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08/09/2002
-
19h08
da Agência Folha, em Sandovalina
O fazendeiro Carlos Moreira, seu filho Carlito e três funcionários seus foram presos na tarde de hoje pela Polícia Militar de São Paulo, em Sandovalina (região oeste do Estado), acusados de disparar tiros contra um grupo de sem-terra que estava na fazenda Santa Fé, invadida no sábado por 450 famílias organizadas pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
O clima na região está tenso desde a quinta-feira passada, quando o líder do MST José Rainha Jr. foi preso em Mirante do Paranapanema (oeste de SP), acusado de formação de quadrilha em ações na região. O MST diz que há "perseguição política" na acusação contra Rainha.
No sábado, a passeata do Grito dos Excluídos em Sandovalina foi marcada por protestos contra a prisão de Rainha e culminou com a invasão da fazenda Santa Fé.
O prefeito de Sandovalina, Divaldo Pereira de Oliveira (PMDB), 35, disse ter sido agredido com pedras e paus pelos sem-terra depois de tentar, com uma motoniveladora, impedir que um incêndio se propagasse pela fazenda Santa Fé durante a invasão. O movimento nega.
O ataque de hoje aconteceu entre as 13h20 e 13h35, com cinco homens encapuzados disparando contra sem-terra que estavam armando barracos na fazenda. Equipes de reportagem da Agência Folha e da TV Fronteira testemunharam os disparos.
Segundo a PM, Moreira _filho do agropecuarista Luciano Alberto Moreira, proprietário da fazenda Santa Fé, de 1.320 hectares_ teria confessado que comandou a ação contra os sem-terra.
Apesar do tiroteio, nenhum sem-terra ficou ferido. A PM chegou ao local do conflito momentos depois dos disparos. Duas equipes comandadas pelo subtenente José Otávio da Silva foram impedidas de entrar na fazenda pelo advogado Rubens de Aguiar Filgueiras. Silva acusou Filgueiras _advogado de Luciano Alberto Moreira_ de impedir o trabalho da polícia. "Vai dar tempo para esconder as armas", reclamava o subtenente. Filgueiras afirmou que não tinha as chaves da porteira da fazenda.
Quando policiais militares arrombaram o cadeado e ingressaram na fazenda, outro carro, comandado pelo capitão Renato Ryukiti Sanomia, já havia chegado à sede da fazenda. Ele e sua equipe prenderam Carlos Moreira, seu filho e os três funcionários.
Sanomia disse, no final da tarde, que os cinco ficariam presos na sede da fazenda "em estado de flagrante" até que a Polícia Civil de Sandovalina decidisse "ou pela prisão em flagrante ou por abertura de inquérito". Mas à noite todos foram transferidos para a delegacia de Sandovalina. Em depoimento, os cinco negaram ter participação na ação e fizeram exame residuográfico, cujo resultado deve sair na quarta. O delegado Cassildo Galindo decidiu liberá-los por falta de provas.
Gilmar Mauro, da coordenação nacional do MST, disse hoje que a invasão da fazenda Santa Fé não significa o fim da trégua do MST nas invasões. No início de junho, Mauro e João Paulo Rodrigues, líderes do MST, anunciaram uma trégua nas invasões para poupar o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva.
"A Santa Fé é um caso específico. O Itesp (Instituto de Terras de São Paulo) recebeu R$ 29 milhões do orçamento federal para arrecadar terras, não fez nada até agora e esse dinheiro vai voltar ao orçamento no final do ano", afirmou.
Fazendeiro é acusado de atirar contra MST no Pontal
JOSÉ MASCHIOda Agência Folha, em Sandovalina
O fazendeiro Carlos Moreira, seu filho Carlito e três funcionários seus foram presos na tarde de hoje pela Polícia Militar de São Paulo, em Sandovalina (região oeste do Estado), acusados de disparar tiros contra um grupo de sem-terra que estava na fazenda Santa Fé, invadida no sábado por 450 famílias organizadas pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
O clima na região está tenso desde a quinta-feira passada, quando o líder do MST José Rainha Jr. foi preso em Mirante do Paranapanema (oeste de SP), acusado de formação de quadrilha em ações na região. O MST diz que há "perseguição política" na acusação contra Rainha.
No sábado, a passeata do Grito dos Excluídos em Sandovalina foi marcada por protestos contra a prisão de Rainha e culminou com a invasão da fazenda Santa Fé.
O prefeito de Sandovalina, Divaldo Pereira de Oliveira (PMDB), 35, disse ter sido agredido com pedras e paus pelos sem-terra depois de tentar, com uma motoniveladora, impedir que um incêndio se propagasse pela fazenda Santa Fé durante a invasão. O movimento nega.
O ataque de hoje aconteceu entre as 13h20 e 13h35, com cinco homens encapuzados disparando contra sem-terra que estavam armando barracos na fazenda. Equipes de reportagem da Agência Folha e da TV Fronteira testemunharam os disparos.
Segundo a PM, Moreira _filho do agropecuarista Luciano Alberto Moreira, proprietário da fazenda Santa Fé, de 1.320 hectares_ teria confessado que comandou a ação contra os sem-terra.
Apesar do tiroteio, nenhum sem-terra ficou ferido. A PM chegou ao local do conflito momentos depois dos disparos. Duas equipes comandadas pelo subtenente José Otávio da Silva foram impedidas de entrar na fazenda pelo advogado Rubens de Aguiar Filgueiras. Silva acusou Filgueiras _advogado de Luciano Alberto Moreira_ de impedir o trabalho da polícia. "Vai dar tempo para esconder as armas", reclamava o subtenente. Filgueiras afirmou que não tinha as chaves da porteira da fazenda.
Quando policiais militares arrombaram o cadeado e ingressaram na fazenda, outro carro, comandado pelo capitão Renato Ryukiti Sanomia, já havia chegado à sede da fazenda. Ele e sua equipe prenderam Carlos Moreira, seu filho e os três funcionários.
Sanomia disse, no final da tarde, que os cinco ficariam presos na sede da fazenda "em estado de flagrante" até que a Polícia Civil de Sandovalina decidisse "ou pela prisão em flagrante ou por abertura de inquérito". Mas à noite todos foram transferidos para a delegacia de Sandovalina. Em depoimento, os cinco negaram ter participação na ação e fizeram exame residuográfico, cujo resultado deve sair na quarta. O delegado Cassildo Galindo decidiu liberá-los por falta de provas.
Gilmar Mauro, da coordenação nacional do MST, disse hoje que a invasão da fazenda Santa Fé não significa o fim da trégua do MST nas invasões. No início de junho, Mauro e João Paulo Rodrigues, líderes do MST, anunciaram uma trégua nas invasões para poupar o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva.
"A Santa Fé é um caso específico. O Itesp (Instituto de Terras de São Paulo) recebeu R$ 29 milhões do orçamento federal para arrecadar terras, não fez nada até agora e esse dinheiro vai voltar ao orçamento no final do ano", afirmou.
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