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15/08/2002 - 16h41

Leia íntegra da 3ª parte das perguntas dos jornalistas a Garotinho

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da Folha Online

Garotinho fala sobre segurança, de como agiu, durante seus três no governo do Rio, para diminuir os sequestros e os homicídios.

Gilberto Dimenstein: Agora governador, é mais fácil enfrentar a crise de capitais ou a segurança?

Garotinho: Olha, eu diria a você que a segurança hoje, em grande parte, decorre da fuga de capitais e do modelo econômico equivocado que o Brasil...

Gilberto Dimenstein: Já tinha segurança há algum tempo. O que é mais difícil para alguém?

Garotinho: O modelo econômico brasileiro é um modelo perverso de concentração de riqueza e você há de convir que a violência tem duas formas clássicas que são conhecidas, a delinqüência e o crime organizado. E a delinqüência deriva sempre da falta de oportunidade das pessoas. Isso está provado aqui, nos Estados Unidos, na Inglaterra, em qualquer lugar do mundo. A falta de oportunidade, a falta falta de esperança, a falta de perspectiva leva os jovens brasileiros a delinqüência e... em diversos casos, depois o tráfico de drogas, o crime organizado pinça as pessoas da delinqüência para a segunda etapa, a mais grave.

Gilberto Dimenstein: Pela situação que se vê hoje no Rio de Janeiro, sua gestão foi eficiente ou não no combate, na segurança?

Garotinho: Os números falam mais do que eu. Quando eu assumi no Rio de Janeiro, nos três anos que me antecederam, o Rio de Janeiro teve 243 seqüestros, nos anos de 95, 96 e 97. Na minha gestão, 99, 2000, 2001. No total dos três anos foram 32 seqüestros, sendo que no último ano, cinco, os cinco resolvidos com as quadrilhas presas sem pagamento de resgate. Cinco seqüestros em todo o Estado do Rio. Isso é menos do que qualquer cidade da região, como São Paulo, não vou falar nem da capital.

Marcelo Beraba: Homicídios?

Garotinho: Homicídio ficou estável com tendência de queda. Nós tivemos em relação ao governo anterior uma diferença de 4.000 pessoas a menos.

Marcelo Beraba: Governador, os números que nós publicamos não indicam isso. Indicam o seguinte, houve uma queda no homicídio, o senhor concorda que é um indicador importantíssimo para isso que o Gilberto está levantando. Houve uma queda no já no governo Marcello Alencar e o senhor manteve, se a gente for pegar a taxa.

Garotinho: Você está concordando comigo.

Marcelo Beraba: O senhor manteve numa taxa altíssima. Altíssima. Os três anos.

Garotinho: Você está fazendo a comparação errada, Beraba.

Marcelo Beraba: Por quê?

Garotinho: Você só pode comparar coisas iguais, só pode comparar os primeiros três anos de um governo com os primeiros três anos de um governo. Não pode comparar três anos finais com três anos iniciais.

Marcelo Beraba: Não houve critério. O senhor manteve na faixa dos 40 por 100 mil. O senhor concorda? 40 por 100 mil.

Garotinho: Com licença, só uso o critério internacional, o critério internacional é comparar períodos iguais com números iguais. Estados Unidos, Inglaterra, na França, no Japão em qualquer lugar do mundo.

Marcelo Beraba: O senhor pode comparar um ano com o anterior.

Garotinho: Não.

Marcelo Beraba: Eu não posso também?

Garotinho: Mesmo mês do mesmo ano com o mesmo mês do ano anterior.

Marcelo Beraba: Com essa comparação, ainda assim, os seus indicadores de homicídio são iguais ao do último ano.

Garotinho: 5.000 a menos do que o governo Marcello Alencar.

Clóvis Rossi: Se você mesmo disse que a taxa era altíssima, vale a mesma lógica que você empregou para o FMI. Ninguém gosta de hospital, ninguém gosta do clima de insegurança brutal em São Paulo, Rio e outras grandes metrópoles brasileiras, se você manter um grau de insegurança altíssimo...

Garotinho: Não quero ser dono dono da verdade. Mas acontece que as pessoas do Rio de Janeiro, elas viveram os três anos do meu governo . Eu me baseio na aprovação do meu governo por um instituto insuspeito, o Datafolha. Vocês fizeram seis rodadas de pesquisas sobre a avaliação dos governadores do Brasil. Nas seis rodadas de pesquisa, eu fiquei sempre ou em primeiro ou em segundo.

Marcelo Beraba: Nós não estamos discutindo avaliação.

Garotinho: Um dos governadores mais bem avaliados do Brasil. Você acha que alguém tem condições de ser bem avaliado no Rio de Janeiro se for mal na segurança pública.

Marcelo Beraba: Não estamos discutindo avaliação.

Garotinho: Claro é resultado.

Marcelo Beraba: Políticas futuras num país que tem problemas seríssimos. Um dos problemas seríssimos levantado pelo Gilberto é o programa da segurança. O senhor investiu muito em segurança, muito em segurança.

Garotinho: E resultados positivos aconteceram.

Marcelo Beraba: Alguns resultados importantíssimos nós não tivermos alteração. Eu pergunto para o senhor o seguinte, em que aquela política o que senhor imaginou, o senhor chegou a escrever um livro.

Garotinho: Dois.

Marcelo Beraba: Dois livros sobre política de segurança, aplicou, investiu e no final a gente tem um resultado de dificuldade muito grande em o que senhor acha que deve, pode ter errado, deve haver modificação, em que essa política de segurança que o senhor aplicou pode ter furos?

Gilberto Dimenstein: Não é mistificação jogar a culpa na sua sucessora pela explosão que teve agora?

Garotinho: Não.

Marcelo Beraba: Não tem nada a ver com a avaliação, governador, tem a ver com política do futuro, responsabilidade futura.

Garotinho: A política de segurança do meu governo foi muito boa. Aprovada pela população. O fracasso da política atual, a governadora levou um secretário para o Rio de Janeiro que não conhece o Estado, é de Brasília, não mantém o princípio da autoridade que é fundamental, não enfrentou a questão do corporativismo das instituições que é muito forte e deixou que essas situações fossem se levando lá dentro do governo com uma série de declarações erradas. Esse é o problema. Segundo, eu quero deixar bem claro, qual é o problema hoje da violência no Brasil? 75% dos crimes estão ligados ao tráfico de drogas e ao tráfico de armas. Quem é, constitucionalmente, está na Constituição do país, o responsável por tráfico de drogas e tráfico de armas? É o governo estadual? É o governo de São Paulo? É o governo do Rio? Não, é o governo federal, omisso. Não cumpriu seu papel, não guardou as fronteiras brasileiras. Permitiu que se entrasse armas e drogas à vontade dentro do país. Cadê a nossa fronteira? Hoje parece uma peneira, passa tudo. No último ano do meu governo nós recolhemos, apreendemos 12 mil armas em mãos de traficantes. De onde vem essas armas? Todo mundo sabe que vem da Colômbia, da Bolívia e do Paraguai. Todo mundo sabe. Onde é que estava a Polícia Federal para cumprir o seu papel? Bravo para a Polícia Federal que não tem mais homens, 5.000 homens, operários racionais na polícia. Então, vamos lá. Houve aquele plano federal. Que governo federal cumpriu do seu plano nacional de segurança? Saiu distribuindo cheque para os governadores, sem uma política definida. Presidente da República vamos implantar uma Guarda Nacional, reorganizar a Polícia Federal, montar um sistema de inteligência esse é o papel do governo . É muito cômodo.... Empurrar a culpa para os governadores. Agora mas o Governo Federal tem a sua responsabilidade, isso não é dado meu, 75% dos crimes em torno das grandes cidades, Rio, São Paulo, Porto Alegre, Recife , Vitória, 75% tráfico de drogas e tráfico de armas. Constitucionalmente responsabilidade federal.

Marcelo Beraba: Governador, por exemplo, essa questão da inteligência. No âmbito estadual, concorda? Quer dizer tem o âmbito federal, mas tem o estadual.

Garotinho: Sim.

Marcelo Beraba: Nós não avançamos.

Garotinho: Avançamos muito.

Marcelo Beraba: Tanto que continuamos ouvindo o Presidente do Tribunal de Justiça do Rio, o Ministério Público, reclamando que continua trabalhando da forma antiga, nesse caso, os processos abertos, não vão para a frente. Por quê? Isso gera o quê? Impunidade.

Garotinho: Eu quero fazer uma correção a você, mas inteligência não tem nada a ver com o andamento do processo.

Marcelo Beraba: Evidente que tem, se não são bem apurados.

Garotinho: É Código de Processo Penal, o Código de Processo Penal que emperra o andamento do processo, inteligência é usar o que nós usamos, um serviço de inteligência montado e que foi capaz de prender, dos 30 maiores traficantes do Rio de Janeiro, 29. Agora eu não vim aqui para discutir um assunto específico do Rio de Janeiro. Vim aqui para discutir uma política nacional do nosso país. E a política de segurança que eu vou implantar a nível de país vai começar pelo controle das nossas fronteiras, se nós não guardarmos as nossas fronteiras nós estamos empurrando para cima dos governadores uma grande responsabilidade, um grande problema.

Leia todas as íntegras:

  • Apresentação do candidato


  • 1ª pergunta respondida por Garotinho a jornalistas


  • 2ª parte das perguntas dos jornalistas


  • 3ª parte das perguntas dos jornalistas a Garotinho


  • Íntegra da última parte de perguntas de jornalistas


  • 1ª parte das perguntas da platéia


  • 2ª e última parte das perguntas da platéia


  • Leia mais
    Especial Eleições 2002
     

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