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PSDB ameaça punir tucanos "kassabistas" em SP
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CATIA SEABRA
da Folha de S.Paulo
A Executiva Estadual do PSDB decidiu ontem advertir os tucanos para o risco de punição daqueles que declararem apoio a candidatos de outros partidos. O PSDB enviará uma circular a todas as instâncias do partido alertando para o teor do artigo 15º de seu estatuto, segundo o qual manifestações de voto em outra legenda serão submetidas à Comissão de Ética do partido.
A decisão se dá depois de uma semana de declarações de tucanos em favor da candidatura de Gilberto Kassab (DEM) à reeleição. Hoje no primeiro escalão da prefeitura, Walter Feldman (Esportes), Alexandre Schneider (Educação) e Antônio Carlos Malufe (assessoria especial do prefeito) expuseram simpatia pela candidatura de Kassab. Em entrevista à Folha, Schneider chegou a declarar seu voto no prefeito.
Ontem, mesmo dia da publicação da entrevista, a Executiva Estadual decidiu informar o partido sobre a existência do artigo do estatuto, redigido em novembro do ano passado.
Segundo presentes à reunião de ontem, o caso de Schneider não foi formalmente discutido, mas objeto de conversas.
Um dos articuladores da candidatura do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), o deputado Duarte Nogueira diz que o secretário não estaria hoje passível à sanção porque o partido ainda não formalizou decisão sobre a disputa pela prefeitura.
"Por enquanto, só está no campo ético", disse Duarte, segundo quem a manifestação de Malufe, na semana passada, teria levado o tema à pauta da reunião.
No partido, as declarações de Schneider causaram desconforto. "Isso parece a guerra entre palestinos e judeus. Cada vez que os líderes se reúnem para tentar um acordo, alguém solta uma bomba para inviabilizar o entendimento", reagiu o presidente municipal do PSDB, José Henrique Reis Lôbo.
Sempre contido, Alckmin deixou clara sua irritação. Após enfatizar que o partido é amplamente favorável à candidatura própria, disse que espera o respeito dos tucanos ao que chamou de "vontade partidária" e sentimento do partido.
"Sou um democrata. Acho que é bom que discuta, que haja posições que não são as mesmas. Agora, decidido, vai estar todo mundo junto", afirmou ontem, após palestra na Faculdade de Direito Professor Damásio de Jesus, em São Paulo.
Alckmin disse não ter dúvida do apoio do partido a sua candidatura. "Da mesma forma que, se o partido decidir que o caminho é outro, eu vou ajudar. sou homem de partido. Se não, não precisa ter partido".
Alckmin evocou a fidelidade partidária: "Conheço as pessoas que compõem o PSDB. São pessoas que têm fidelidade. Estarão juntas na decisão".
Alckmin admitiu que elabora um programa de governo para a cidade. "Já estamos ajudando a construir um grande programa de governo, numa visão metropolitana", disse Alckmin, antecipando que viajará para Colômbia no mês que vem atrás de "inspiração".
Na semana que vem, seus apoiadores farão um manifesto de apoio à candidatura.
Sobre as manifestações de tucanos, afirmou: "As pessoas têm toda liberdade de expor sua opinião. Se a posição majoritária do partido for essa, nenhum problema. Mas entendo que a vontade do partido é pela candidatura própria".
Na palestra, Alckmin afirmou que, com a fixação de um mínimo de oito deputados por Estado, o Senado "não teria muito benefício político".
Mas citou Ulysses Guimarães para dimensionar as dificuldades de mudança na modelo de representatividade do Congresso. "Dr. Ulysses dizia, citando Goethe: mais difícil que matar o monstro é remover seus destroços".
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