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18/09/2002 - 07h43

Após ataques de Serra, PT estuda reação

FÁBIO ZANINI
da Folha de S.Paulo

O recrudescimento das críticas de José Serra (PSDB) ao PT, inclusive com referências negativas à biografia de Luiz Inácio Lula da Silva, fez o partido passar a considerar a possibilidade de responder diretamente ao tucano.

Hoje, o comando de campanha de Lula e a equipe do publicitário Duda Mendonça, de posse de levantamentos internos, deverão fazer uma avaliação da repercussão dos ataques do tucano e decidir como proceder.

A primeira constatação ontem à noite era de que é muito cedo para reagir na mesma moeda a Serra, inclusive porque não se sabe se haverá prejuízo significativo. Polarizar de forma apressada seria cair na armadilha do tucano.

É provável, no entanto, que já amanhã o PT utilize a TV para fazer uma manifestação crítica ao adversário -algo que equivaleria a um "puxão de orelhas", na definição de um dos integrantes da cúpula da campanha. A idéia seria reforçar o papel do tucano nos governos Fernando Henrique Cardoso, chamando a atenção para os índices de desemprego.

O PT quer dar o recado de que está preparado para debater com Serra e que não terá atitude passiva. O desafio é responder sem deixar a agenda petista ser dominada pela do adversário. O caminho ideal seria dar o troco em direitos de resposta que o PT acredita que obterá na Justiça, para preservar o programa de TV de Lula, que seguiria na linha "propositiva".

"Nós não vamos descer ao nível que os tucanos desceram. Está claro que é uma estratégia desesperada, que pode se voltar contra eles próprios", disse o líder do PT na Câmara, João Paulo (SP).

Dentro da estratégia petista, está prevista ainda a formação de um "cinturão" em torno do candidato, que evitará o quanto possível entrar pessoalmente nos revides. No máximo, utilizará da ironia para alfinetar os adversários. "Nunca vou responder a ataques feitos no horário eleitoral", disse Lula em Belém (PA).

Ao mesmo tempo, os petistas não podem simplesmente ignorar o que Serra disser na TV e no rádio, até para não alimentar acusações feitas por Ciro e Garotinho de que estão fugindo do debate.

"Nós vamos continuar defendendo nossas propostas da forma como estamos fazendo. Mas é óbvio que o PT é um partido que sabe se defender", diz o deputado Aloizio Mercadante (SP).

A idéia de reagir com amparo da Justiça, via direito de resposta, daria aos lulistas o argumento de que estão se defendendo legitimamente. Otimistas, os petistas acreditam que o prejuízo dos ataques a Lula será pequeno, porque pesquisas internas mostrariam que 80% da intenção de voto no petista estaria consolidada.

"O Serra na TV vendeu um peixe reconhecidamente podre dizendo que era um peixe bom. Será que isso teve impacto junto ao eleitorado?", disse Luís Favre, da coordenação da campanha de Lula, em referência à proposta de Serra contra o desemprego.

Idoneidade
Fazendo uso da ironia, Lula recomendou ontem a Serra que veja como positiva a investigação feita pelo Ministério Público Federal sobre seu ex-sócio Gregório Preciado, porque poderia ser "boa" para ele. "Se tem indício de prova e tem promotor investigando, a investigação pode ser boa para o Serra, porque vai dar para ele total atestado de idoneidade", disse em entrevista à rádio CBN.

Pela manhã, ao fazer campanha em Teresina (PI), Lula rebateu a insinuação de que a queda da Bolsa de Valores ontem seria decorrência de expectativas quanto a futuras pesquisas. Para Lula, a Bolsa, como instituição, cai porque está fragilizada, não porque ele sobe nas pesquisas. "A Bolsa brasileira chega quase a ser uma piada. Do jeito que a economia está fragilizada, qualquer espirro mais forte que se dê lá fora o dólar sobe e a Bolsa cai."

Em Belém, Lula propôs a criação de um fundo internacional para arrecadar recursos destinados à preservação da Amazônia e defendeu a manutenção de incentivos fiscais na Zona Franca de Manaus. Ele lançou o plano nacional do PT para a Amazônia.

Em comício à noite, voltou a dizer que não responderá a ataques "rasteiros". Sobre a nova pesquisa Ibope, disse: "É melhor matar [as eleições] no primeiro turno".


Veja também o especial Eleições 2002
 

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