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31/07/2002 - 07h15

Na Fiesp, Lula ataca Ciro e passividade de empresários

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PLÍNIO FRAGA
FÁBIO ZANINI
da Folha de S.Paulo

Em encontro de mais de duas horas com empresários na sede da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), ontem pela manhã, o candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, criticou o adversário Ciro Gomes (PPS), voltou a atacar o governo e cobrou do empresariado uma atitude menos passiva na política nacional.

Sobre a subida do dólar, afirmou que o governo deveria tomar medidas para evitar que a elevação "mate alguém do coração" e, com ironia, disse que nunca viu o ministro da Fazenda, Pedro Malan, tão "alquebrado".

A primeira referência a Ciro foi em relação ao Acordo de Ouro Preto, assinado pelo ex-ministro da Fazenda em 1994, que zerou alíquotas de produtos comercializados no Mercosul, com exceções que teriam sido prejudiciais à indústria brasileira. "Se vocês não cobraram isso do Ciro quando ele esteve aqui, foram covardes", disse. Segundo a Fiesp, Ciro foi questionado sobre o assunto em sua palestra, na semana passada.

A segunda referência foi quando abordou sua proposta de salário mínimo, que reafirmou pretender dobrar em quatro anos. "De vez em quando chega um esperto e diz que vai aumentar para US$ 100 [proposta de Ciro]. Não digo que vou aumentar em dólar, vou aumentar em real, porque o trabalhador que ganha mínimo não sai comprando dólar", disse.

Também pediu para que as pessoas analisem "quem está por trás de cada candidato". "Tem que ver qual é a seleção do Felipão, para não correr o risco de votar na seleção da Argentina ou da França", disse, em referência ao desempenho na Copa do Mundo.

Passividade
Para Lula, os empresários têm se mantido passivos em relação a políticas governamentais, seja na pressão para a redução da taxa de juros ou em atos como a aquisição de plataformas da Petrobras de empresas do exterior.

"Não entendo não haver reação de vocês", disse, sobre as compras da Petrobras. Criticou ainda empresários que se dizem "apolíticos", mas acabam financiando políticos. Chegou a citar como exemplo o ex-deputado Hildebrando Paschoal (AC), condenado por relação com narcotráfico.

No único momento em que foi interrompido por aplausos, disse que os empresários seriam "notados" em seu governo. "É uma contradição, um paradoxo, o PT ter de ganhar a eleição para dar representação a vocês no Copom [Comitê de Política Monetária"."

A palestra foi acompanhada por 420 empresários -mais do que Ciro (340) e Anthony Garotinho (180). José Serra ainda não compareceu. Lula recebeu deles aplausos mornos e foi questionado sobre temas como mercado de capitais e redução da jornada.

Lula citou uma frase do dramaturgo alemão Bertolt Brecht (1898-1956) para estimular os empresários a financiar candidatos sérios: "Quem não gosta de política é governado por quem gosta".

O candidato petista procurou, em sua palestra, desfazer a imagem de confrontação de seu partido com a Fiesp. Em 1989, o então presidente, Mário Amato, afirmou que 800 mil empresários deixariam o país caso ele vencesse.

"Hoje temos muito mais concordâncias que discordâncias com os empresários, na questão da necessidade de produzir, de fazer reforma tributária." Referindo-se a documento divulgado pela Fiesp, o petista afirmou que muito do que ali está poderia constar "do manifesto da CUT".

Bem-humorado, o candidato chegou a "anunciar" na palestra o presidente do PT, José Dirceu, como integrante de sua equipe econômica. Depois, em entrevista, disse que era "brincadeira".

Veja também o especial Eleições 2002
 

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