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25/06/2002 - 16h37

PF diz que se baseou em denúncia anônima para grampear petistas

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CAMILO TOSCANO
da Folha Online

A Polícia Federal diz ter se baseado em declarações anônimas para pedir a quebra de sigilo telefônico do prefeito de Santo André, João Avamileno, e de outras três pessoas ligadas à administração petista na cidade.

A informação foi dada nesta terça-feira pelo delegado Gilberto Tadeu, porta-voz da PF, em entrevista coletiva convocada para falar das acusações feitas ontem por lideranças do PT de que telefones de integrantes do partido estariam grampeados.

"Tínhamos os números dos telefones, com base em denúncias anônimas", afirmou o delegado, que divulgou uma nota oficial sobre o assunto.

Segundo Tadeu, a PF não checou os proprietários dos aparelhos telefônicos. Entre eles estão o ex-secretário de Governo de Santo André, Gilberto Carvalho, o secretário de Serviços Municipais, Klinger Luiz de Oliveira Souza, e Ivone de Santana, namorada do prefeito assassinado.

"Acho que o crime [a morte do prefeito de Santo André Celso Daniel, em janeiro] justificava isso [a quebra dos sigilos], a urgência do caso justificava", disse.

Gilberto Tadeu afirmou que a Polícia Federal trabalhava com três hipóteses de autoria do assassinato de Celso Daniel que justificavam a quebra de sigilo: as Farb (Frente de Ação Revolucionária Brasileira), motivação política e narcotráfico.

Ele não quis se pronunciar sobre a possibilidade de a PF ter "enganado" o juiz-corregedor do Dipo (Departamento de Inquéritos Policiais), Maurício Lemos Porto Alves, que concedeu a autorização para a quebra dos sigilos. "O juiz ainda não se pronunciou. Ele tem esse material há muito tempo", afirmou Tadeu.

A possibilidade de a PF ter "enganado" o juiz foi levantada ontem por lideranças do PT e se baseia no fato do pedido de grampo ter sido encaminhado a Maurício Lemos Porto Alves com a alegação de que se estava investigando denúncias de narcotráfico.

O PT acusa também a PF de não ter enviado ao juiz trecho de um relatório interno no qual afirma-se que o Ministério Público Estadual (MPE) iria utilizar a investigação da morte de Celso Daniel para apurar contratos da Prefeitura de Santo André.

O delegado não deu informações sobre o conteúdo dos depoimentos e das declarações anônimas da investigação porque correm sobre sigilo de Justiça. Ele também negou que o MPE tenha recebido informações sobre esses depoimentos ou sobre o resultado das escutas telefônicas. "Somente o juiz teve conhecimento."

Durante a entrevista coletiva, Gilberto Tadeu ficou irritado com uma pergunta de um repórter e chegou a questionar se ele trabalhava para o PT. Diante da insistência em saber o por quê de a PF basear-se em denúncias anônimas para pedir a quebra de sigilo, o delegado deixou a sala e encerrou a entrevista.

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