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02/06/2002 - 04h04

Em Vitória (ES), José Serra entra no samba

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RAYMUNDO COSTA
enviado especial a Vitória

A euforia dos assessores não deixava margem a dúvidas: "Liga para o Nizan, liga para o Nizan", diziam uns aos outros. Era 1h da madrugada de sábado. José Serra caíra no samba na praia Curva da Jurema, em Vitória.

Vindo de Petrolina (PE), o presidenciável tucano chegou à capital do Espírito Santo pouco depois das 21h de sexta. Tinha almoço marcado para ontem à tarde com a família da deputada Rita Camata, indicada pelo PMDB para compor a chapa do tucano como candidata a vice.

Após rápida passagem pelo hotel para tomar um banho e trocar de roupa, estava na casa do prefeito da cidade, Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB), também o coordenador de seu programa de governo, para o jantar.

Tomou uma taça de vinho e comeu cappelletti. Duvidou que o senador Pedro Simon (RS), seu ex-candidato a companheiro de chapa, tenha estimulado a idéia de uma aliança do PMDB com o PT. Aos quatro minutos da madrugada de sábado, Rita a tiracolo, estava no "Chopp Vitória", uma barraca em frente a um braço do mar, lugar da mais concorrida roda de samba das noites de sexta em Vitória.

Tímido ao chegar, Serra dispensou "um chopinho" oferecido por um dos proprietários da casa, Helder da Rosa Faria. "Desculpe, mas eu acabei de tomar vinho", recusou, polidamente. Reconhecido, animou-se com declarações de intenção de voto, mas surpreendeu-se com manifestações inesperadas.

"Tem de mudar a Constituição. Ela é vermelha. Tem de acabar com os sindicatos", arremeteu um dos frequentadores. Serra estava cercado de auxiliares que pertenceram ao antigo PCB. Foi salvo pelos músicos, que ensaiaram os primeiros acordes.

"Amélia"

Enquanto Rita Camata circulava com leveza por entre as mesas, o tucano parecia entediado. Até que foi tirado para dançar por Tássia Regino, mulher de Edison Ortega, um dos integrantes da equipe que cuida do programa de governo do candidato. Sambista, Tássia aprovou o desempenho do senador.

Serra nem precisou montar em jegue ou comer buchada de bode, como fez Fernando Henrique Cardoso em 1994, para dar ares populares à sua campanha. Animado, reuniu-se aos músicos, tocou e cantou na roda de samba. Sorrisos, só os de Rita.

"Leva meu samba, meu mensageiro...", entoou Serra, enquanto tamborilava um pandeiro. Típica turma do bolinha: Serra, Vellozo Lucas, o senador Ricardo Santos (PSDB) e músicos locais nos instrumentos, em volta de uma mesa servida de chope, e Rita Camata, as amigas e as mulheres dos assessores, atrás, dançando sozinhas. Contrariando a torcida, Serra não tirou Rita Camata para dançar.

"Liga para o Nizan", entusiasmou-se um assessor ao ver Serra atacar um pandeiro e cantar "Amélia", aquela que era "mulher de verdade", fazendo coro com Rita e com Vellozo Lucas.

No pandeiro ou no tantã (um tipo de tambor africano), revelou intimidade com músicas e letras de Ataulfo Alves, Mário Lago, Adoniran Barbosa, Haroldo Barbosa e Wilson Batista. Sabia de cor "Trem das Onze", "Saudosa Maloca", "Amélia". Foi o único a lembrar a letra completa de "Emília" (Emília, Emília, Emília, vem me consolar). Puxou o "Samba do Ernesto", mas os companheiros de roda custaram a achar o tom. A execução ficou pela metade.

Serra deixou a roda de samba na primeira hora da madrugada. Entre um samba e outro, ainda se lembrou de pedir para um assessor todo o material produzido pelo Greenpeace sobre energia eólica, em recente reunião realizada em Jacarta.

Novo comitê

O comitê central da campanha de Serra será transferido para uma casa nos Jardins, em São Paulo. O prédio alugado em Brasília, que não será desativado, além de pouco funcional, teria um "ar de derrota". O de São Paulo, transpiraria "vitória".


 

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