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20/08/2002
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07h41
da Folha de S.Paulo, em Brasília
Os encontros do presidente Fernando Henrique Cardoso com os quatro candidatos à sua sucessão não alteraram absolutamente nada na cena político-econômica nacional.
Por isso foram um sucesso. As conversas tiveram o único efeito que delas se esperava: o efeito simbólico.
Produziram-se reuniões para estrangeiro ver. Especialmente os estrangeiros que compõem a direção do FMI.
Eles se reúnem no mês que vem para sacramentar o acordo, por ora apenas apalavrado, que dá ao governo brasileiro um tônico de US$ 30 bilhões para arrostar a crise.
Brasília prometera a Washington que o próximo presidente, fosse quem fosse, não rasgaria o acordo.
Fiava-se em acertos costurados por Armínio Fraga, presidente do Banco Central, com os presidenciáveis e suas assessorias.
Porém, declarações dúbias dos candidatos, sobretudo de Ciro Gomes, forçaram FHC a antecipar, muito a contragosto, uma transição que esperava deflagrar em novembro.
Dadas as circunstâncias, FHC fez do limão limonada, como se diz.
Ao receber oposicionistas no Planalto, reconheceu-lhes as chances de êxito eleitoral.
Mas lustrou o indesejável com um discurso de contornos históricos. "Não nos move o interesse eleitoral, mas a preocupação com o país", afirma.
Os encontros de ontem só foram possíveis porque FHC dividiu os dividendos da iniciativa com os presidenciáveis. Permitiu que fizessem do Planalto um palanque. Exceto pelo candidato oficial José Serra, único perdedor no jogo dos símbolos, nenhum dos demais perdeu nada. E alguns saíram no lucro.
Lula pôde reforçar a imagem de crítico com propostas. Para evitar escorregões, leu texto redigido previamente.
Medindo cada palavra, Ciro posou de responsável. No essencial, todos puseram-se de acordo em relação a pontos que o governo considera básicos: vão honrar contratos e agirão com responsabilidade fiscal.
Anthony Garotinho piou fino entre quatro paredes e esbravejou na saída. Mas ele só estava ali para compor o quadro. Vistas pelo ângulo das pesquisas eleitorais, suas bravatas soam como palavras ao vento.
De essencial, a simbologia de Brasília informa: a) o próximo governo irá mudar a economia; b) manietado pelas circunstâncias e pelo acordo com o FMI, a mudança será bem menos ambiciosa do que a que vem sendo prometida sobre o palanque.
Veja também o especial Eleições 2002
Encontros tiveram apenas efeito simbólico
JOSIAS DE SOUZAda Folha de S.Paulo, em Brasília
Os encontros do presidente Fernando Henrique Cardoso com os quatro candidatos à sua sucessão não alteraram absolutamente nada na cena político-econômica nacional.
Por isso foram um sucesso. As conversas tiveram o único efeito que delas se esperava: o efeito simbólico.
Produziram-se reuniões para estrangeiro ver. Especialmente os estrangeiros que compõem a direção do FMI.
Eles se reúnem no mês que vem para sacramentar o acordo, por ora apenas apalavrado, que dá ao governo brasileiro um tônico de US$ 30 bilhões para arrostar a crise.
Brasília prometera a Washington que o próximo presidente, fosse quem fosse, não rasgaria o acordo.
Fiava-se em acertos costurados por Armínio Fraga, presidente do Banco Central, com os presidenciáveis e suas assessorias.
Porém, declarações dúbias dos candidatos, sobretudo de Ciro Gomes, forçaram FHC a antecipar, muito a contragosto, uma transição que esperava deflagrar em novembro.
Dadas as circunstâncias, FHC fez do limão limonada, como se diz.
Ao receber oposicionistas no Planalto, reconheceu-lhes as chances de êxito eleitoral.
Mas lustrou o indesejável com um discurso de contornos históricos. "Não nos move o interesse eleitoral, mas a preocupação com o país", afirma.
Os encontros de ontem só foram possíveis porque FHC dividiu os dividendos da iniciativa com os presidenciáveis. Permitiu que fizessem do Planalto um palanque. Exceto pelo candidato oficial José Serra, único perdedor no jogo dos símbolos, nenhum dos demais perdeu nada. E alguns saíram no lucro.
Lula pôde reforçar a imagem de crítico com propostas. Para evitar escorregões, leu texto redigido previamente.
Medindo cada palavra, Ciro posou de responsável. No essencial, todos puseram-se de acordo em relação a pontos que o governo considera básicos: vão honrar contratos e agirão com responsabilidade fiscal.
Anthony Garotinho piou fino entre quatro paredes e esbravejou na saída. Mas ele só estava ali para compor o quadro. Vistas pelo ângulo das pesquisas eleitorais, suas bravatas soam como palavras ao vento.
De essencial, a simbologia de Brasília informa: a) o próximo governo irá mudar a economia; b) manietado pelas circunstâncias e pelo acordo com o FMI, a mudança será bem menos ambiciosa do que a que vem sendo prometida sobre o palanque.
Veja também o especial Eleições 2002
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