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30/06/2002 - 03h33

"O malufismo não passa de populismo irresponsável", diz Alckmin

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da Folha de S. Paulo

Candidato à reeleição, o governador Geraldo Alckmin nega que tenha adotado um discurso de direita no combate à violência no Estado.

Rota na rua, "mas para operações especiais", afirma o governador Alckmin.

No entanto, o candidato ao governo do Estado pelo PSDB apareceu nas inserções estaduais de seu partido neste primeiro semestre pré-eleitoral usando o jargão que é próprio de malufistas.

Para Alckmin, o discurso continua o de sempre.

"O discurso é o mesmo. Polícia tem de ser firme, decidida, para proteger a população. É essa a determinação. Para isso estamos agindo em todas as áreas do policiamento ostensivo", propagandeia o governador.

"Aliás a Rota já está na rua, ela está na rua 24 horas", completa.

Parafraseando o presidenciável de seu partido, José Serra, Alckmin afirma que quer ser governador para "pisar no acelerador".

"Sonho com outro mandato para fazer o Estado crescer ainda mais, gerar emprego, melhorar a vida da pessoas. Esse é o centro do programa", afirma.

O governador é discreto nas críticas aos adversários.

Considera José Genoino, candidato do PT, bem intencionado, mas sem experiência administrativa.

Todas as críticas são direcionadas ao candidato do PPB, Paulo Maluf.

Para ele, o malufismo é uma política que tem o olho no retrovisor.

"Um populismo debochado".

Leia abaixo os principais trechos da entrevista concedida ontem à Folha, antes da reunião que definiria o nome do vice.

Folha - Os tucanos já estão há oito anos no governo. O que o sr. pretende fazer com mais quatro anos?

Alckmin - Com Mário Covas, o PSDB fez um trabalho importante de recuperação do Estado. São Paulo deu o exemplo para o Brasil de ajuste fiscal sem aumentar a carga tributária. Recuperamos a capacidade de investimento do Estado.
Tenho enorme alegria no meu trabalho, ânimo, entusiasmo, e no próximo mandato é pisar no acelerador. Eu estou há quinze meses no governo. Nosso projeto é nos prepararmos para esse novo mundo, onde as mudanças são muito rápidas e o caminho é a educação para o trabalho. Desenvolvimento, geração de emprego e educação para o trabalho.

Folha - Qual o programa de governo do sr.?

Alckmin - Sonho com outro mandato para fazer o Estado crescer ainda mais, gerar emprego, melhorar a vida da pessoas. Esse é o centro do programa.

Folha - Os adversários do senhor vão dizer que o senhor não teve pulso para resolver o problema da segurança pública.

Alckmin - Eu confio no julgamento popular. O povo erra muito menos do que as nossas elites. O povo sabe escolher. E a população sabe que essa questão da segurança pública, que não vai resolver num passe de mágica, não vai ser na base da promessa. Segurança é trabalho, muito trabalho. E a polícia está vencendo uma batalha todo dia. É só sair na rua para você ver o esforço que está sendo feito e o resultado, inclusive, desse esforço. Nós estamos virando o jogo.

Folha - O sr. concorda com a frase que "bandido bom é bandido morto"?

Alckmin - Não. E não é isso que estamos fazendo, você tem aqui os números. Se você tem confronto a polícia, tem de agir e prender os criminosos. Mas a polícia tem agido no estrito limite da lei.

Folha - "Rota na rua" é um slogan adequado para definir sua política de segurança pública?

Alckmin - A Rota é importante. O slogan adequando é policiamento ostensivo. A Rota é para operações especiais. Falo com tranquilidade porque foi eu quem aumentei a Rota (criou a 4ª Companhia). A Rota é para agir nos chamados casos de saturação.

Folha - Mas o sr. foi para a TV falar "Rota na rua".

Alckmin - Mas para operações especiais.

Folha - O discurso do sr. parece cada vez mais com o da direita.

Alckmin - O discurso é o mesmo. Polícia tem de ser firme, decidida, para proteger a população. É essa a determinação. Para isso estamos agindo em todas as áreas do policiamento ostensivo [...]. Aliás a Rota já está na rua, ela está na rua 24 horas. Mas está na rua orientada, em termos de operações especiais. Uma coisa não contradiz a outra. Estamos aumentando o efetivo para o policiamento ostensivo de rua.

Folha - A defesa intransigente dos direitos humanos é uma maneira de proteger bandidos?

Alckmin - É evidente que não. É muito fácil você comparar como melhorou a eficiência da polícia. No Carandiru, houve uma rebelião em um pavilhão e 111 mortos. No ano passado enfrentamos uma megarrebelião: 27 presídios se rebelaram simultaneamente. Controlamos todas. Há dois casos que foram levados para averiguação (mortes em confronto). Cada vez você vai aprimorando treinamento e a eficiência. A polícia pode ser dura e firme sem desrespeitar os direitos humanos.

Folha - Como conciliar obras e ações sociais com o tamanho da dívida do Estado?

Alckmin -Fico abismado quando vejo candidatos dizendo que o Estado não foi saneado [em entrevista à Folha, Maluf disse que os tucanos quebraram o Estado]. O governador Mário Covas não fez uma dívida. O governo renegociou a dívida, pagou 20% por meio da venda de ativos e o restante ficou com juros de 6%. Estamos rigorosamente em dia. Nós herdamos uma situação de caos, enfrentamos o problema e estamos preparando um futuro bem melhor porque estamos resolvendo o problema.

Folha - Como o sr. definiria o malufismo?

Alckmin - É o perdedor e o atraso. Perdedor porque perde todas as eleições. As poucas que ganhou quem perdeu foi o Estado, porque ele quebrou tanto o Estado quanto a Prefeitura. E o atraso porque é uma política que tem o olho no retrovisor. Um populismo debochado da década de 50. Totalmente irresponsável.

Folha - E o covismo?

Alckmin - Fui aluno de uma grande escola. Covas é uma escola de política séria, que fala a verdade. Ele dizia que o povo prefere um "não" explicado a um "sim" que não pode ser cumprido. É a política da verdade, da responsabilidade.

Folha - Como o sr. definiria os seus adversários?

Alckmin - Estou preocupado com o eleitor. Quero que eles votem em mim. Vou trabalhar muito para isso. Eu aprendi que eleitor não erra. Ele só precisa ter todas as informações para acertar.

Folha - O que o sr. acha do José Genoino (candidato do PT ao governo do Estado)?

Alckmin - Acho ele bem intencionado, mas acho que tem de ter experiência administrativa. Deveria começar pela Prefeitura. Governar um Estado do tamanho de São Paulo sem experiência administrativa não é fácil.

Folha - E do Fernando Morais (candidato do PMDB)?

Alckmin - Acho um bom escritor. Gosto muito dos livros dele.

Folha - Qual é a sua característica que mais o desagrada?

Alckmin -Acho que é cobrar demais as pessoas.

Folha - E a que mais agrada?

Alckmin - Gosto muito de trabalhar. O pessoal daqui [do Palácio dos Bandeirantes] diz que meu nome é trabalho, mas que podem me apelidar de hora extra.

Folha - Qual o maior mérito e o maior defeito da gestão FHC?

Alckmin -O maior mérito foi a estabilização dos preços, que minha geração não conhecia, e a criação da rede de proteção social, inegavelmente, como por exemplo a queda da mortalidade infantil. O demérito... acho que foi a dificuldade em realizar três reformas, que devem ser feitas pelo próximo presidente, que será [José] Serra. São as reformas tributária, política e da previdência.

Folha - O sr. acha que a gestão atual da política econômica pode lhe tirar votos?

Alckmin - Acho que não. Embora a gente viva dificuldades, e o quadro atual não é fácil, eu acho que a população reconhece o esforço do presidente Fernando Henrique. Acho que ele fez um governo histórico, que inegavelmente avançou na área social. Mas, como todo governo, tem dificuldades.

Folha - Os marqueteiros do sr. querem que durante a campanha o sr. se diferencie da imagem do governador Covas.

Alckmin - Eu não vou mudar. Não vou mudar. E não tenho marqueteiro. Eu tenho uma produtora. Acho que a gente tem de ser como é. Aprendi com o meu pai. E tentar sempre melhorar. É obrigação de um governo fazer obras. Temos de ter princípios e valores que norteiam uma administração.

 

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