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03/07/2002
-
09h05
CLÁUDIA DIANNI
da Folha de S.Paulo
A visita do presidente do México, Vicente Fox, ao Brasil e à Argentina representa um último esforço do Mercosul para pressionar os Estados Unidos a concordarem em liberar dinheiro do FMI (Fundo Monetário Internacional) para a Argentina, que negocia um empréstimo com a instituição desde o fim de 2001.
Fox chegaria ontem à noite a Brasília e deve embarcar hoje para Buenos Aires, para participar da reunião de cúpula do Mercosul, que ocorre até sexta-feira.
Depois do fracasso das gestões do presidente Fernando Henrique Cardoso junto ao presidente americano, George W. Bush, e da equipe econômica brasileira junto ao FMI, Fox transformou-se na possibilidade de ponte entre os EUA e a Argentina.
Hoje o presidente mexicano cumpre a agenda de visitas oficiais. Terá encontros com políticos, empresários e autoridades do Legislativo e do Judiciário. Também irá conversar com os candidatos à Presidência. No fim da tarde, parte para Buenos Aires.
O presidente da Argentina, Eduardo Duhalde, quer fazer de Fox o grande mediador nas negociações com os EUA. Ele chegou a propor que Fox, FHC e os presidentes do Uruguai, Jorge Battle, do Chile, Ricardo Lagos, e da Venezuela, Hugo Chávez, formassem uma frente latino-americana para convencer a comunidade internacional a ajudar a Argentina, evitando que a grave crise do país se alastre por toda a região.
De acordo com o subsecretário de Assuntos Econômicos do Itamaraty, Clodoaldo Hugueney, dificilmente haverá essa frente.
Mas diplomatas brasileiros afirmam que só o fato de Fox estar presente à reunião da Argentina, onde será assinado um acordo comercial entre Brasil e México, vai contribuir para transmitir a mensagem de que a América do Norte também pode ser afetada.
Fox chegou a admitir que o México poderia sofrer com a instabilidade na região. Em entrevista à Folha no último domingo, porém, o mexicano disse que a economia de seu país gravita na órbita do dólar e estaria imune às turbulências no subcontinente.
Como o México, junto com EUA e Canadá, faz parte do Nafta (Área de Livre Comércio da América do Norte), Duhalde espera que Fox convença os EUA de que é melhor liberar o empréstimo antes que o efeito Argentina se alastre. Nesse caso, o México também poderia ser afetado, não só pelo efeito nervoso dos mercados, mas pelos laços seus comerciais.
Com mais de 80% de suas exportações direcionadas ao mercado norte-americano, o México pretende diversificar os parceiros comerciais. Neste ano, o país concluiu acordo com a União Européia. O acordo que o México assina com o Brasil em Buenos Aires já foi firmado com os demais parceiros do bloco do Cone Sul.
Até 2006, as quatro parcerias deverão convergir para um único acordo de livre comércio entre México e Mercosul. A aproximação política do México com a América do Sul foi promessa de campanha de Fox, que se elegeu em julho de 2000.
Mercosul usa presidente do México para pressionar EUA
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da Folha de S.Paulo
A visita do presidente do México, Vicente Fox, ao Brasil e à Argentina representa um último esforço do Mercosul para pressionar os Estados Unidos a concordarem em liberar dinheiro do FMI (Fundo Monetário Internacional) para a Argentina, que negocia um empréstimo com a instituição desde o fim de 2001.
Fox chegaria ontem à noite a Brasília e deve embarcar hoje para Buenos Aires, para participar da reunião de cúpula do Mercosul, que ocorre até sexta-feira.
Depois do fracasso das gestões do presidente Fernando Henrique Cardoso junto ao presidente americano, George W. Bush, e da equipe econômica brasileira junto ao FMI, Fox transformou-se na possibilidade de ponte entre os EUA e a Argentina.
Hoje o presidente mexicano cumpre a agenda de visitas oficiais. Terá encontros com políticos, empresários e autoridades do Legislativo e do Judiciário. Também irá conversar com os candidatos à Presidência. No fim da tarde, parte para Buenos Aires.
O presidente da Argentina, Eduardo Duhalde, quer fazer de Fox o grande mediador nas negociações com os EUA. Ele chegou a propor que Fox, FHC e os presidentes do Uruguai, Jorge Battle, do Chile, Ricardo Lagos, e da Venezuela, Hugo Chávez, formassem uma frente latino-americana para convencer a comunidade internacional a ajudar a Argentina, evitando que a grave crise do país se alastre por toda a região.
De acordo com o subsecretário de Assuntos Econômicos do Itamaraty, Clodoaldo Hugueney, dificilmente haverá essa frente.
Mas diplomatas brasileiros afirmam que só o fato de Fox estar presente à reunião da Argentina, onde será assinado um acordo comercial entre Brasil e México, vai contribuir para transmitir a mensagem de que a América do Norte também pode ser afetada.
Fox chegou a admitir que o México poderia sofrer com a instabilidade na região. Em entrevista à Folha no último domingo, porém, o mexicano disse que a economia de seu país gravita na órbita do dólar e estaria imune às turbulências no subcontinente.
Como o México, junto com EUA e Canadá, faz parte do Nafta (Área de Livre Comércio da América do Norte), Duhalde espera que Fox convença os EUA de que é melhor liberar o empréstimo antes que o efeito Argentina se alastre. Nesse caso, o México também poderia ser afetado, não só pelo efeito nervoso dos mercados, mas pelos laços seus comerciais.
Com mais de 80% de suas exportações direcionadas ao mercado norte-americano, o México pretende diversificar os parceiros comerciais. Neste ano, o país concluiu acordo com a União Européia. O acordo que o México assina com o Brasil em Buenos Aires já foi firmado com os demais parceiros do bloco do Cone Sul.
Até 2006, as quatro parcerias deverão convergir para um único acordo de livre comércio entre México e Mercosul. A aproximação política do México com a América do Sul foi promessa de campanha de Fox, que se elegeu em julho de 2000.
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