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06/09/2002 - 03h45

Lobista diz que Jader ficou com R$ 8,8 mi da extinta Sudam

MARI TORTATO
da Agência Folha, em Curitiba

O lobista Amauri Cruz dos Santos confirmou, durante depoimento em juízo ontem, em Curitiba, que o ex-senador Jader Barbalho (PMDB-PA) ficou com 20% do total de recursos que a extinta Sudam liberou para o projeto Usimar. Ele teria recebido cerca de R$ 8,8 milhões de "comissão para liberar o projeto.

A "comissão" correspondente à primeira parcela, segundo Santos, que teria chegado a Jader antes de a Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia) ter depositado o dinheiro na conta aberta no Basa (Banco da Amazônia) pelo controlador do projeto, empresário curitibano Teodoro Hübner Filho.

A primeira parcela, de R$ 22,1 milhões, foi liberada em janeiro de 2000. Jader teria recebido os 20% ainda em dezembro, dias depois de o projeto ser aprovado no Conselho Deliberativo da Sudam. O procedimento na segunda liberação, de R$ 22 milhões em abril, teria seguido o mesmo esquema.

Segundo o procurador federal Nazareno Wolff, o acerto prévio estabeleceu a emissão de mais de um cheque, de valores diferentes, que totalizariam os 20%. As primeiras remessas levaram a assinatura do controlador da Usimar, Teodoro Hübner Filho, disse o procurador.

Santos era o responsável pelo despacho dos cheques (via Sedex), de Curitiba para Belém. Os envelopes eram endereçados a Antonio José Costa de Freitas Guimarães, assessor de Jader no Senado e diretor da TV RBA, propriedade do ex-senador.

Guimarães está na lista dos 25 processados pela Justiça Federal do Tocantins, de 26 denunciados pela força-tarefa do Ministério Público Federal em agosto. A relação é encabeçada pelo ex-senador e pelo marido da ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney (PFL), Jorge Murad. A Justiça não acatou a denúncia contra Roseana Sarney.

"O que mais nos interessava foi confirmado no interrogatório de Santos", disse Wolff. O procurador acompanhou os depoimentos de quatro dos oito paranaenses processados por desvios de dinheiro do projeto Usimar. Os réus foram interrogados pela juíza da 1ª Vara Federal Criminal de Curitiba, Anne Karina Amador Costa, cumprindo precatória da Justiça Federal do Tocantins.

Primeiro a depor, o empresário curitibano Teodoro Hübner Filho disse à juíza que cerca de R$ 24 milhões liberados para a fábrica de autopeças do Maranhão foram parar nas contas de sete doleiros e quatro intermediários do projeto.

De um total previsto de R$ 1,3 bilhão, o projeto Usimar recebeu R$ 44,1 milhões da Sudam.

A versão do empresário sobre o volume desviado foi passada pelo advogado de Hübner, João Casillo. Segundo Casillo, o empresário prova ter aplicado no projeto cerca de R$ 20 milhões. O procurador Wolff contesta. Ele estima que os recursos aplicados na fundação da fábrica de São Luís somaram apenas R$ 6 milhões.

O advogado afirma que seu cliente "foi vítima de um golpe" e que está colaborando com a Justiça. A lavagem do dinheiro desviado teria gerado, segundo Casillo, cerca de R$ 530 mil em CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira).
 

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