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21/08/2002 - 03h32

Sem decisão, Aeronáutica prevê até "apagão" na defesa

IGOR GIELOW
da Agência Folha

Negando haver cartas marcadas na concorrência para a compra dos novos caças da FAB, o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Carlos Almeida Baptista, disse ontem estar "muito preocupado" com a possibilidade de novos atrasos no processo. Em tom dramático, previu o risco de um "apagão" no sistema de defesa aérea brasileira.

"Pode haver a desativação do GDA", disse, referindo-se ao Grupo de Defesa Aérea sediado na Base Aérea de Anápolis (GO). Desde 1972, os Mirage IIIEBR formam a linha de defesa do centro político e econômico do país, atuando numa área que inclui o Sudeste industrial e Brasília.

Baptista e o ministro da Defesa, Geraldo Quintão, concederam entrevista ontem em Brasília para falar sobre a compra dos 12 aviões que substituirão os Mirage, que estão caducando e serão aposentados até o fim de 2005.

O valor estimado é de US$ 700 milhões e disputam os russos Sukhoi Su-35 e MiG-29, o anglo-sueco Gripen, o norte-americano F-16 e o francês Mirage-2000BR. O processo começou há pouco mais de um ano, e deveria ter acabado em maio, mas diversas revisões de propostas o atrasaram.

Na entrevista, eles negaram a informação da revista "IstoÉ" de que os EUA teriam embutido na aprovação do acordo com o Fundo Monetário Internacional a escolha do Gripen. Uma vez que o F-16 estaria com chances reduzidas, o rival seria aceitável por ter partes vitais feitas por empresas norte-americanas. "É uma total inverdade. O Brasil é soberano, e vai ao FMI porque é sócio do fundo, não para atender a interesses de outros países", disse Quintão. Baptista quer processar a revista.

A preocupação da Aeronáutica é de ordem política. Parlamentares do PPS e do PT já aventaram a idéia de cancelar o processo de compra dos aviões, e sugeriram favorecer o Mirage, oferecido pela francesa Dassault em parceria com a brasileira Embraer.

O novo governo poderá suspender o processo de compra. Uma vez que o Conselho de Defesa Nacional se reúna para finalizar o assunto, o caça escolhido passará por um processo envolvendo os financiamentos que durará até dois anos até o pagamento em si.

Baptista negou também que tenha escolhido o caça sueco, conforme rumores do mercado. Não foi comentado o acordo que estaria sendo costurado, segundo alguns dos concorrentes da disputa, para eventualmente incluir o salvamento da Varig no negócio.

O relatório da FAB com a decisão final está pronto, disse o comandante, sem adiantar nada.

Teoricamente, o conselho pode exigir uma licitação pública para o processo, mas isso não deve ocorrer porque a lei a dispensa em casos de segurança nacional. E, na prática, o processo de seleção obedeceu regras de uma licitação -ainda que não seja transparente para o público.

Quintão buscou afastar a idéia de que a Embraer possa ser favorecida. "A Embraer é uma empresa privada. Como brasileiro, posso até torcer por ela, mas o fato é que ela é apenas mais uma concorrente", disse. Baptista completou: "Gostaria que a Embraer avançasse e pudesse, um dia, oferecer um avião desses [sozinha]".
 

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