Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
19/08/2002 - 10h46

Veja o perfil político de Fernando Morais, 1º sabatinado pela Folha

Publicidade

da Folha Online
e da Folha de S.Paulo

O escritor Fernando Gomes de Morais, 55, será o primeiro candidato ao governo paulista a passar pela sabatina promovida pela Folha de S.Paulo, na tarde desta segunda-feira (19).

Morais surpreendeu ao anunciar ser candidato pelo PMDB ao governo paulista. Deixou de lado livros e projetos pessoais para encabeçar uma candidatura apontada pelos adversários como "laranja", mera fachada para dar tempo na TV ao agora candidato ao Senado Orestes Quércia, de quem é afilhado político e amigo há quase 30 anos.

Folha Imagem

Fernando Morais (PMDB)

Autor de best-sellers como "A Ilha", "Chatô" e "Olga", tem livros traduzidos em 18 países. O dinheiro dos direitos autorais, segundo afirma, lhe permitiu uma vida confortável, aberta a extravagâncias como a temporada de dois anos em Paris, entre 99 e 2000, e o ultraleve que pretende comprar, avaliado em US$ 80 mil.

No ano passado, seus rendimentos totalizaram R$ 800 mil, o equivalente a uma renda mensal de cerca de R$ 67 mil. Se eleito governador de São Paulo, receberá um salário bruto de R$ 12.720,00.

No PMDB, milita há 30 anos, desde os tempos do MDB, partido de oposição ao regime militar. Desde então, foi eleito duas vezes deputado estadual em São Paulo (78 e 82) e chefiou duas secretarias estaduais: a de Cultura, no governo Quércia (87-90), e a de Educação, no governo Fleury (91-94).

Sofreu duas derrotas: uma em 86, ao disputar vaga para deputado federal, e outra em 98, quando foi vice na chapa de Quércia ao governo paulista. Fiel a sua amizade com Quércia, com quem afirma manter uma "relação fraterna", faz a defesa do ex-governador, alvo de uma série de denúncias de corrupção.

"O que eu sei é o seguinte: em 1974 fui com o Quércia a um comício de Ulysses Guimarães na fronteira com o Mato Grosso. Ele foi pilotando o avião. Era dele. Ele já morava em um apartamento de cobertura em Campinas e não tinha exercido nenhum cargo público."

Há uma espécie de dívida moral do escritor com o ex-governador, que disputa nesta eleição uma vaga ao Senado. A ligação entre os dois se intensificou a partir de 75, após o enterro do jornalista Vladimir Herzog, assassinado numa cela do DOI-Codi, órgão de repressão do regime militar.

Na ocasião, um dos jornalistas presos que puderam ir ao enterro cochichou no ouvido de Quércia para avisar à família de Morais que, na hora da tortura, os militares iriam querer saber o que ele havia feito em Cuba. Quércia localizou o irmão mais velho de Morais, Carlos Wagner, e deu o recado.

Um dia antes da morte de Vlado, Morais havia escapado de oficiais que foram buscá-lo na Editora Três, onde trabalhava. Naquele ano, Morais havia viajado a Cuba e tinha escrito uma série de reportagens que deram origem ao livro "A Ilha", publicado em 76.

A militância de esquerda marca a trajetória de Morais, que participou do movimento pela Anistia, em 79, pelas Diretas-Já, em 83 e 84, e pelo impeachment do presidente Fernando Collor de Mello, em 92. Posições que o aproximaram de outros partidos, como o PT, com quem diz manter "ótimas relações".

"As pessoas se espantam por eu não ser petista. Acho que não entrei no PT pelo mesmo motivo que não entrei no "partidão" [Partido Comunista Brasileiro]: sou muito indisciplinado. O PT é um partido muito rigoroso."

Filho de pai bancário e mãe dona-de-casa, Morais nasceu em 1946 na cidade de Mariana (MG), numa família de nove irmãos. É casado com a historiadora Marina Maluf, 51, que, o escritor faz questão de frisar, não possui nenhum parentesco com seu adversário do PPB, Paulo Maluf.

Leia mais no especial Eleições 2002
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade