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25/06/2002 - 07h37

Para economistas, carta reduz "ambiguidade" do PT

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LIA HAMA
RAFAEL CARIELLO

da Folha de S.Paulo

A "Carta ao Povo Brasileiro", lida pelo candidato Luiz Inácio Lula da Silva no sábado, alcançou um dos objetivos desejados pelo PT, diminuindo a imagem de ambiguidade do partido com relação à política de estabilidade econômica. Essa é a opinião de economistas ouvidos pela Folha.

O PT vinha sendo criticado por tentar adotar um discurso "tranquilizador", ao mesmo tempo em que nos documentos do partido propunha uma "ruptura" com o atual modelo econômico. Na carta, Lula firma o compromisso de um possível futuro governo petista com a política de controle da inflação e com a manutenção da atual meta de superávit primário.

"A carta não diminui totalmente a imagem de ambiguidade do partido [em relação à política econômica], mas resolve 80% do problema", afirma Sérgio Werlang, diretor do Itaú e ex-diretor do Banco Central, para quem o discurso de Lula foi um sinal "extremamente positivo".

Segundo Werlang, a declaração do petista foi bem recebida pelo mercado, tendo sido o pano de fundo para a alta da Bovespa e para a queda do dólar ontem.

Para o deputado federal Antonio Delfim Netto (PPB-SP), o ponto mais importante do pronunciamento foi o fato de Lula ter deixado claro que, quanto aos compromissos econômicos futuros, "ninguém fala pelo partido a não ser ele", Lula.

Segundo Delfim, a carta elimina "uma boa parte das incertezas" do mercado financeiro com relação às intenções do PT. O discurso demonstraria que o partido "tem o entendimento de que não dá para fazer muito antes de resolvida a dependência externa".

Para Paulo Nogueira Batista Jr., professor de economia da FGV (Fundação Getúlio Vargas), o discurso de Lula foi "extremamente habilidoso". "Ao mesmo tempo em que concorda com certos aspectos da atual política econômica, mostra um discurso de mudança, sem deixar de fazer as críticas merecidas ao governo."

O economista-chefe do Citibank, Carlos Kawall, diz que não há por que duvidar do compromisso do PT com a estabilidade e que a carta de Lula foi "um passo positivo, na direção correta".

Tanto Nogueira como Kawall, no entanto, afirmam ser necessário aguardar mais detalhes sobre o programa econômico do PT. "Um julgamento mais preciso depende do detalhamento do programa do partido", diz Nogueira. Kawall chega a dizer que seria bem-visto o anúncio da possível futura equipe econômica.

Para Luiz Gonzaga Belluzzo, professor da Unicamp, a carta de Lula foi um sinal positivo, mas outras questões inquietam os investidores. "Há outros fatores, como a fragilidade da economia. A instabilidade é estrutural e vem de muito tempo atrás."
 

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