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23/07/2002 - 05h45

Ministro afasta ex-integrante de entidade supostamente paramilitar no ES

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IURI DANTAS
da Folha de S.Paulo, em Brasília

O superintendente da Polícia Rodoviária Federal no Espírito Santo, João Adilson Scalfoni, foi afastado do cargo pelo ministro da Justiça, Paulo de Tarso Ramos Ribeiro. Integrante da entidade supostamente paramilitar Scuderie Detetive Le Cocq entre 1988 e 1989, ele continuará na polícia.

Para substituí-lo foi nomeado Faride Sipauba, que era o superintendente no Estado do Tocantins.

Scalfoni integrava, até ontem, a cúpula da missão especial convocada pelo governo federal para combater o crime organizado no Espírito Santo. O ministro tomou a decisão depois de a Folha ter revelado ontem que o superintendente fora filiado à entidade.

Segundo a assessoria do ministério, a medida visa resguardar a "isenção" e o "objetivo" da missão especial que o governo federal criou para combater o crime organizado capixaba, após o procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, arquivar pedido de intervenção no Estado.

Na semana passada, Scalfoni disse que manteve silêncio sobre sua filiação à Scuderie "porque ninguém perguntou". A Folha não conseguiu falar com Scalfoni até a conclusão desta edição. Ele não poderia atender à reportagem por estar em reunião.

A missão especial é uma espécie de "intervenção branca" no Estado. Um grupo composto por 57 policiais federais e cinco promotores foi enviado há uma semana ao Espírito Santo para identificar possível envolvimento de autoridades, como policiais, deputados e membros do Judiciário, com a criminalidade.

Os promotores federais utilizam a estratégia de duplo envolvimento -em crimes federais e estaduais. Assim, os suspeitos serão processados pela Justiça Federal.

Intervenção
A Ordem dos Advogados do Brasil pediu ao Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH) a intervenção federal no Estado. Segundo o Ministério Público, a entidade Scuderie Detetive Le Cocq seria uma das agremiações capixabas com atuação criminosa.

Aprovada pelo CDDPH, a intervenção foi arquivada por Brindeiro. Sentindo-se desautorizado no cargo, o advogado Miguel Reale Júnior, então ministro da Justiça, pediu demissão da pasta.

Após a pressão de entidades e da comissão de direitos humanos da Câmara, o presidente Fernando Henrique Cardoso aprovou uma alternativa à intervenção, batizada de "missão especial".

De acordo com a assessoria de imprensa do Ministério da Justiça, a parte operacional da Polícia Rodoviária Federal na missão especial já estava a cargo do inspetor Faride Sipauba, mas Scalfoni foi afastado para que não houvesse dúvidas sobre os objetivos do governo.

A Folha apurou que Sipauba foi indicado pelo diretor da Polícia Rodoviária Federal, Álvaro Henrique Viana de Moraes, tendo o nome aceito pelo ministro.

Durante o dia de ontem, representantes do Fórum Reage Espírito Santo e da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados telefonaram para o ministro para cobrar providências. A exoneração de Scalfoni foi anunciada às 16h50.

Faride Sipauba, 48, é superintendente em Tocantins desde março de 2000 e policial rodoviário federal há 23 anos. Formou-se em direito pela Universidade de Brasília. Ele está no Espírito Santo desde sexta-feira, acompanhando os trabalhos da missão especial.

Dizendo-se "surpreso" com a nomeação, afirmou que tem mais perfil operacional que administrativo. Antes da exoneração de Scalfoni, a Polícia Federal no Estado divulgou nota considerando desnecessário seu afastamento da missão. Segundo a nota, "qualquer acusação contra a idoneidade do inspetor Scalfoni deverá ser avaliada a partir de provas, caso contrário corre-se o risco da leviandade".
 

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