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29/08/2002 - 11h04

Autores recebem orientação para evitar tema político nas novelas

LAURA MATOS
da Folha de S.Paulo

Não é apenas a imagem dos atores que a TV Globo quer deixar bem longe da política no ano em que transformou a cobertura eleitoral em sua grande vitrine. Autores da emissora receberam "orientação" da direção para evitar temas políticos nas novelas, segundo a Folha apurou.

Em comunicado interno, a Globo determina que "conforme a legislação eleitoral, os programas de entretenimento (novelas, minisséries, humorísticos e de auditório) não poderão tratar de temas políticos durante o período que se inicia em 1º de julho e se encerrará ao final do processo de eleições.

Essa proibição legal inclui temas que tratem de candidatos, partidos ou coligações".

A regra do papel está pautada na lei eleitoral 9.504/97, que proíbe a TV de "veicular filmes, novelas, minisséries ou qualquer outro programa com alusão crítica a candidato ou partido político, mesmo que dissimuladamente".

As determinações, no entanto, foram além do comunicado por escrito, segundo a Folha apurou.

Benedito Ruy Barbosa, de "Esperança", recebeu orientação para evitar o foco em assuntos políticos até as eleições. A trama, que se iniciou em 29 e passou pela Revolução Constitucionalista de 32, deve ficar nos anos de 33 e 34 -menos políticos- até as eleições e só entrar na questão do Estado Novo, de 35, em novembro.

Uma fonte ligada à teledramaturgia afirmou que a direção da Globo chegou a manifestar preocupação em relação à imagem que a novela passaria de Getúlio Vargas -usado, principalmente, pelo presidenciável Anthony Garotinho (PSB) na campanha.

A novela das sete que estreou na segunda, "O Beijo do Vampiro", sofreu mudanças antes de entrar no ar. Um dos personagens centrais da trama, um prefeito, teve de ser substituído por um promotor.

E o autor, Antônio Calmon, afirmou em uma entrevista coletiva que não poderia tratar de política na novela até as eleições.

Ano ideal
A avaliação da Globo é de que este ano eleitoral -com a disputa mais acirrada que em 98- seja ideal para enterrar o prejuízo causado na imagem da emissora pela edição do debate de 89 (em que Collor teve mais espaço que Lula).

Há dois anos, uma pesquisa interna detectou que telespectadores ainda apontavam o episódio -de dez anos atrás- como um ponto negativo da empresa.

Veja também o especial Eleições 2002
 

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