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25/08/2002 - 03h39

Candidatos tentam driblar a falta de tempo no horário eleitoral

RODRIGO DIONISIO
da Folha de S.Paulo

Bordões como "meu nome é Enéas" ou "contra burguês, vote 16" voltaram à programação na última terça-feira, com o início do horário eleitoral gratuito. E esses são apenas dois exemplos de frases que, somadas a imagens pouco usuais e produções improvisadas, preenchem o espaço destinado aos partidos políticos menos conhecidos.

Com tempos de exposição inferiores a um minuto, pouco dinheiro e "criatividade" de sobra, essas legendas fazem o possível para marcarem seus nomes e darem algum recado ao eleitor. "Eu sou o Duda Mendonça de mim próprio" (sic), afirma o candidato a governador de São Paulo pelo PRTB (Partido Renovador Trabalhista Brasileiro), Levy Fidélix, referindo-se ao marqueteiro da campanha presidencial do PT. Fidélix, celebrizado no horário eleitoral por insistir no projeto de criação do aerotrem _espécie de metrô de superfície-, é presidente nacional, fundador do partido e diz ser roteirista, diretor, auxiliar de edição e criador dos jingles da campanha televisiva.

Todo o equipamento (câmeras, estúdio, ilha de edição) foi alugado e é operado por ele, seu filho e outros correligionários. Aproveitando o pentacampeonato brasileiro de futebol e o fato de este ser o quinto pleito disputado pelo PRTB, Fidélix tem feito seus candidatos aparecerem na tela com a camisa da seleção. Para registrar as imagens, reaproveita fitas magnéticas utilizadas em outras eleições. Outros adotam um sistema mais profissional de produção, apesar de também não terem como esbanjar.

O PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado), que já exibiu imagens de carteiras de trabalho e bonecos Playmobil em chamas nas campanhas anteriores, trabalha desde 1994 com uma produtora de vídeo paulistana.

Neste ano, a legenda deverá gastar R$ 40 mil na campanha de TV. Metade vai para os programas do candidato a presidente, e a outra metade, para as propagandas dos postulantes a governador, senador e deputados estaduais e federais em São Paulo. Tudo pago em parcelas, segundo a coordenadora de comunicação do partido, Mariucha Fontana. "A gente tenta ser o mais criativo possível. Temos um programa pobre, mas não amador", afirma Fontana, que ainda comenta o fato de as novas estrelas do horário eleitoral do PSTU serem marionetes compradas de um camelô. Segundo Antonio Rodrigues, assessor de imprensa do PT do B (Partido Trabalhista do Brasil), que integra a coligação Bandeira Paulista com o PTC, PRP e PSC, a legenda gastou R$ 600 com o aluguel de um estúdio.

"Gravamos apenas a imagem dos candidatos. Se não falar, não há como errar, e não precisamos ficar regravando e gastando mais dinheiro com as horas em estúdio. Depois, um amigo nosso, radialista, faz a locução", conta.

Tempo e espaço
Vinte mil reais será o gasto com toda a campanha televisiva do PMN (Partido da Mobilização Nacional) para os cargos de senador e deputados estadual e federal por São Paulo, segundo a secretária nacional da legenda, Telma Ribeiro dos Santos. Ela afirma que o trabalho está sendo realizado por uma produtora a preço de custo.

O grande problema do PMN, para Santos, é a falta de tempo. O partido dispõe de 25 segundos por programa eleitoral para apresentar seus candidatos a deputado estadual. "Colocamos dois ou três candidatos juntos", conta a secretária.

O resultado, como já pôde ser conferido na TV, é um tanto bizarro: enquanto um fala, outros dois ficam atrás, assentindo com a cabeça a cada frase. Os nomes e os números dos "papagaios de pirata" nem sequer aparecem na tela. Parte da campanha do PV (Partido Verde) dispensa a presença dos candidatos. Na tela surge o número do partido, e é pedido o voto na legenda, no caso dos deputados. A situação muda para a candidatura a governador, mas não muito.

"Com tão pouco espaço, seria uma ofensa aos roteiristas dizer que fazemos um roteiro para o programa. No máximo, determinamos a cor da roupa para não brigar com a do fundo [verde]", afirma o coordenador de comunicação da campanha para o governo de São Paulo do PV, Victor Agostinho. O malabarismo feito por alguns partidos fica claro no caso do PHS (Partido Humanista da Solidariedade).

A legenda terá, somadas suas aparições nos 45 dias de horário eleitoral, sete minutos para apresentar 140 candidatos a deputado. "Tivemos de conversar com todos e explicar que o mais importante é o nome do partido, a nossa ideologia. Assim, vamos dar prioridade aos candidatos com maior chance", afirma a presidente estadual do PHS, Cornelita Rocha Vidal. A legenda participa da coligação São Paulo nas Mãos de Deus, composta ainda pelo PGT e pelo PST. Os programas dos três, segundo Vidal, são produzidos no estúdio do candidato a governador de São Paulo Carlos Apolinário (PGT).

O PCO (Partido da Causa Operária) também realiza suas gravações com equipamento próprio, em São Paulo. Segundo o candidato a presidente da legenda, Rui Costa Pimenta, os militantes servem de mão-de-obra. "Eles têm conhecimento do assunto. Não são necessariamente profissionais da área de mídia, mas sabem o suficiente para editar um programa", diz Pimenta.

Sem comentários
Após reclamar por não ser procurado para falar sobre os problemas do Estado e atacar os adversários ininterruptamente por cerca de 40 minutos durante a entrevista ao TV Folha, o candidato a governador de São Paulo e presidente do PAN (Partido dos Aposentados da Nação), Osmar Lins, definiu seu programa televisivo como "bonito e colorido". "O importante não é ter dinheiro, mas fazer algo", disse.

No Prona (Partido de Reedificação da Ordem Nacional), a ordem é falar pouco. "O que é preciso saber sobre nossa campanha será visto nas ruas e nos programas de TV", limitou-se a dizer Havanir Nimtz, presidente regional do partido e candidata a deputada estadual.
 

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