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15/08/2002 - 15h46

Leia íntegra da 1ª parte, em que Garotinho se apresenta

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da Folha Online

Leia abaixo a íntegra da primeira parte da sabatina do candidato Anthony Garotinho (PSB), feita por jornalistas e leitores da Folha de S.Paulo. O evento acontece no Teatro Folha, em São Paulo.

Participam da sabatina Eleonora de Lucena, editora-executiva da Folha, Clóvis Rossi e Gilberto Dimenstein, colunistas e membros do Conselho Editorial do jornal, e Marcelo Beraba, diretor da Sucursal do Rio de Janeiro da Folha.

Garotinho é o terceiro presidenciável a participar do ciclo "Candidatos na Folha", que começou segunda-feira, com Luiz Inácio Lula da Silva. Ciro Gomes foi ouvido na terça. Amanhã será a vez de José Serra.

Clóvis Rossi Bom, boa tarde a todos, eu sou Clóvis Rossi, colunista e membro do Conselho Editorial da Folha de S.Paulo e moderador dessa sabatina com o governador Anthony Garotinho cuja presença eu começo por agradecer. Queria agradecer acima de tudo a presença dos leitores aos quais o evento é destinado e informar um pouco das regras que a rigor são só é uma questão de tempo. Ou seja, o governador terá 10 minutos para fazer a sua apresentação inicial. Depois o bloco seguinte será formado de perguntas dos 4 jornalistas da Folha de S.Paulo que são Eleonora de Lucena, Gilberto Dimenstein, do Conselho Editorial da Folha e colunista e o diretor da Sucursal do Rio de Janeiro da Folha, Marcelo Beraba. E o último bloco então ficaria para as perguntas da platéia. Eu pediria que as perguntas fossem encaminhadas por escrito com nome completo, telefone, quando houver e-mail e profissão, não para qualquer tipo de grampo dos leitores, mas para que as perguntas que não puderem ser feitas possam ser encaminhadas ao candidato para que eles eventualmente as respondam diretamente aos leitores. E eu, quando fizer a pergunta do leitor, vou pedir para que ele se identifique para que possa ser fotografado, de novo não é para o SNI interno da Folha, ou mandado de segurança, e para que eventualmente o leitor apareça no noticiário, como ocorreu com as duas últimas sabatinas.
A última sabatina dessa série com o candidato José Serra, às 15h de amanhã. Na segunda-feira começam as sabatinas dos candidatos ao governo de São Paulo. Segunda-feira, Fernando Morais, na terça-feira, Antônio Cabrera, na quarta-feira, Geraldo Alckmin, na quinta-feira, Paulo Maluf, e na segunda-feira, fechando a série, José Genoíno. Todas as 15h. Os leitores que quiserem se inscrever devem ligar para o para o 3224.7624, de segunda a sexta-feira, das 10 às 17 horas. Vou pedir licença ao governador para tratá-lo de você, não fica bem um velhinho como eu tratar um garotinho de senhor, passo a palavra para que faça a sua apresentação inicial.

Garotinho: Bom eu quero cumprimentar a você Rossi, a Eleonora, Beraba, ao Gilberto, aos jornalistas da Folha aqui presentes, aos jornalistas de outros veículos que vieram para presenciar esse debate e agradecer aqui a presença do meu vice, deputado José Antônio Almeida, também do nosso candidato ao governo do estado de São Paulo, nossos candidatos ao Senado, e dizer que é muito importante para a democracia brasileira essa oportunidade que a Folha de São Paulo confere aos candidatos. Nesse tempo de 10 minutos eu gostaria de fazer uma exposição bem clara e objetiva do que me leva a ser candidato a Presidente da República. Em primeiro lugar eu considero que o principal problema do Brasil hoje é a falta de um projeto. Se você perguntar a qualquer brasileiro de qualquer extrato social como ele vê o país daqui a um ano, dois anos, ele certamente não saberá responder porque a falta de um projeto nacional de desenvolvimento levou o país a uma situação de medidas de curto prazo, medidas que não têm relacionamento entre si. Para nós do Partido Socialista Brasileiro, é fundamental o estabelecimento de um projeto nacional de desenvolvimento. Para esse projeto nacional de desenvolvimento o nosso programa, que eu teria a oportunidade de deixar com você, que está na nossa página na internet (www.garotionho40.com.br). Nós elencamos todos os pontos que nós consideramos prioritários. Como nós temos apenas 10 minutos, eu destaquei aqueles 5 que são fundamentais que sejam implantados para que nós possamos ter um novo paradigma em relação ao atual modelo econômico que hoje está sendo implementado no nosso país. O primeiro é que o paradigma atual é do sistema financeiro, ou seja, nós temos um modelo que privilegia o sistema financeiro em detrimento do setor produtivo. Então a primeira mudança que nós pregamos é a mudança de rumo da economia brasileira onde os instrumentos do governo e do estado devam ser voltados para o incentivo à economia real. A atividade econômica concreta, por isso, nós destacamos um ponto primordial, fundamental. Para cada um desses 5 ítens que eu vou elencar eu vou apenas dar uma proposta das muitas propostas que nós temos para cada um desses temas. Então para esse primeiro ítem, a mudança do paradigma do sistema financeiro para o sistema produtivo, a nossa principal medida é uma reforma tributária que desonere as exportações e o setor produtivo e desloque o eixo da cobrança do imposto para o consumo, como se dá na maioria dos países desenvolvidos.
O segundo é que a falta de um modelo definido levou o país, durante anos, ao modelo de concentração de renda. Queremos um modelo que seja de distribuição de renda, o modo de concentração de renda onerou este país de profundas desigualdades com milhões de brasileiros vivendo abaixo da linha da pobreza, se fala em 41%, outros falam em 50%, não há um número preciso, cada hora aparece um número diferente, mas 13 milhões de pessoas desempregadas, um salário mínimo muito baixo. Então é preciso que esse modelo seja um modelo voltado a distribuir melhor a riqueza nacional. Não é crescimento, é outra coisa. Em outras etapas da vida pública brasileira o país já cresceu, porém cresceu concentrando renda nos mesmos setores. Nós falamos da distribuição de renda. Para isso, a medida que nós vamos adotar, a medida prioritária será a elevação do poder de compra do salário mínimo. Nós acreditamos ser essa a medida mais eficaz em substituição a medidas compensatórias, políticas compensatórias que são importantes, mas não conseguem resolver o problema de uma forma tão ampla como a elevação do salário mínimo, a recomposição do valor do salário mínimo. O terceiro ponto é que embora o governo afirme que a grande conquista do seu período de 8 anos seja a estabilidade econômica, para nós não houve estabilidade econômica, esse modelo foi baseado na instabilidade econômica. Nós queremos, em contraponto ao modo dessa instabilidade, implantar um programa que dê estabilidade econômica. Por que nós dizemos isso? Estabilidade econômica é uma palavra muito mais ampla, estabilidade econômica não é controle de preços, que é o que o país tem hoje, estabilidade econômica pressupõe um país que tenha uma capacidade de exportação condescendente com suas necessidades. Estabilidade econômica significa controle de câmbio, não controle de controlar, mas que o câmbio não fique com essas variações. Estabilidade econômica pressupõe uma série de outras medidas macroeconômicas que o governo não adotou. A única medida, a única conquista do governo é a estabilidade de preços, é diferente de estabilidade econômica. Para isso nós vamos usar um plano global de metas. Ao invés de estabelecer apenas metas de inflação, nós queremos metas de crescimento, nós queremos metas de exportação, metas para as políticas sociais. Então ao invés de se fixar apenas em metas econômicas, nós desejamos ter um plano de metas globais para todos os setores da economia.
O quarto ponto é que o modelo econômico gerou um país de grande estagnação e nós queremos trocar esse paradigma da estagnação econômica pelo crescimento. Crescimento com uma ferramenta fundamental, será a principal que nós vamos usar e que foi abolida no atual governo, a do planejamento estratégico. Planejamento estratégico significa olhar o país com uma visão de curto, médio e longo prazo. O governo infelizmente não trabalhou com o planejamento estratégico, foram todas medidas de curtíssimo prazo e isso prejudicou demais o modelo de crescimento brasileiro com taxas muito pequenas, muito inferiores às necessidades do país. O Brasil precisaria crescer, no mínimo, a uma média de 5% a 7% ao ano, só para incorporar os jovens que chego ao mercado de trabalho. Como a sua política foi voltada para o sistema financeiro, não foi uma política voltada ao setor real da economia, nós tivemos taxas muito pequenas, taxas insignificantes, que geraram esse déficit na criação de empregos e, de uma forma geral, em todo o processo econômico brasileiro. Para isso é preciso que se adotem medidas que nós poderemos até expor aqui ao longo da nossa explanação.
O quinto ponto que eu gostaria de destacar é que nós vamos precisar trocar o nosso modelo de inserção no mundo globalizado. O Brasil não pode se fechar, porém a sua forma de inserção no mundo globalizado tem que se dar de forma soberana e não dependente da forma como o Brasil está se inserindo hoje. Todos os acordos na área comercial, como os seus acordos políticos, como agora nós estamos vendo no caso da base de Alcântara, são acordos nocivos a soberania nacional. Nós sabemos que relações comerciais, relações econômicas são importantes, mas o interesse nacional deve ser preservado. A inserção do Brasil tem que ser uma inserção soberana tanto na negociação da dívida quanto na negociação nos mercados em que o Brasil tem acesso, procurar diversificar seus parceiros comerciais e políticos. E para isso, a primeira medida a ser adotada é o Brasil assumir o seu papel de líder da América do Sul. O grande fracasso da política externa do governo Fernando Henrique foi a prioridade dada ao Mercosul que fracassou, hoje nós temos crise no Uruguai, crise na Argentina e crise no Brasil, então é preciso retomar essa política (...) como líder da América do Sul, um líder natural pela sua população, pelo seu tamanho, pela sua economia, pelo poder de influência que tem. Como líder da América do Sul o Brasil poder ter negociações mais soberanas em relação ao mundo globalizado de hoje. E não essa relação de dependência, de subserviência que cria, para nós, brasileiros, uma visão de um país deprimido, de um país humilhado (...)
Eu acredito que como introdução para esse encontro aqui na Folha, a questão do projeto nacional e esse projeto nacional com novos paradigmas, mas e cada um desses paradigmas com as suas prioridades. O primeiro paradigma, recapitulando apenas: sair do sistema financeiro, ou seja, uma economia totalmente voltada para o sistema financeiro para um setor produtivo, medida prioritária, reforma trigbutária. A segunda, sair do modelo concentrador de riquezas para um modelo de distribuição de renda, medida principal: elevação do poder de compra do salário mínimo. Terceira medida, adotar uma política de estabilidade contra uma política de instabilidade. Ferramenta fundamental, que o país use um plano de metas globais para todos os setores da vida nacional. Trocar a política de estagnação, baixas taxas de crescimento, por uma política de crescimento sustentado de médio e longo prazo e para isso temos que usar o planejamento estratégico e deixar a posição de negociação com dependência, com subserviência para uma negociação mais firme, mais independente no cenário internacional, assumindo assim a liderança da América do Sul.
Eram essas as minhas considerações iniciais. E acredito que essa seja uma visão geral do programa que o Partido Socialista Brasileiro apresenta hoje à sociedade brasileira.

Leia todas as íntegras:



  • 1ª pergunta respondida por Garotinho a jornalistas


  • 2ª parte das perguntas dos jornalistas


  • 3ª parte das perguntas dos jornalistas a Garotinho


  • Íntegra da última parte de perguntas de jornalistas


  • 1ª parte das perguntas da platéia


  • 2ª e última parte das perguntas da platéia



  • Leia mais
    Especial Eleições 2002
     

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