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27/09/2002 - 19h03

Empresários pró-Lula tentam acabar com desconfiança do mercado

FABIANA FUTEMA
da Folha Online

Depois de Eugênio Staub, presidente da Gradiente, uma das maiores empresas do setor eletroeletrônico do país, empresários de vários setores da economia que apóiam a candidatura do petista Luiz Inácio Lula da Silva devem lançar na próxima semana um boletim destinado aos líderes do setor e para toda a comunidade empresarial brasileira.

Com 10 mil exemplares, a publicação trará pontos do programa de governo do PT, o manifesto de apoio empresarial a Lula e declarações de voto.

O objetivo do boletim, segundo coordenadores da campanha de Lula é acabar de vez com a desconfiança do setor empresarial em relação à candidatura petista e acalmar o mercado financeiro.

Embora a própria equipe econômica do presidente Fernando Henrique Cardoso tenha criticado a alta do dólar e a vinculação da oscilação da moeda norte-americana ao avanço da candidatura do PT, representantes do setor financeiro disseram para a Folha Online que ainda receiam as medidas de um eventual governo petista.

Pela terceira vez na semana, o dólar registrou seu fechamento mais alto desde a criação do real: R$ 3,88 para venda e R$ 3,87 para compra.

A moeda norte-americana está agora a 12 centavos ou 3% do até então impensável patamar de R$ 4.

Representantes de bancos norte-americanos disseram para a Folha Online que uma das principais preocupações do setor financeiro é sobre quem comandará o Banco Central num eventual governo petista.

Lula já declarou esta semana que não divulgará nomes antes do final processo eleitoral. A única certeza que o candidato deu é que não manterá Armínio Fraga no comando do BC. Segundo ele, as nomeações de seu governo serão feitas de uma vez só: um pacotaço de ministros.

O coordenador de programas do PT, o economista e professor da PUC-SP, Antonio Prado, disse que todos os dias é procurado por representantes do setor financeiro. "Todos querem saber quem será o próximo ministro da Fazenda e o próximo presidente do BC. Mas não podemos nomear cargos antes de vencer as eleições. E toda nossa preocupação e esforço estão centrados nisso."

Para acalmar o setor empresarial, o PT mostrará empresários que declararam voto para o partido ou confiança na política econômica do PT.

Entre os empresários que mostrarão seu rosto e seu voto nos programas ou no site de Lula estão Ivo Rosset, presidente da Valisère, e Álvaro Colombo, proprietário da Colombo, rede de lojas de roupas masculinas.

Segundo o comitê de campanha do PT, o executivo do Laboratório Aché, Victor Saulys, decidiu votar em Lula assim que recebeu o programa de governo do PT na versão braile. Com uma filha com deficiência visual, para ele este foi o coroamento de um longo processo de reflexão. "Lula representa a esperança", disse,

Ontem, um grupo de empresários se reuniu no para definir a estratégia do partido da reta final do primeiro turno. Além de Saulys estavam presentes na reunião Sergio Haberfeld, da Dixie-Toga, Hélio Cerqueira, da Rede Estapar, Michael Haradom, da Fersol, José Pessoa de Queiroz Bisneto, do Grupo José Pessoa, e Lawrence Pih, do Moinho Pacífico.

Participaram também Oded Grajew, do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, e José Carlos de Almeida, coordenador do Comitê de Empresários Lula Presidente.

Existem empresários que mesmo sem declarar apoio a Lula, confiam no candidato, segundo o PT. Esse seria o caso do presidente da Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo), Horacio Lafer Piva, que teria dito ao PT que confia no Lula, em sua seriedade e no seu comprometimento em honrar os compromissos econômicos assumidos pelo atual governo FHC, como o cumprimento das metas exigidas pelo FMI.

As entrevistas dos que confiam em Lula que não forem veiculadas no programa eleitoral de Lula na TV serão divulgadas no site do candidato na internet. Estão nesta lista empresários como Flávio Rocha, vice-presidente do grupo Guararapes e Paulo Skaf, presidente da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil).

Rocha por exemplo, vota em Ciro Gomes, da Frente Trabalhista, mas disse ao comitê de campanha do PT que confia num eventual governo de Lula.

Entre os pesos-pesados que declararam confiança a Lula estão adversários históricos do PT, como o deputado federal Delfim Netto (PPB-SP) ou figuras polêmicas, como o economista Ibrahim Eris, ex-presidente do Banco Central durante o governo de Fernando Collor.

Investidores internacionais
Para acalmar os ânimos do mercado financeiro, a estratégia do PT será outra. Na segunda-feira, Lula e o candidato do PT ao Senado por São Paulo, o deputado federal Aloizio Mercadante, darão uma entrevista exclusiva para jornalistas internacionais. A imprensa brasileira não participará do evento. O objetivo é mostrar para o mundo que a eventual vitória de Lula não apresenta nenhum risco para os investidores internacionais.

Leia mais no especial Eleições 2002
 

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