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31/07/2002 - 09h18

Em jantar, PIB dá apoio a Serra, mas pede mudanças

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MÔNICA BERGAMO
da Folha de S.Paulo

Alguns dos principais empresários do país se reuniram anteontem, em São Paulo, num jantar reservado em torno de José Serra, candidato tucano à Presidência. O encontro foi organizado por Luiz Felipe D'Ávila, diretor-superintendente da Editora Abril, e por sua mulher, Ana Diniz, do grupo Pão de Açúcar. O empresário Abílio Diniz, pai de Ana e dono da empresa, estava presente.

Entre os convidados estavam Pedro Moreira Salles (Unibanco), Márcio Cypriano (Bradesco), Carlos Ermírio de Moraes (Votorantim), Milú Villela (Itaú), Ivan Zurita (Nestlé), Horacio Lafer Piva, presidente da Fiesp, o publicitário Luiz Salles, o ex-presidente do BNDES André Lara Resende e o ex-ministro das Comunicações Luiz Carlos Mendonça de Barros.

A reunião foi organizada para que os empresários, preocupados com a possibilidade de vitória de Ciro Gomes (PPS) ou de Lula (PT), dessem sugestões ao candidato. Foi uma reunião de eleitores de Serra preocupados com o tom da campanha e achando que as coisas têm que mudar, segundo definiu à Folha um dos presentes.

D'Ávila abriu o jantar (peito de pato, camarão, vinho Borgonha, champanhe e, de sobremesa, sorvete de nata) afirmando que, se a eleição se decidisse apenas pela trajetória e currículo dos candidatos, Serra seria aclamado. "Mas não é só isso. É preciso vender a imagem de um futuro melhor."

Realista
André Lara Resende foi ainda mais realista. Fez duras críticas à política econômica e responsabilizou o governo de Fernando Henrique Cardoso pela atual crise. Conclamou Serra a explicitar as mudanças que pretende fazer e a mostrar que é "o mais hábil" para gerir a grave situação do país.

Mendonça de Barros seguiu na mesma linha, afirmando que, se Serra não explicitar as diferenças em relação a FHC e ao ministro da Fazenda, Pedro Malan, dificilmente ganhará as eleições.

Nas últimas semanas, o candidato fez o contrário: participou de um almoço com Malan e de outro com FHC, numa estratégia de "colar" sua imagem à do governo.

"O que eu e o André falamos é que as pessoas têm que acordar pois a situação econômica é muito complicada. Alertei que o PIB vai ser negativo no último trimestre. O Malan sempre defendeu que o crescimento seria consequência da estabilidade, mas o Brasil não cresceu nada nos últimos anos", diz Mendonça.

"Dissemos que o Serra tem que deixar muito claro para a população que vai mudar a política econômica. Se não, vai ficar numa situação muito difícil. Ele tem que oferecer a utopia de que nós vamos retomar o crescimento." Para o ex-ministro, "não só a era FHC acabou" como "a lembrança dos últimos anos é muito ruim".

Alma
Para Mendonça, "Serra não está conseguindo passar a imagem de que vai conseguir liderar esse processo. Em resumo, ele tem que mostrar a alma".

Coube ao publicitário Nelson Biondi, coordenador do marketing da campanha tucana, defender a estratégia adotada e tentar convencer os presentes de que a má situação de Serra nas pesquisas pode ser revertida.

"Vocês estão criticando a campanha antes de ela começar", afirmou. O publicitário explicou que a campanha não tem hoje "o controle da comunicação", pois não há horário eleitoral gratuito, e a imagem que aparece do candidato é a que a mídia transmite.

"E as notícias, nos últimos meses, foram quase todas negativas", disse. Como exemplo, ele citou o caso de Roseana Sarney, em que Serra apareceu como suspeito de "armação" contra a pré-candidata, e as denúncias envolvendo Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-tesoureiro de campanhas tucanas.

Horário eleitoral
"Quando tivemos o controle da comunicação, com o horário do partido, em março, ele subiu. A partir de agosto, vamos ter o controle novamente", afirmou Biondi. Ele afirmou ainda que 46% dos eleitores ainda não definiram o voto. E que a metade dos 54% que declaram a preferência ainda pode mudar de candidato.

Ao falar, Serra mostrou, com números, que a exposição de Ciro foi quase duas vezes maior do que a dele. Disse que Ciro teve direito a 4 mil GRPs (unidade que mede a exposição na mídia) em 23 dias, enquanto ele teve cerca de 2 mil GRPs em três meses.

Reafirmou ainda seu compromisso com mudanças e afirmou que elas devem ficar claras nos programas gratuitos de TV, em agosto.

Veja também o especial Eleições 2002
 

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