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14/05/2002 - 17h44

Coronel culpa governador pelas mortes em Eldorado de Carajás

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MAURÍCIO SIMIONATO
da Agência Folha, em Belém

O coronel Mário Colares Pantoja, comandante do Batalhão da PM durante o confronto de Eldorado do Carajás, responsabilizou hoje o governador do Pará, Almir Gabriel (PSDB), e o Comando Geral da PM pela morte de 19 sem-terra em 17 de abril de 1996.Outros 81 ficaram feridos, sendo 69 sem-terra e 12 PMs.

Pantoja afirmou ao juiz Roberto Moura ter recebido ordens por telefone do então comandante-geral da PM, Fabiano Lopes, para desocupar "de qualquer jeito" a chamada curva do S, na rodovia PA-150. O local estava bloqueado por cerca de 1.100 sem-terra, em Eldorado dos Carajás.

"Avisei que a missão era de risco e o coronel Lopes me disse: corra, vai que a ordem é do governador. Ele (Gabriel) já está chateado com o movimento e o senhor tem que cumprir", declarou Pantoja.

Em seu depoimento dado em 1999 na Justiça, o governador disse que mandou a PM desobstruir a área, mas de forma pacífica.

Pantoja afirmou ainda que tentou negociar a ida da tropa de choque da PM de Belém para o local, mas recebeu nova ordem do coronel Lopes. "O governador disse que não iria gastar um tostão e que eu desse o meu jeito com a tropa de Marabá."

Para o promotor Rui Barbosa, a acusação que Pantoja fez ao governador faz parte de sua estratégia de defesa. "Se ele alega que não tinha condição de desocupar a área, então que não o fizesse."

Para o advogado de defesa dos oficiais, Roberto Lauria, "quem falhou na época foi o Estado, que não apurou direito o caso". "É uma pirotecnia acusar todos os policiais. Os verdadeiros autores deveriam ter sido identificados na ocasião", disse.

Além de Pantoja, o capitão Raimundo José Almendra Lameira também prestou depoimento. Ele afirmou que a PM foi recebida no local por tiros disparados pelo MST. "A tropa recuou. O movimento veio para cima e os soldados atiraram para o alto."

Logo no início da sessão, às 9h40, o advogado Jânio Siqueira conseguiu separar o major José Maria de Oliveira do julgamento com os demais oficiais.

Oliveira será julgado sozinho no próximo dia 21. O advogado alegou que ele não estava a caminho do local no momento do confronto e por isso não poderia ser julgado em conjunto.

A sentença de Pantoja e Lameira será anunciada até sexta-feira. Hoje, deverão ser ouvidos os peritos Ricardo Molina e Fortunato Badan Palhares.

Pantoja caiu em contradição em relação a uma declaração dada em 1999, durante o julgamento anterior, que foi anulado.

O coronel disse na época ter mandado um soldado levar os mortos numa caminhonete para o IML da cidade de Curionópolis (PA), mas ontem declarou não ter visto sequer um morto ou ferido logo após o confronto.

Apesar do forte esquema de segurança com 210 soldados da PM cercando o TJ-Pará, nenhum manifestante do MST compareceu ao julgamento. Os familiares dos mortos boicotaram o júri.

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