Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
26/05/2002 - 10h05

Garotinho usa rádio para conquistar votos

Publicidade

MURILO FIUZA DE MELO
da Folha de S.Paulo, no Rio

Desde que assumiu publicamente a pré-candidatura à Presidência, em dezembro, o ex-governador do Rio Anthony Garotinho (PSB) mantém um hábito diário: falar para rádios do Brasil inteiro. Seja onde estiver, a partir das 7h, já está no ar. Em média, concede dez entrevistas por dia.

Radialista desde os 16 anos, Garotinho sabe da importância do veículo em sua corrida ao Planalto. Graças, em boa parte, ao rádio, foi eleito deputado estadual, foi duas vezes prefeito de Campos (RJ), sua terra natal, e em 98 chegou ao governo do Rio.

"O rádio supre a nossa deficiência de tempo na televisão", diz Elysio Pires, responsável pelo marketing político de Garotinho.

Depois do programa nacional do PSB na TV, em 16 de maio, o partido só contará com algumas inserções em São Paulo e no Maranhão antes do início do horário eleitoral gratuito, em agosto.

Hoje, além das entrevistas a rádios do país inteiro, Garotinho comanda um programa diário de dez minutos na FM Melodia, do Rio, que é retransmitido para seis capitais. A emissora, de linha evangélica, é a líder entre as FMs cariocas. São 200 mil ouvintes por minuto, segundo o Ibope.

Aos sábados, desde que deixou o governo, em abril, comanda ainda o "Show do Garotinho", com duas horas de duração na Tupi AM, também no Rio. A rádio está em segundo lugar entre as emissoras AM da capital, com 400 mil ouvintes por minuto.

As duas emissoras atingem um público específico: o das classes C, D e E, que se concentra nas regiões metropolitanas das grandes cidades, segmento em que Garotinho tem o melhor desempenho em pesquisas de intenção de voto.

Pela lei eleitoral, Garotinho poderá conduzir programas de rádio até o dia 30 de junho.

Para Elysio Pires, a grande vantagem do rádio é o seu poder de convencimento, por causa da aproximação entre o ouvinte e o candidato. "Neste momento, há muito pouco voto consolidado e, no rádio, a tendência do Garotinho de convencer o ouvinte é muito forte, justamente porque ele conhece e sabe usar o veículo como ninguém", afirma Pires.

O marqueteiro explica que, nas entrevistas que dá pelo Brasil afora, o presidenciável faz questão de saber previamente a área de cobertura da rádio, porque assim pode falar com o ouvinte fazendo referência à região onde mora. "Isso estabelece uma relação muito íntima do comunicador com o público ouvinte", diz Pires.

Como a maioria dos políticos, ele também aproveita as atrações populares do rádio para dar um tom mais agressivo às críticas a adversários. No começo do mês, em um programa de rádio de Teresina (PI), chegou a acusar Serra de estar usando dinheiro das privatizações em sua campanha e de estar "comprando gente" com sua "candidatura milionária".

Além disso, costuma fazer promessas já se apresentando como candidato -o que, antes de julho, pode ser considerado crime eleitoral. Duas semanas atrás, por exemplo, o ex-governador afirmou, na rádio Capital AM (SP): "No meu governo, o jovem vai ter o crédito educativo garantido."

Desde sua primeira eleição, a deputado estadual pelo PDT, em 1986, Garotinho nunca ficou longe do rádio. Na época, tinha um programa em uma emissora de Campos e, dos seus 35 mil votos, 80% vieram dos campistas.

"A oligarquia da cana-de-açúcar, que dominava Campos há décadas, nunca teve propostas para a área social e Garotinho, no rádio, supriu a deficiência. Por exemplo, a prefeitura não dava auxílio funeral para seus servidores. Quem é que fazia o enterro? Era o programa dele. Garotinho passou a ser para a população mais humilde aquele que desenvolvia uma política social na cidade", diz o economista Ranulfo Vidigal, que acompanha o ex-governador desde a juventude.

Com o amigo Vidigal e o auxílio do PDT, Garotinho montou, em 1987, um instituto de pesquisa. Os dois tabulavam sondagens de opinião, que orientavam o programa de rádio. A estratégia levou o então deputado a se eleger prefeito de Campos, em 1988.

Em 1996, Garotinho foi novamente eleito prefeito de Campos, com 70% dos votos. Dois anos antes, fora derrotado pelo tucano Marcello Alencar na eleição para o governo do Estado.

Em 1998, com a ajuda do rádio e do eleitorado do PT, que indicou a então senadora Benedita da Silva para a vaga de vice de sua chapa, Garotinho ganhou a eleição de governador contra o atual prefeito da cidade do Rio, Cesar Maia, então no PTB.

Colaborou RANIER BRAGON, da Agência Folha

Leia mais:
  • Radialista que vira político é clientelista, dizem estudiosos

  • Programa popular de rádio vira palanque na Bahia

  • Rádio é ideal para acusações de políticos sem o "outro lado"

  • "O que faço é troca de favores", diz o locutor Paulo Lopes

  • Candidatos exploram vale-tudo do rádio

  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página