estabilidade é um compromisso partidário firmado no último Congresso Nacional do PT, em dezembro. "Não discutimos a estabilidade, que é uma conquista de 170 milhões de brasileiros."

Se for eleito, prometeu fazer um "governo de negociação", honrar os compromissos da dívida brasileira, respeitar a renegociação da dívida externa com o FMI e negociar as reformas tributária, previdenciária, trabalhista e política.

Lula criticou o presidente Fernando Henrique Cardoso. Para ele, FHC cometeu um "equívoco" ao se esforçar mais pela aprovação da reeleição, em 97, do que pela retomada do crescimento econômico. Um repórter quis saber se Lula concordava com o "discurso de esquerda" adotado nas viagens internacionais.

O presidenciável lembrou do discurso de FHC na Assembléia Nacional Francesa, em outubro, quando atacou a política externa norte-americana. "Qualquer um assinaria embaixo, só que o que ele fala lá, não faz aqui", disse.

Lula voltou a dizer que a Alca (Área de Livre Comércio das Américas) deve seguir o caminho da União Européia, que ajudou e protegeu países com menor desenvolvimento. "A Alca, tal como está pensada até agora, é mais uma política de anexação do que uma política de integração."

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