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15/08/2002 - 16h04

Leia a íntegra da 1ª pergunta respondida por Garotinho a jornalistas

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da Folha Online

O candidato Anthony Garotinho responde à primeira pergunta dos jornalistas, sobre o acordo do Brasil com o FMI. Garotinho diz que pretende conversar, segunda-feira, com o presidente Fernando Henrique Cardoso, para questionar pontos do acordo. Disse também que, se eleito, pretende reduzir o ganho dos bancos, com pagamento de mais impostos. Acompanhe a íntegra:


Clóvis Rossi: Os jornais de hoje lhe atribuem a afirmação de que o senhor renunciaria a sua candidatura se lhe apontasse um único país que fez um acordo bem sucedido com o FMI. Eu lhe apontaria o exemplo da Coréia e pergunto se esta afirmação é verdadeira, o senhor renuncia ao vivo e em cores a candidatura... em face do acordo entre FMI e Coréia.

Garotinho: Eu disse que gostaria que me apresentasse um país que tivesse seguido o receituário integral do Fundo Monetário Internacional e tenha sido bem-sucedido, pelo que eu sei, pelo que eu li, pelo que eu conversei com as autoridades coreanas, eles jamais seguiram integralmente o receituário do Fundo Monetário Internacional, pelo contrário, fizeram acordos com o Fundo Monetário Internacional, porém adotaram medidas de acordo com a sua realidade. Tanto é que a Coréia hoje é um país que tem 43 milhões de habitantes e consegue exportar US$ 154 bilhões por ano. Enquanto o Brasil, um país de 170 milhões de habitantes exporta pouco mais de US$ 50 bilhões por ano.

Clóvis Rossi: Eu posso deduzir então que a sua negociação, o Presidente Garotinho com o Fundo Monetário Internacional, será feita, não haverá um rompimento com o Fundo, ao contrário do que dizem alguns jornais de hoje, mas será feita em moldes, digamos, coreanos ou de acordo com as características brasileiras, ou não será feita, haverá um rompimento com o Fundo?

Garotinho: Será feito de acordo com os interesses nacionais. Eu me recordo bem quando eu assumi o governo do Rio de Janeiro havia uma negociação colocada na mesa feita pelo governo anterior, o governo que me sucedeu no Rio de Janeiro. E ela era extremamente ruim para o Estado. Por isso então fui ao ministro da Fazenda, Pedro Malan, e disse a ele: ministro eu gostaria de ter a oportunidade de honrar os compromissos do Rio de Janeiro, porém fazendo um novo acordo. Ele disse: senhor governador, as regras são iguais para todos. 6% de juros ao ano, comprometimento de 13% da receita líquida real, 30 anos. Acontece que o seu Estado está tão endividado pelo governo que o sucedeu que nós tivemos que aplicar uma taxa de juros para corrigir o estoque da dívida de 9% ao ano. Eu disse: o senhor poderia me conceder a oportunidade de criar, dentro dos seus critérios estabelecidos uma contraproposta? Ele disse: perfeitamente. E nós criamos uma contraproposta. Apresentamos à União, ela foi super bem-sucedida a ponto de, no final, o Rio de Janeiro ser elogiado, conforme os jornais na época colocaram, inclusive a própria Folha de S.Paulo chegou a dizer que o acordo tinha sido muito bom para o Rio de Janeiro, que os outros governadores deveriam questionar o que foi feito para o Rio de Janeiro. Mas isso foi a arte de negociar. Nós não estamos pregando nenhum tipo daquela massa, nós entendemos que o governo brasileiro tem negociado mal contra os interesses das empresas nacionais, contra o interesse do povo brasileiro. O governo Fernando Henrique foi um péssimo negociador da dívida pública brasileira e da economia brasileira nos fundos internacionais.

Marcelo Beraba: Governador só uma coisa em relação ao acordo. Porque naquela ocasião o senhor tinha uma carta na manga que era a questão dos royalties do petróleo.

Garotinho: Não tinha.

Marcelo Beraba: Tinha.

Garotinho: Quem ofereceu essa proposta fui eu. .

Marcelo Beraba: Tanto tinha que ela foi utilizada.

Garotinho: O royaltie petróleo existia no governo anterior por que o governo anterior não utilizou o mesmo.

Marcelo Beraba: De qualquer maneira não tinha no volume que veio a ter em seguida. Agora aquelas cartas que o senhor poderia ter hoje, o Brasil na situação que está, para o senhor fazer uma negociação nessa negociação contudo o FMI? ou fora?

Gilberto Dimenstein: O que você pretende propor ao Presidente segunda-feira?

Garotinho: Bom eu queria dizer o seguinte Beraba, eu não sabia também que eu teria essa possibilidade dos royalties do petróleo, eu entrei com a disposição de negociar e buscando a solução. Eu encontrei a solução. A questão do Brasil, eu preciso saber como é que eu vou herdar o Brasil. Nós não sabemos as condições reais. Eu espero que na segunda-feira o presidente seja franco e abra para os que querem administrar o Brasil a situação real do país. Porque veja, a dívida com a união era de R$ 26 bilhões, o salário dos funcionários estava atrasado, uma parcela do décimo terceiro atrasada, os fornecedores não recebiam há 8 meses e havia 400 milhões de dívida com empreiteiros. Todos apostavam no Rio de Janeiro que não chegaria ao quarto mês da administração. Você sabe, porque você é jornalista no Rio, nós renegociamos a dívida, colocamos a dívida rigorosamente em dia, estabelecemos um novo calendário de pagamento para o funcionalismo, trazendo-se o pagamento para o dia, porque no Rio de Janeiro se recebia no dia do mês seguinte, as pessoas trabalhavam meses para receber um mês de salário e organizamos as finanças públicas a ponto de investirmos a maior quantidade de recursos em obras públicas já investida nos últimos anos no Rio de Janeiro. Então eu não sei, mas certamente há um caminho. Eu me recuso a acreditar que um país que tenha as administrações do Brasil, as riquezas do Brasil, o parque industrial que o Brasil tem, o parque tecnológico que o Brasil tem, o Brasil não tenha saída, claro que o Brasil tem saída.

Gilberto Dimenstein: O que será proposto ao presidente segunda-feira? o acordo será aceito ou ressalvaso... O acordo é expúrio?

Garotinho: Nós estamos preparando um documento que está sendo coordenado pelo Dr. Tito River, economista que coordena a minha equipe na área econômica, e nós entregaremos um documento que questiona alguns pontos do acordo. Primeiro ponto do acordo a ser questionado é a redução das reservas cambiais brasileiras para bilhões. Ora, todo mundo sabe que para o Brasil fechar as contas esse ano precisa de 18 bilhões. Incluindo as dívidas das empresas privadas brasileiras da ordem de bilhões. Se o governo está liberando, o Fundo Monetário Internacional está liberando para o governo apenas bilhões e autoriza que o Brasil use mais bilhões das reservas, então faltam bilhões. O próximo presidente da República já entra pressionado por uma crise cambial. Então não terá outra saída a não ser recorrer aos outros recursos que estar ao disponíveis pelo Fundo Monetário Internacional a partir de revisão de metas a assinar o termo de adesão à Alca, é uma situação muito complicada.

Eleonora de Lucena: Como o senhor agiria num quadro como esse? O senhor...

Garotinho: Seu som não está saindo.

Eleonora de Lucena: O senhor teria uma posição?

Eleonora de Lucena: Não seria uma posição mais anti-americana do que o atual governo? O senhor acha que o atual governo não agiu corretamente, foi fraco na... eu queria que o senhor explicasse melhor um ponto específico da sua introdução que foi a questão do controle do câmbio. Eu não entendi bem...

Garotinho: Não é câmbio controlado.

Eleonora de Lucena: Isso que eu estou querendo que o senhor explique melhor, o senhor está descrevendo uma armadilha e a questão da crise cambial que é possível que ocorra, que o senhor acha que é possível que ocorra, o senhor imagina algum tipo de controle de câmbio?

Garotinho: Vou logo explicar essa stual situação do câmbio, eu disse no terceiro item, quando eu falei de uma política de instabilidade versus uma política de estabilidade. Eu disse que um dos pontos que mostra que não há política de estabilidade, como apregoa o governo, é que o próprio câmbio no Brasil vive para lá e para cá. Mostrei outros pontos de falta de estabilidade no país.

Clóvis Rossi: O importante é saber como você cria a estabilidade no câmbio. Eu entendi que você não vai impor a famosa palavra controle de câmbio, mas enfim eu quero saber como você controle o câmbio. Não depende da vontade do presidente da República.

Garotinho: Você só controla o câmbio se tiver metas globais para o governo, uma delas é uma de exportação reorganizando as cadeias produtivas brasileiras para que nós possamos exportar mais.

Eleonora de Lucena: Governador, isso todo mundo concorda com essa saída, mas é uma saída.

Garotinho: Concorda, mas não fizeram. Atendam ao interesso nacional, é meu dever, como presidente do país. Agora, as medidas que atendam ao interesse nacional serão tomadas dentro de um princípio de racionalidade, de lógica. Nós não vamos sair atropelando a realidade dos fatos. Jamais faremos isso. Agora, é preciso também que as pessoas entendam que há uma falácia, o Ministro da Economia vive dizendo, há anos, são sólidos os fundamentos da economia brasileira. Mas que solidez é essa? Você tem déficit em transações correntes, déficit na balança comercial, você tem um câmbio explosivo, você tem uma política...

Gilberto Dimenstein: Déficit na balança comercial?

Garotinho: Agora, teve durante a maior parte do governo. Estamos falando este ano, não tem este ano porque você está com o dólar do tamanho que está. Você está criando exportação artificial. Então eu quero deixar claro que não há fundamentos sólidos da economia, você não trabalha com políticas que levem o país a ter uma economia real sólida, a economia brasileira tem apresentado graves problemas porque ela foi direcionada a um único setor da economia, o grande beneficiado do governo Fernando Henrique, o setor financeiro os bancos.

Eleonora de Lucena: O senhor vai tomar alguma atitude para reduzir o ganho dos bancos, que medidas seriam essas?

Garotinho: Não tenha a menor dúvida.

Eleonora de Lucena: Quem vai perder na gestão garotinho, os bancos?

Garotinho: Com certeza vão ser taxados, vão ter que pagar mais impostos. Hoje os bancos brasileiros têm lucros exorbitantes.

Gilberto Dimenstein: Vão ter que pagar quanto de imposto?

Garotinho: Isso vamos detalhar no momento oportuno. Mas que vão pagar, vão.

Leia todas as íntegras:

  • Apresentação do candidato


  • 1ª pergunta respondida por Garotinho a jornalistas


  • 2ª parte das perguntas dos jornalistas


  • 3ª parte das perguntas dos jornalistas a Garotinho


  • Íntegra da última parte de perguntas de jornalistas


  • 1ª parte das perguntas da platéia


  • 2ª e última parte das perguntas da platéia


  • Leia mais
    Especial Eleições 2002
     

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