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15/08/2002 - 18h36

Leia a íntegra da última parte da sabatina de Garotinho

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da Folha Online

Neste trecho, o candidato Anthony Garotinho responde às últimas perguntas feitas pela platéia presente no Teatro Folha, onde foi realizada a sabatina com o ex-governador do Rio.
Nessa parte ele aborda a questão da globalização, fala sobre mudanças na educação, sobre cotas para negros na universidade, sobre o episódio envolvendo o cineasta João Moreira Salles e um traficante no Rio e sobre reforma agrária.
Participam da sabatina Eleonora de Lucena, editora-executiva da Folha, Clóvis Rossi e Gilberto Dimenstein, colunistas e membros do Conselho Editorial do jornal, e Marcelo Beraba, diretor da Sucursal do Rio de Janeiro da Folha.
O evento faz parte do ciclo "Candidatos na Folha", que já ouviu Luiz Inácio Lula da Silva (na segunda-feira) e Ciro Gomes (na terça). José Serra será sabatinado amanhã.

Clóvis Rossi: Há uma pergunta aqui que de alguma maneira foi tocada em vários momentos, inclusive agora, mas eu vou fazer. A pergunta é de Osvaldo Júnior, professor de filosofia da Unicamp, por favor se identifique: "Como conciliar um projeto político de desenvolvimento sustentado com base na defesa de interesses da soberania nacional ante uma conjuntura econômica estrutura e dirigida pela globalização dos mercados?
Garotinho: A globalização pode ser inevitável, mas como eu participo dela não é. Então a forma como você se relaciona no processo de globalização determina o papel que você vai ter no final. Se eu entro no processo de globalização querendo ser periferia do capital internacional, é o que nós somos hoje. Não vamos nos iludir. Somos periferia do capital internacional. É uma coisa. Se você entra querendo participar do jogo, a sua posição é outra. Então, eu acho que um presidente legitimado pelo voto popular, o presidente que tenha como meta estabelecer um plano nacional de desenvolvimento, saiba das questões estruturais que são importantes para o país, ele pode perfeitamente inserir o país no processo de globalização, mas defendendo os interesses nacionais. Como outros países participam. Há países que estão participando do processo de globalização e estão se dando bem. Nós estamos...
Eleonora de Lucena: Qual seria o modelo?
Garotinho: Não tem modelo, o modelo é o modelo brasileiro.
Eleonora de Lucena: Que países você acha que estão se saindo bem?
Garotinho: Você mesmo citou um, a Coréia aqui.
Clóvis Rossi: Lucas Pereira da Silva pergunta o seguinte: "Taxar os bancos a ponto de fazer com que eles sejam os que mais percam no seu governo não enfraqueceria o setor financeiro brasileiro, deixando o país sem sustentação?
Garotinho: Olha, quando eu falo em taxar os bancos é taxar o lucro dos bancos. Eu não quero que os bancos tenham prejuízo, eles só não precisam ter os lucros que têm. Imoralidade é você pegar um balanço dos bancos brasileiros e olhar os lucros que esses bancos têm. Veja, eu não tenho nada contra que alguém obtenha lucros na sua empresa, mas lucros na forma como os bancos estão obtendo no Brasil, pegando o nosso dinheiro da caderneta de poupança que é remunerado a 6%, 7% ao ano e emprestando para nós próprios no cartão de crédito e no cheque especial a 140% ao ano, isso é justo? Isso é correto? Isso não é correto. Isso não é ético. Isso, do ponto de vista econômico, não é sustentado em lugar nenhum do mundo. Isso não pode continuar. Nós precisamos reestruturar o sistema bancário brasileiro. E o sistema financeiro brasileiro. Outra coisa que precisa acabar é com essa falácia de Banco Central independente. Outro dia eu fui a um debate onde o cidadão levantou na platéia e disse: o senhor é a favor da proposta do dr. Armínio Fraga de Banco Central independente, e eu digo. Onde o senhor conhece o Banco Central independente? Ele disse: os Estados Unidos. Não senhor, não é independente. O Banco Central americano é composto de 12 bancos centrais regionais. Cada Banco Central regional tem 9 diretores, 3 diretores indicados pela comunidade local, representantes da indústria, do comércio e da inteligência local, 3 indicados pelo setor político e 3 técnicos. Cada Banco Central desse define uma política e faz um indicativo para o Banco Central americano. Então você multiplica 12 vezes 9 e veja quantas pessoas estão opinando no final da taxa de juros americana. Há, mas o Banco Central Banco Central alemão é independente. Não senhor.
Clóvis Rossi: Mas há essa descrição do FED independente em relação ao executivo federal. Não há Banco Central independente do país. Evidentemente que não.
Garotinho: Não senhor, política, são três representantes do poder político local que participam. Então que independência é essa? No final, quem indica também diretores importantes na hora do poder de decisão é o governo . Na Alemanha, dos Bancos Centrais regionais, a maioria dos diretores são indicados pelo governo alemão. Então que independência é essa? Nós vamos disfarçar? Na verdade não pode haver (...) do Banco Central do Brasil enquanto não houver reestruturação do sistema financeiro brasileiro. Senão, o que nós vamos fazer? Nós vamos entregar o Banco Central para quem está representando, hoje, no Banco Central um setor da economia. Existe algum outro setor a não ser o setor financeiro representado no Banco Central no Brasil? De onde vem o senhor Armínio Fraga. De onde vem o senhor Pedro Malan, de onde vem o senhor Fábio Barbosa, de onde vem o senhor Amauri Bier. Todos do sistema financeiro. Não há nenhum representante da indústria brasileira, não há nenhum representante da agricultura brasileira, do poder político local, que é na verdade quem determina, então, com todo o respeito, essa situação de banco no Brasil, ela precisa ser encarada, no meu processo de quem ganha e quem perde, eu não quero esconder, eu quero ser bastante claro, quem vai perder são os bancos. Vão perder porque já ganharam muito. Não vão perder porque vão deixar de ter lucros não, vai continuar tendo lucros, mas vão ter lucros menores para que outros setores possam lucrar também. Porque em economia para alguém ganhar, alguém tem que perder. Eu vi alguns candidatos aqui na Folha, com todo o respeito, eles tinham medo de dizer que iam... não, eu não tenho medo de dizer. Para isso eu fui o único candidato que não quis ter uma aproximação maior com a Febraban. Fiquei distante da Febraban. Porque sei o poder de cooptação que a Febraban tem. Então preferi ficar longe.
Gilberto Dimenstein: Os outros estão sendo aliciados, entre aspas, pela Febraban?
Garotinho: Não estou acusando ninguém, eu disse apenas que eu não quis chegar perto. Teve um que disse que encontro não pega, que nem catapora. Mas a Febraban pega direitinho. Eles pegam. Não quero chegar perto.
Marcelo Beraba: Governador, teve um período, teve um período no seu governo, em que o senhor chegou a atribuir a Febraban problemas sérios naquela crise de abril em função das conseqüências daquele episódio do (cineasta) João Moreira Alves.
Garotinho:Marcelo Beraba: João Moreira Salles, e eu me lembro que o senhor atribuiu claramente a eles a crise que se seguiu aqui, as várias denúncias que se sucederam em abril. O senhor imagina que eles possam ainda fazer alguma coisa, o senhor acha que a relação deles com o senhor continua a mesma, como o senhor vê essa questão com os bancos?
Garotinho: Beraba, as pessoas que estão aqui não sabem exatamente o que ocorreu em abril. Então eu me sinto no dever de esclarecê-los. Numa investigação feita pela polícia do Rio de Janeiro, usando-se o serviço de inteligência da polícia, se descobriu que estava-se à procura de um traficante, que esse traficante mantinha conversas telefônicas com uma figura ilustre da família Moreira Salles. E conversava longamente e ele mandava uma mesada para um hotel em Buenos Aires onde o traficante ficava hospedado por conta desse cidadão. Muito bem. E houve uma pressão terrível em cima de mim para que ele sequer fosse à delegacia depor. Porque eu. Porque precisei dizer o seguinte: esse cidadão é uma figura de bem, e o pai dele é um dos homens mais importantes do Brasil. É uma das maiores fortunas do país. Eu disse: como ele chama? João. Me disse o secretário. Então, senhor secretário, a lei que vale para João da Silva tem que valer para o João do banco. Se der ordem para ele não depor amanhã, o senhor não tem direito de intimar um ladrão de galinha. (aplausos).
Paciência, paguei as conseqüências. Paguei duras conseqüências. Foram meses de desestabilização do meu governo . Meses. Pesados. Pesados. Com acusações violentas que depois nenhuma delas foi sustentada. Então, olha, se a Febraban não gosta de mim, desde essa época, por causa disso, eu quero dizer a você que eu não tenho nada contra a Febraban, eu tomei a medida que um governador de Estado deveria tomar. Eu não tenho o direito, como governador de estado, de pedir a um secretário de segurança: ouça fulano, não ouça beltrano. Esse não é o meu papel. Não é o meu papel. Eu discordo da política econômica que favoreceu o sistema financeiro. O sistema financeiro brasileiro chegou a um ponto de um banco brasileiro, no seu balanço, um banco apresentar de lucro líquido mais do que ganhou a Volkswagen fabricando automóveis em todas as suas fábricas do mundo. Emprestando o nosso dinheiro. Inventando cada dia uma taxa nova. Cobrando por serviços todos os dias um serviço novo. Quer dizer, isso não pode continuar. A população tem que se indignar contra essa situação. Porque não vamos cair no conto da... generalização. Nem todo mundo no Brasil perdeu. O governo Fernando Henrique trouxe infelicidade para muita gente, mas trouxe a prosperidade dos banqueiros. Os banqueiros prosperaram muito. Os bancos expandiram os seus negócios como nunca expandiram. Compraram fábricas, ficaram sócios de siderúrgicas, entraram em grandes investimentos com esta política que está aí. Que levou o Brasil a esse grau de endividamento que está hoje. Volumes imensos de recursos são transferidos da sociedade brasileira para os cofres dos bancos através dessas taxas de juros que são cobradas e estabelecidas pelo Banco Central. Não venham com essa história... Não, mas o governo não podia baixar a taxa de juros por causa do mercado. Eu não creio que a economia deva se subordinar à política. Você não vota para eleger ministro da Fazenda, você vota para eleger o presidente da República. Perdão, contrário, a política não pode se submeter à economia.
Clóvis Rossi: Olívia Alonso, vou fazer a pergunta também do Fábio Borges dos Santos. Ambas são sobre educação, por isso que vou juntar as duas: "O senhor pretende tomar alguma medida de reforma do sistema educacional brasileiro? Ensino superior público tem enfrentado diversas greves, o que o senhor pensa fazer para garantir a qualidade dos cursos", pergunta a Olívia. Enquanto o Fábio pergunta-se o senhor é a favor ou contra a cobrança de mensalidades nas universidades públicas e por quê?
Garotinho: Olívia, primeiro o Brasil precisa ordenar o seu sistema educacional e seguir a lei de diretrizes básicas da educação que até hoje não foi seguida corretamente. Cuidar do ensino desde da pré-escola até o ensino superior. Organizar o sistema educacional público no país. Eu, conforme foi dito aqui na minha exposição, peguei o Rio de Janeiro na vigésima terceira colocação dentro do ranking nacional de educação. E coloquei em segundo lugar. Uma avaliação do Ministério da Educação. Acho que problema da escola pública brasileira está ligado ao financiamento. Por que o ensino fundamental melhorou? Porque se criou um programa de financiamento. O Fundef para o ensino fundamental. Temos que criar um Fundem, o programa de financiamento nos mesmos moldes para o ensino médio. E quanto à questão do ensino superior, nós precisamos estabelecer uma política de valorização das universidades públicas. Elas foram sucateadas. Destruídas. Mais uma vez eu tenho que recorrer ao exemplo do Rio de Janeiro. Primeiro, invisto 100 milhões de reais na Universidade Estadual do Norte Fluminense, investi mais de 40 milhões nos laboratórios da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, recuperei todas as perdas salariais dos 77 anos do funcionalismo tanto da Universidade Estadual do Norte Fluminense, quanto da Uerj, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Então, eu acredito que um país que abandona o campo da pesquisa, da ciência, da tecnologia, condena o seu futuro ao atraso.
Gilberto Dimenstein: O leitor perguntou sobre a cobrança de mensalidade.
Garotinho: Eu vou chegar lá. Sou contra. Sou contra. Eu sou a favor do contrário, eu sou a favor de que o governo financie, através da Caixa Econômica Federal, enquanto não houver vagas nas universidades públicas, financie através de crédito educativo o maior número de estudantes possível para que eles possam estudar.
Gilberto Dimenstein: E política de cotas...
Garotinho: Sou a favor.
Gilberto Dimenstein: Como seria no caso de... de você chegar a presidente, haveria também uma política para universidades federais?
Garotinho: Eu sou a favor de cotas para negros, implantei no Rio de Janeiro, como sou a favor de cotas para alunos vindos de escola pública. Isso é fundamental. Dizem que não: Ah, isso é racismo, isso é discriminação. Não é. Vamos deixar clara essa situação.
Gilberto Dimenstein: Seriam os mesmos 40%, no rio foram 40%?
Garotinho: No rio foram 50% para alunos vindos da escola pública. Isso nós temos que discutir. A nível nacional é outra realidade.
Gilberto Dimenstein: A política de cotas haveria em nível nacional também?
Garotinho: Com certeza.
Clóvis Rossi: Pediria para você agora, tão breve quanto possível, o tempo está acabando, e há meia dúzia de perguntas para, e assuntos diferentes uns dos outros. A pergunta é de Mariana Vidal: "O senhor falou em melhor distribuição de renda e crescimento econômico, gostaria de saber qual o papel da reforma agrária nisso? Gostaria que o senhor comentasse a reforma agrária do governo FHC, ela pôs entre aspas, e falasse sobre suas propostas e ao espaço dado a movimentos populares como o MST em seu programa de governo?"
Garotinho: Quero dizer que o Brasil tem 90 milhões de hectares de terras improdutivas. O Brasil tem, portanto, obrigação de tornar essas terras produtivas. Fazendo um programa de assentamento sério, o governo Fernando Henrique fez um programa tímido de reforma agrária para as necessidades que o Brasil tem hoje. Aliás, a reforma agrária só pode ser compreendida dentro de um contexto de reforma urbana. Se o Brasil tivesse feito a reforma agrária há 30 anos, nós não teríamos as cidades complicadas que nós temos hoje. Se o Brasil tivesse feito um programa de reforma agrária e agrícola há 30 anos, você não teria as favelas que tem hoje em torno de São Paulo, do Rio e das grandes cidades, portanto, independentemente da questão ideológica do ponto de vista da reforma urbana que o país precisa, do ponto de vista de uma reforma agrícola que o país precisa, a reforma agrária está entre as prioridades do nosso país. E portanto está entre as prioridades do nosso governo . Eu quero dizer a você que ontem, assistindo a uma entrevista do presidente Fernando Henrique num canal de televisão, fiquei chocado, o presidente Fernando Henrique comemorando uma safra de 100 milhões de toneladas de grãos. Uma safra fantástica. 100 milhões de toneladas de grãos é o que produz, um pouco mais, a França, um país do tamanho de um Estado do Brasil. Um Estado brasileiro é do tamanho do país que produz mais de 100 milhões de toneladas de grãos. Para o país que nós temos, para as terras que nós temos, com a quantidade de água que nós temos, com a vocação agrícola, com o clima que nós temos, nós temos que começar a comemorar política agrícola a partir de 300 milhões de toneladas de grãos. 100 milhões de toneladas de grãos não é nada. É vergonha. O Brasil precisa de um choque de crédito na agricultura, o Brasil precisa de um choque tecnológico na agricultura porque a nossa agricultura é atrasada. E o Brasil precisa organizar a cadeia produtiva. Para que possa gerar mais valor agregado a partir do produto agrícola. Por quê? Hoje você vai em Baliza, no Maranhão, se produz soja, exporta soja, depois o país importa ração e óleo de soja.Você vai em Minas, se produz café, aliás, os produtores de Minas estão queimando os cafezais. Aí depois o Brasil exporta café e importa café solúvel. Vai na Bahia, produz cacau, exporta cacau e importa chocolate. Isso é falta de quê? Falta de visão de projeto nacional. Então a reforma agrária é importante, mas a reforma agrária só pode ser encarada dentro desses dois contextos, o da reforma urbana, da necessidade que o país tem de fixar as pessoas no campo e junto de uma reforma agrícola que faça com que as pessoas que vão receber terra se tornem pessoas produtivas. Senão, daqui a pouco nós temos assentamentos onde as pessoas não têm condições de produzir e viram ao novos pobres, abandonam o campo e vêem de novo para a cidade.
Clóvis Rossi: Pergunta de Felipe Augusto sobre sua posição em relação às leis trabalhistas. Agora peço para acelerar o ritmo.
Garotinho: Leis trabalhistas, sou a favor de uma mudança porque o mundo mudou. Então você há de convir que o mundo que concedeu leis, um país que concedeu leis quando o mundo não conhecia direito a informática, a robótica, então a relação do trabalho tem que mudar. Mas... preservando-se os direitos históricos adquiridos pelos trabalhadores e a partir de uma discussão. (aplausos). Porque não é simplesmente dizer: o teu mundo mudou, vamos acabar com todos os direitos dos trabalhadores, faça se o favor. O problema do Brasil não é tirar leis trabalhistas porque essas leis trabalhistas dificultam o trabalho, o que dificulta no Brasil a questão do trabalho é a falta de organização para exportação, é a falta de linha de crédito, e se o Brasil tiver apoio de crédito, com mercado que nós temos, tanto interno quanto externo que nós podemos alcançar, nós não vamos ter problema trabalhista nenhum, as empresas vão ser altamente competitivas e lucrativas para pagar tudo o que os trabalhadores têm direito.
Clóvis Rossi: Iara pergunta-se o senhor tem alguma proposta para o fim da crise energética.
Garotinho: Olha, um dos pontos que eu quero saber do FMI, já que você me perguntou alguns pontos agora há pouco, é se o acordo prevê que as empresas estatais continuem tendo restrição para investimento. Eu não sei se vocês tomaram conhecimento, nos últimos acordos as empresas estatais, mesmo tendo dinheiro em caixa, não podiam fazer investimentos porque eram considerados gastos públicos. Por isso, Furnas, mesmo tendo dinheiro para fazer a terceira linha de transmissão, não fez e o país pagou com a crise energética. Então eu quero, nesse acordo, um dos questionamentos que nós vamos fazer ao presidente, é se vai ser mantida a restrição pelo Fundo Monetário Internacional de investimentos da Petrobrás, de Furnas... porque essas empresas são capazes de investir com seus recursos próprios. A questão energética brasileira tem que ser enfrentada com a diversificação da matriz energética brasileira. O Brasil tem que trabalhar com hidrelétrica, termoelétrica, e outros tipos de possibilidade energéticos pelo tamanho o que país tem e a diversificação que o país tem .
Clóvis Rossi: Lígia Ramos Roca pergunta: Que medidas o senhor pretende tomar em relação a corrupção no governo?
Garotinho: Cumprir a lei. Cumpra a lei. O Brasil não precisa de lei mais nenhuma. O governo Fernando Henrique, numa reação ao monte de escândalos que surgiram no seu governo, criou a corregedoria. A corregedoria em vez de apurar era para abafar. Então, eu só quero que se cumpra a lei. Não precisa se fazer mais lei nova nenhuma. O Brasil tem leis suficientes para botar todos os corruptos na cadeia, só que elas sejam cumpridas.
Clóvis Rossi: Aparentemente a sua irritação de ser chamado de populista não convenceu, o leitor Felipe Gil voltou ao tema e diz o que senhor é perfeitamente chamado de populista, demagogo e pelas suas alianças parece não ter convencido muito as pessoas. Ele pergunta: "Como o senhor pretende governar e lidar com o Congresso?
Garotinho: Eu pretendo lidar com o Congresso como eu lidei até hoje com todas as vezes que eu tive que lidar com o Poder Legislativo. Fui duas vezes prefeito, fui governador do Estado do Rio de Janeiro e nesses períodos eu sempre tive uma ótima relação com o Poder Legislativo. Eu trabalho em cima de projetos. Mando o meu projeto e discuto, e debato. E claro, procuro ganhar a opinião pública para que a opinião pública possa também exercer um parcela de pressão normal numa sociedade democrática sobre o Congresso. Sobre a Assembléia Legislativa, sobre a Câmara dos Vereadores.
Eu não vou entrar mais nessa questão do populismo. Isso eu só vou vencer com o tempo. Sua pergunta provavelmente deve ter sido feita antes da minha explanação. Certamente depois de me ouvir, certamente não vai me considerar mais populista. Isso é uma distorção que foi criada da minha imagem por pessoas, como disse aqui oBeraba, não são pessoas como o Beraba, não, como disse o Beraba.
Clóvis Rossi: Fiquei assustado, governador.
Garotinho: Não, como disse o Beraba, a partir daquele episódio de abril, no Rio de Janeiro, onde eu pus a lei para ser cumprida, todos aqueles articulistas que escreviam bem de mim, me achavam o melhor negociador da dívida história do Rio de Janeiro, achavam que eu fazia o governo: Ah, mas ele é uma gracinha.
Gilberto Dimenstein: Não é uma simplificação, governador? O episódio, a imprensa toda. Um banco pilota a imprensa inteira.
Garotinho: Não um banco, não, todos os bancos.
Gilberto Dimenstein: Seria supor que a imprensa toda é dominada pelos bancos. Não seria uma forma de jogar o problema.
Garotinho: Você não estava no Rio, o Beraba estava e acompanhou bem o episódio.
Marcelo Beraba: Concordo com ele. É uma simplificação...
Garotinho: Até o que era favorável virou contra. Eu tenho lá tudo guardado. Antes daquele episódio contra esse cidadão, ondas eu fiz apenas o meu papel de cumprir a lei, saíam fotos minhas indo domingo para a igreja com meus filhos, que gracinha o governador dando aula. Na escola de casais. Aí, depois, está usando a religião. Restaurante popular era uma beleza, cuidar dos pobres, depois, virou populismo. Então, não vamos manipular, o povo brasileiro é suficientemente inteligente para saber que grande parte das opiniões publicadas não coincidem com a opinião pública. Bom. Se a opinião pública fosse acreditar em tudo o que os jornais disseram de mim nos últimos anos não teria saído com 88% de aprovação e nem seria o preferido para presidente. E nem a minha candidata estaria liderando as pesquisas para governo do Estado no Rio de Janeiro. Então, vamos, vamos por um pouco a mão na consciência. Houve um exagero apaixonado de alguns jornalistas, por suas relações pessoais, contra uma pessoa que digo, se tivesse sentado nesse auditório eu não o conheço, eu nunca vi. Eu não sei quem é. Mas eu não posso mandar um Secretário de Segurança dizer a um delegado para não cumprir a lei. Bom, no final das contas só eu paguei. Porque ele foi ouvido, ele foi julgado e foi condenado. E sabe qual foi a pena que foi aplicada a ele? Ensinar cinema na favela.
Gilberto Dimenstein: Não é uma boa pena essa? Vai...
Clóvis Rossi: O nosso tempo.
Garotinho: Não. Então dê essa pena para todos. Não só para o filho do banqueiro.
Gilberto Dimenstein: Está certo, pena alternativa, claro. (aplausos). Colocaria na cadeia uma pessoa como essa? É isso?
Garotinho: Esse debate é importante.
Clóvis Rossi: Tá bom, tudo bem, vamos lá.
Garotinho: Qual a diferença dele para o cantor Belo.
Gilberto Dimenstein: Nenhuma diferença.
Garotinho: Por que apreenderam o Belo e não prenderam ele (aplausos). Porque ele não é cantor de música popular, e um é filho do banqueiro que é a quarta fortuna pessoal do país.
Gilberto Dimenstein: Ministrar bem pena alternativa é a evolução da Justiça.
Garotinho: Vamos dar para todos. Então vamos dar para todos.
Gilberto Dimenstein: Exatamente.
Garotinho: Façamos para todos.
Gilberto Dimenstein: Manipulação não é colocar que a imprensa está contra a sua candidatura é dizer que um episódio como esse possa ter pilotado a imprensa inteirinha?
Garotinho: Pilotou. Agiu como se tivesse dado ordem para a Folha, para o "Estado", para a TV Globo. A Folha não. Nesses episódios.
Clóvis Rossi: Eu sabia que você ia chegar lá. Espera um pouquinho, nosso tempo terminou, seria uma pena deixar a última pergunta, vou fazê-la. O tempo é do Fábio (....): "Qual a sua posição sobre um eventual ataque dos Estados Unidos ao Iraque."
Garotinho: Contra. Totalmente contra. Porque na verdade os interesses americanos no Iraque não são interesses colocados claramente, não são os interesses quanto a questão militar, na verdade o que o Iraque tenta, o que os Estados Unidos tenta é conquistar o Iraque como uma base importante do ponto de vista do petróleo, já que é um grande produtor de petróleo da região e toda a Europa tem se posicionado contra justamente por isso.
Clóvis Rossi: Muito obrigado ao governador garotinho e lembro que amanhã, às 15h, acontece a última série com os presidenciáveis com o senador José Serra. (aplausos)

Leia todas as íntegras:

  • Apresentação do candidato


  • 1ª pergunta respondida por Garotinho a jornalistas


  • 2ª parte das perguntas dos jornalistas


  • 3ª parte das perguntas dos jornalistas a Garotinho


  • Íntegra da última parte de perguntas de jornalistas


  • 1ª parte das perguntas da platéia


  • 2ª e última parte das perguntas da platéia


  • Leia mais
    Especial Eleições 2002

     

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