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01/10/2002 - 09h44

Para Lula, Armínio Fraga não dá conta do recado

FÁBIO VICTOR
da Folha de S.Paulo

Ontem, horas depois de o dólar raspar na casa dos R$ 4, o presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que, num eventual governo seu, vai substituir Armínio Fraga porque o atual presidente do Banco Central "não está dando conta do recado".

A declaração foi feita para uma platéia formada por 86 correspondentes de veículos de comunicação estrangeiros, que realizaram entrevista coletiva com Lula num hotel paulistano.

"É muito desagradável ficar falando de pessoas. Não tenho nada de pessoal contra o Armínio Fraga. Todas as vezes que o vi na televisão, achei que era um técnico competente, que tratava os números bem. Mas o dado concreto é que ele também não está dando conta do recado", disse Lula, ao ser questionado se havia chance de Armínio ser mantido no cargo.

O petista disse que, em caso de vitória, não irá "indicar ministro por pressão de mercado, mas em função das necessidades que o PT vê para os interesses do Brasil".

De acordo com Lula, o sucessor de Armínio deve ser "alguém que conheça as sutilezas do mercado, mas que também conheça a sutileza da fome, do desemprego. Se conhecer os dois lados, o coração do presidente do Banco Central vai balançar toda vez que ele tiver de tomar uma decisão".

O presidenciável petista criticou os especuladores e considerou reducionista a definição que a mídia faz do mercado.

"Eu sou mercado. Ou não sou? Ninguém me ouve para nada. O José Alencar [seu candidato a vice] é mercado. Ou a empresa dele não faz parte desse mercado? Ele não é ouvido. Quando falam de mercado, vocês falam de uma Bolsa de Valores de São Paulo que tem apenas 400 empresas movimentando recursos e de alguns bancos que querem sugar dinheiro de uma única vez", afirmou.

"Vamos falar do mercado financeiro mas também do produtivo, dos consumidores, para poder se ter uma noção maior desse famoso mercado, que alguns tratam como Deus. O dia em que plantar tomate for mais rentável que comprar títulos do governo, esse mercado de que vocês falam terá menos poder."

Questionado sobre quem era o responsável pelo "terrorismo econômico" que teria levado o dólar ao patamar atual, Lula disse: "Se eu soubesse, mandava prender".

O petista minimizou a responsabilidade do governo FHC na desvalorização do real, atribuindo a crise a "fatores externos" e, ao atacar os especuladores, elogiou o presidente. "A insensatez desses especuladores não tem limite. Vi um discurso do FHC que eu assinaria embaixo, sobre a falta de responsabilidade de alguns no trato de questões tão sérias."

Mas, questionado se um governo seu daria o calote na dívida externa, parou com os afagos. "A única possibilidade que o Brasil tem de ter um calote é continuar esta política econômica. Não seria nem calote, seria a falência."

Lula citou a carta divulgada em junho pelo PT na qual o partido promete honrar dívidas.

O candidato disse que o atual governo não acalma a turbulência no mercado por estar na reta final. "Ninguém aposta muito em quem está saindo. Prefere governar com os que estão entrando."

Alca e Mercosul
Crítico da posição dos EUA na Alca, Lula usou o país como exemplo ao defender uma política mais agressiva de comércio exterior ("eles são intransigentes na defesa dos seus interesses") e disse que seu governo estreitaria as relações com o daquele país.

Ao enfatizar a necessidade de investimentos no setor produtivo, atacou a gestão FHC. "Você não verá um governo chorando na TV, reclamando dos EUA, da França, da Inglaterra e se colocando como coitadinho."

Lula defendeu ainda a ampliação do Mercosul. Foi a segunda entrevista do candidato à imprensa estrangeira na campanha.

O Tribunal Superior Eleitoral deu ontem à noite ao petista direito de resposta de 1 minuto no horário eleitoral gratuito de José Serra (PSDB) devido à propaganda tucana que comenta a exigência de diploma de curso superior para concurso de fiscal de rua realizado pela Prefeitura de São Paulo.

 

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