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17/09/2002 - 08h23

Acuado por pesquisas, Serra ataca Lula em programa de rádio

FABIANA FUTEMA
da Folha Online

A munição tucana contra o candidato do PT Luiz Inácio Lula da Silva começou a ser descarregada de forma mais pesada no programa eleitoral de rádio de hoje. A mudança tática da equipe de José Serra (PSDB) foi feita depois de os tucanos identificarem a real possibilidade do petista vencer as eleições presidenciais no primeiro turno.

O medo do PSDB foi reforçado pela reação do mercado financeiro: o dólar fechou cotado ontem a R$ 3,217, alta de 1,8%.

Acuados pelos boatos de uma nova subida de Lula, acompanhada por uma ligeira queda de Serra, que ficaria empatado tecnicamente em segundo lugar com o candidato da Frente Trabalhista, Ciro Gomes (PPS), nas pesquisas de intenção de voto, os marqueteiros tucanos decidiram inverter a estratégia de "debater" para "bater" no PT.

No programa de rádio de Serra desta manhã, os apresentadores fazem comparações entre Lula e o candidato tucano. Contam que os dois candidatos nasceram em famílias pobres, que os dois sofreram com o desemprego: Lula na época das greves do ABC paulista e Serra quando foi obrigado a exilar-se no Chile pelo regime militar.

Mas as comparações favoráveis param por aí. Em seguida, o programa de Serra faz uma série de comparações favoráveis a Serra e negativas para Lula. Em todo o tempo, o programa tentou mostrar que Serra tem mais experiência que Lula para governar o país.

O programa conta que Lula desistiu de ser deputado para desde 1989 disputar sem sucesso as eleições presidenciais. "Enquanto Lula passou todo esse tempo tentando se eleger presidente, Serra se preparou para ser presidente", diz o locutor do programa.

No programa de rádio tucano, os apresentadores contam que em 1989, quando Lula disputava a presidência com Fernando Collor, Serra se elegeu senador. Em 1994, quando concorreu ao cargo com Fernando Henrique Cardoso, Lula condenou o Plano Real, enquanto Serra defendeu a estabilidade da moeda e mais tarde virou ministro do Planejamento na administração do PSDB. No segundo embate com FHC, Serra virou ministro da Saúde, enquanto Lula perdia mais uma vez as eleições.

"Não basta ter boa vontade. Tem que ter preparo e experiência. Compare!", convida o locutor do programa de Serra.

Além de atacar a falta de experiência de Lula, os tucanos tentaram criticar as divergências internas do partido. O mote utilizado foi a polêmica promessa de geração de 10 milhões de empregos _Serra promete criar 8 milhões_, mais tarde negada por Lula. "Não prometi gerar 10 milhões de empregos. Meu programa de governo recomenda que para resolver o problema do país são necessários 10 milhões de empregos", defendeu-se Lula sexta-feira.

O programa de rádio de Serra questionou a negativa de Lula. "Por que Lula está voltando atrás agora? A proposta é dele ou de sua equipe econômica?. O que ele vai fazer se conseguir se eleger?", indaga o locutor.

Os marqueteiros de Serra também deixaram claro que vão acabar com o slogan "Lulinha paz e amor" criado pelo petista, que até agora conseguiu não levar o embate verbal para os programas eleitorais de rádio e TV.

Os tucanos acusam Lula de "usar a língua de aluguel dos outros", referindo-se a Ciro Gomes, para atacar Serra. No programa de rádio, chegaram a afirmar que os petistas tentaram fazer com que Ciro desistisse e renunciasse de sua candidatura. Como Ciro não renunciou e desistiu de bater em Serra, o locutor tucano declara que o PT "não poderá mais desfrutar do Lulinha paz e amor".

Paz e amor

O petista fez um programa de rádio explicando o que é pacto social e como pretende por meio da negociação gerar empregos e manter as vagas já existentes no país. Lula usou como exemplo os acordos de estabilidade no emprego fechados pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC com montadoras _como a Ford e Volkswagen_, que deram garantia de cinco anos no trabalho para os funcionários das fábricas.

Lula fez uma ligeira crítica a promessa de Serra de criar 8 milhões de empregos, relacionando o tucano ao governo FHC, que gerou quase 12 milhões de desempregados. Mas os ataques não foram diretos nem duraram muito tempo.

Ciro Gomes, mais uma vez, colocou sua mulher, a atriz Patrícia Pillar, para fazer campanha para a Frente Trabalhista. Depois de fazer pela primeira vez um comício sozinha em favor do marido ontem, em Porto Alegre (RS), Patrícia declarou no rádio hoje que Ciro é o mais preparado para governar o país. "Ciro, quanto mais a gente conhece, mais a gente gosta", disse a atriz.

Para reverter os arranhões deixados pela declaração de que a função de Patrícia na campanha era "dormir com ele", Ciro utilizou declarações de ex-secretárias de governo de Fortaleza e do Ceará, que elogiaram o "chefe".

No programa de hoje, Ciro foi só "paz, amor e mulher". Não atacou nem Serra nem Lula. Só homenageou as mulheres.

Leia mais no especial Eleições 2002
 

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