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01/10/2002 - 08h07

Petistas fazem elogios e críticas a Cuba

PLÍNIO FRAGA
da Folha de S.Paulo

Preocupado com a imagem externa de seu candidato à Presidência, o PT tentou ontem minimizar a importância das relações de Luiz Inácio Lula da Silva com o ditador cubano Fidel Castro e o presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Coube ao presidente do PT, José Dirceu, a defesa mais clara de Cuba, onde morou entre 1968 e 1971, após ter sido banido do Brasil pelo regime militar.

"Evidentemente, nós não cuspimos no prato em que comemos. Eu sou solidário ao povo cubano e defendo a autodeterminação de Cuba, como o PT defende, e o fim das medidas que têm sido adotadas contra a economia de Cuba, como nos próprios EUA hoje uma parcela importante da opinião pública defende", declarou, em entrevista a 80 correspondentes estrangeiros.

Lula disse que há "preconceito" entre aqueles que criticam as relações que mantém com Cuba e Venezuela. "Não temos de estar preocupados com que os outros pensam das nossas relações. Cada país tem de estabelecer sua estratégia de política de comércio exterior e fazer com a maior lisura possível e com a maior publicidade possível. Não temos o que esconder nas nossas relações internacionais", afirmou Lula.

Quando um repórter perguntou que experiência de Cuba poderia trazer para o Brasil, o petista respondeu: "Nós também queremos saber", disse, provocando risos entre os jornalistas presentes.

Lula elogia e mantém relações pessoais com Chávez, a quem visitou em dezembro do ano passado, e Fidel, com quem se encontrou em Cuba em novembro de 2001. Mas não quer associar seu projeto político ao deles, tentando demonstrar que tem relação semelhante com líderes de outros países. "Não temos preferência nas relações internacionais. Queremos manter relações com todos os países do mundo. As mais diplomáticas possíveis. Vale para Cuba, Venezuela, França, El Salvador, Chile, Peru, Guatemala. Vamos fazer alianças pensando nos interesses do Brasil e na democratização do mundo", disse.

Coube a Dirceu apontar divergências com o regime cubano.

"[Cuba tem] uma estrutura política que não é a que nós defendemos. Não é a que o PT construiu aqui no Brasil. Temos posição clara sobre isso. O Lula tem, nós todos temos. Nascemos lutando pela liberdade sindical, pelo direito de greve, pela liberdade de organização partidária, pelas eleições diretas, pela liberdade de imprensa e continuamos com a mesma opinião. Agora cada povo tem que resolver seus problemas de maneira democrática."

Instado por um jornalista, Dirceu comentou o período em que viveu em Cuba. "Não tenho vergonha dos anos em que vivi lá. Pelo contrário. Tenho boas lembranças. Obtive a solidariedade e o apoio do povo cubano."

O PT mudou sua forma de defesa de Cuba. Em 1984, aprovou documento em que pregava prioridade na relação com o país. Já em manifesto de 1991 o partido defendia "reformas democráticas" naquele país.

Na sua viagem a Cuba em 2000, Lula disse que Fidel era um "exemplo de ética". No ano seguinte, fez sua crítica mais direta ao regime. "Não acredito em socialismo com partido único, com falta de liberdade de organização sindical e também não acredito em modelo político em que o Estado seja tutor da sociedade."

Veja também o especial Eleições 2002
 

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