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24/05/2002 - 06h55

País controlará enriquecimento do urânio

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CHICO SANTOS
da Folha de S.Paulo

A partir de julho o Brasil passará a integrar o grupo dos países que detêm, em escala comercial, o ciclo completo da tecnologia do combustível nuclear. A estatal INB (Indústrias Nucleares do Brasil) vai inaugurar sua fábrica de enriquecimento de urânio. Com tecnologia da Marinha, a fábrica funcionará nas instalações da empresa em Resende (cidade a 161 km do Rio), às margens do rio Paraíba do Sul.

O enriquecimento do urânio é a única fase do processo de transformação do minério em combustível para usinas nucleares que o Brasil ainda não detém, exceto em escala restrita.

Por meio de um contrato de US$ 130 milhões, com duração de oito anos, a Marinha está vendendo à INB as máquinas e a assistência técnica necessárias ao enriquecimento.

A tecnologia, chamada de ultracentrifugação, foi desenvolvida pela Marinha em Aramar (SP), em parceria com o Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas de São Paulo) e a USP (Universidade de São Paulo). O objetivo da Marinha era obter o combustível para viabilizar o submarino nuclear brasileiro, que ainda está em construção .

O enriquecimento de urânio começará em escala pequena, correspondente a cerca de 10% das cem toneladas anuais necessárias para a troca de combustível das usinas nucleares de Angra 1 e 2.

Segundo Éverton de Almeida Carvalho, assessor especial da presidência da INB, a idéia é atingir a auto-suficiência em cinco anos. No futuro, a INB pretende transformar-se em exportadora de urânio enriquecido, em prazo não estipulado.

Carvalho disse que o aumento da produção depende do aumento do número de máquinas centrífugas existentes na fábrica. A INB não revela quantas máquinas estarão operando na fase inicial.
A empresa permitiu que a reportagem visse o galpão onde irão operar as máquinas, mas não permitiu o acesso às instalações onde elas ficarão.

De acordo com os técnicos da INB, somente seis países detêm a tecnologia de enriquecimento de urânio em escala comercial: Estados Unidos, Rússia, França, Alemanha, Holanda e Inglaterra.
O Brasil será o sétimo. Estados Unidos e França usam a tecnologia chamada de fusão gasosa que, segundo os técnicos, é mais cara e menos moderna que a de ultracentrifugação.

Economia
O enriquecimento do urânio representa 35% do processo de fabricação do combustível nuclear. Segundo Carvalho, o Brasil gasta hoje US$ 40 milhões por ano enviando o minério semibeneficiado _na forma de um bolo amarelo, ou "yellow cake", no jargão nuclear_ para ser enriquecido pelo consórcio Urenco, formado por empresas da Alemanha, Holanda e Inglaterra.

Mesmo passando a fazer o enriquecimento aqui, o Brasil continuará enviando o "yellow cake" para o exterior, pois não há no país fábrica para fazer a gaseificação do bolo, etapa que antecede o enriquecimento.

Segundo os técnicos da INB, a gaseificação representa 3% do custo total do processo de produção do combustível nuclear. Isso, segundo eles, torna economicamente inviável fazê-la na quantidade que o Brasil precisa, embora o país domine a tecnologia.
 

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