Ala de Patrus ameaça não entregar tese que defende para disputa eleitoral

Descontente com as negociações em torno da aliança PSDB-PT em Belo Horizonte (MG), o grupo do ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) ameaça não entregar hoje ao diretório municipal do PT a tese que defende para a disputa eleitoral na capital. O prazo final é 20h.

Se isso se confirmar, o grupo do ministro renunciará não apenas à possibilidade de a sua tese ser votada, mas também à apresentação dos nomes dos delegados que serão escolhidos no próximo domingo pelos 7.000 filiados do PT na cidade.

São os delegados --indicados por cada grupo--, no total de 402, que terão a tarefa de bater o martelo no dia 6 de abril sobre o papel do PT na eleição de 2008 na capital. Os delegados serão tirados proporcionalmente ao percentual de votação obtido por cada tese apresentada --o que já sinaliza a proposta vitoriosa na votação do dia 6.

Um dos principais interlocutores do ministro Patrus, o deputado estadual petista André Quintão disse que o grupo não quer referendar um processo que não é "legítimo".

"O processo de escolha está tão ruim que a gente não quer legitimá-lo. É muito provável que a nossa tese não seja entregue. Mas não queremos com isso rachar o partido, queremos continuar forçando o diálogo."

Quintão disse que a decisão não estava ainda fechada porque algumas lideranças ainda serão procuradas para opinar. "Mas é praticamente certo. Temos 90% de chances de não entregar a tese", disse o deputado.

Segundo o grupo de Patrus, a tese defendida pelo prefeito Fernando Pimentel e pelo governador Aécio Neves (PSDB) está desde o princípio pronta, sem discussão com o partido e sem discussão com outros partidos que formam a base do governo Lula no Congresso.

A tese do prefeito e do governo é o PT e o PSDB formarem aliança tendo como candidato a prefeito um nome de um partido neutro, o PSB. E o cotado é o secretário de Desenvolvimento Econômico de Aécio, Márcio Lacerda. Para vice, o grupo de Patrus sustenta que o nome do deputado Roberto Carvalho (PT), do grupo do prefeito, já está escolhido --Pimentel nega haver nomes definidos.

"Tudo está caminhado para chancelar a chapa Márcio Lacerda-Roberto Carvalho, ainda que ninguém assuma isso publicamente", afirmou.

A tese que o grupo de Patrus pretendia apresentar era a de uma candidatura própria do PT com aliança com o PSDB. Mas o grupo já admite um nome de um partido da base aliada, para influenciar na escolha.

Patrus e o grupo saíram derrotados de um encontro no fim de semana anterior quando não conseguiram adiar por 15 dias o processo de escolha, sob o argumento de tentar a negociação.