Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
30/09/2002 - 16h46

PPS tenta conter crise deflagrada por Brizola na campanha de Ciro

FABIANA FUTEMA
da Folha Online

O PPS começou a articular uma estratégia para contornar o último golpe sofrido por Ciro Gomes: o apoio do presidente do PDT, Leonel Brizola, ao candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. O PDT, de Leonel Brizola, integra a Frente Trabalhista, coligação formada também pelo PPS e PTB, que apóia Ciro. Brizola voltou a falar ontem sobre a possibilidade de a coligação abandonar para apoiar Lula.

A Folha Online apurou que o PPS quer fortalecer suas alianças e pedir reforço no Rio para evitar novas defecções na Frente Trabalhista em favor da candidatura de Lula.

Esse foi o segundo golpe sofrido por Ciro em menos de uma semana no Estado do Rio. Na semana passada, o filósofo Roberto Mangabeira Unger, "guru", amigo pessoal e um dos coordenadores da campanha eleitoral do pepessista procurou o PSB, de Anthony Garotinho, para sugerir a renúncia dos candidatos dos dois partidos em favor de uma coalização de oposição em favor de Lula.

Garotinho, que está tecnicamente empatado em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto ao lado do tucano José Serra, rejeitou a proposta de Mangabeira Unger. O candidato do PSB acredita que tem condições de ir para o segundo turno com Lula.

Sem a adesão do PSB à sua proposta e chamado de "traidor" por integrantes do PPS, como o líder do partido na Câmara, o deputado federal João Herrmann (SP), Mangabeira Unger abandonou a campanha de Ciro e viajou para os Estados Unidos. A expectativa de integrantes da campanha do PT é que o filósofo retorne antes do primeiro turno e a tempo de declarar seu apoio a Lula.

As baixas sofridas na campanha de Ciro foram motivadas pela mesma razão. Tanto Brizola como Mangabeira Unger acreditam que a renúncia de Ciro pode garantir a vitória do petista ainda no primeiro turno, acabando com as chances do candidato do governo, José Serra (PSDB), ir para o segundo turno.

Mas o presidente nacional do PPS, o senador Roberto Freire, disse que não faz o menor sentido pensar em abandonar a campanha na reta final do processo eleitoral. "Ganhar ou perder faz parte do processo democrático. Somos um partido, temos um candidato e uma proposta para o país. Não entramos na disputa para brincar. Vamos até o final, mesmo que o final seja o primeiro turno."

Freire disse à Folha Online que prefere ficar com o Brizola que conhece e com seu passado político em vez de analisar o apoio do presidente do PDT ao candidato do PT. "Não vou analisar qualquer decisão de Brizola. Não tenho problemas com o PT ou com Lula. A Frente Trabalhista foi formada com seriedade. Quero ficar com o Brizola que conheço e não com este outro."

Para fortalecer a campanha de Ciro no Rio, o presidente do diretório regional fluminense, o ex-deputado Sérgio Arouca, do PPS, e sua mulher, a candidata a deputada federal pelo partido, Lúcia Solto, planejaram dar uma coletiva de imprensa para tentar mostrar que o pepessista irá até o fim da campanha eleitoral.

"Queremos dizer que estamos fortes e confiantes e que agora não é o momento de desistir. O momento é de lealdade e de disputa. Estamos convictos de que vamos chegar ao segundo turno", disse Arouca.

Mas os planos de Arouca para fortalecer a campanha de Ciro foram prejudicados pelo crime organizado. Os traficantes ordenaram o fechamento do comércio no Rio, principalmente na zona norte, porque Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, está sem regalias no Batalhão de Choque da PM, no centro da cidade.

"Além de decisões de desistência tomadas de forma unilateral, ainda temos de enfrentar um golpe à democracia, que é o crime organizado agindo para desestabilizar as eleições", disse.

Arouca não conseguiu localizar sua mulher em função da "bagunça instalada" no Rio. "Ela estava num hospital e de repente todo mundo começou a sair correndo porque os traficantes haviam ordenado. Como se pode ordenar alguma coisa de dentro da prisão?"

Reunião secreta
Ciro Gomes chegou hoje à tarde a São Paulo depois de uma passagem pelo Rio. Na capital fluminense, o candidato da Frente Trabalhista teria se reunido com lideranças da coligação local para discutir o rumo da campanha eleitoral, segundo um dos coordenadores da coligação.

Mas a estada de Ciro no Rio foi negada pela assessoria do candidato, que chegou a ligar para a redação da Folha Online para contestar a matéria que informa sobre o encontro entre o pepessista e Garotinho no aeroporto Santos Dumont (RJ).

Segundo a assessoria de Ciro, o encontro ocorreu no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, pois o candidato não esteve hoje no Rio.

Coordenadores da campanha da Frente Trabalhista informaram que a reunião do Rio precisa ser ocultada para não mostrar o enfraquecimento do apoio recebido por Ciro na capital fluminense.

Leia mais no especial Eleições 2002
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade